Casais encontram dificuldades para adotar crianças portadoras de HIV

Casais encontram dificuldades para adotar crianças portadoras de HIV

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:41

Uma mulher que luta pela adoção de quatro crianças portadoras do vírus HIV criou, em Curitiba, o Movimento Nacional de Crianças Inadotáveis. As crianças são consideradas “inadotáveis” porque não entram na lista de adoções.

“Estamos nessa luta, porque é uma adoção tardia, de crianças com quatro, com oito, com 10 e com 13 anos de idade, que nós acabamos desistindo porque nós não somos recebidos pelo Poder Judiciário”, justificou a fundadora, Aristeia Rau. Para ela, “não é possível que não se tenha uma solução, mesmo com casais querendo crianças especiais”.

A juíza responsável pela Segunda Vara da Infância de Curitiba, Maria Lucia Espíndola, afirmou por e-mail que não há diferença no procedimento de adoção entre crianças sem e com problemas de saúde. Ela também informou que são raros os interessados em adotar crianças com HIV, e que todas que não têm mais vínculo com as famílias estão disponíveis para ser adotadas.

Dificuldades na adoção

Apesar das declarações da juíza, a realidade é que casais interessados encontram dificuldades para adotar crianças portadoras do vírus. Emerson e Jeane de Oliveira são pais adotivos de duas crianças, uma delas tem o vírus HIV, e a outra está sob a guarda provisória do casal há três anos. A criança era filha de pais com Aids, mas a presença do vírus não se confirmou após os exames.

“Nós demos entrada em um processo na época, de duas crianças da mesma idade, independente se eles fossem portadores ou não. E aí, passados alguns meses, foi visto que não eram portadores. Depois de um ano e 17 dias, um deles foi adotado por um casal que não conhecia a casa. E o outro meu filho passou mais alguns meses ainda aqui, para daí vir para nós com um ano e oito meses”, contou Jeane.

Associação

A Associação Paranaense de Apoio Alegria de Viver (APAV) abriga 19 crianças portadoras do vírus da Aids há 18 anos. Algumas delas chegaram à instituição com dois anos de idade e lá permanecem até hoje. “Não é só porque temo o vírus do HIV que temos que ser excluídos da sociedade, não é bem assim que tem que ser né, mas nem todo mundo vê pelo nosso lado”, afirmou Karel de Souza, de 20 anos.     Para a presidente da APAV, Maria Rita Teixeira, o processo de adoção deveria funcionar melhor, já que as crianças precisam ser adotadas ainda pequenas. “A formação se dá na infância, enquanto eles são pequenos, então nós não podemos perder tempo, porque eles crescem muito rápido. As crianças que chegaram aqui com dois anos já estão com 20 anos. Eu faço um apelo ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, por favor, agilizem essas adoções”, pediu Maria.          

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