TEOPSICOLOGIA temor x amor

TEOPSICOLOGIA temor x amor

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

TEOPSICOLOGIA temor x amor

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! (Rm 8.15)

Uma característica muito comum enraizada nos crentes que vêm à terapia é uma espécie de "medo de Deus". Todos sabem repetir o refrão de que "Deus nos ama", mas o medo transparece claramente em atitudes como: a preocupação com saber o que é certo e o que é errado; o medo de "perder a salvação"; o medo de não ser arrebatado, se Jesus voltar de repente; o sentimento de culpa - de insuficiência perante Deus - reforçado domingo após domingo na maioria dos sermões; as dúvidas atrozes sobre os imperdoáveis "pecado para a morte" e a "blasfêmia contra o Espírito"; e a grande importância que se dá em "descobrir qual é a vontade de Deus".

Na verdade, parece que nossa fé é mais ou menos assim: Deus nos aceitou como somos e perdoou todos os pecados do nosso passado, até o dia em que "aceitamos a Cristo". Daí para a frente, temos de tomar cuidado com a nossa vida, como se fôssemos equilibristas sobre a corda bamba, onde qualquer escorregão será o fim (ou pelo menos um estrago muito grande).

Esse medo de pecar, que traz embutido um medo de Deus, é exatamente o contrário do que Jesus queria quando disse: "deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". Há vários outros textos absolutamente claros a esse respeito, mas este citado no cabeçalho utiliza uma figura muito forte e clara: o medo é atitude de escravo (aliás, para o escravo era bom mesmo ter medo de seu senhor, posto que sua vida dependia de não desagradá-lo).

Deus está deixando claro que, diferentemente do Velho Testamento - onde seu povo não tinha o Espírito Santo, mas apenas uma lista de Leis cuja obediência trazia bênção e a desobediência, maldição - agora não somos mais servos, mas fomos adotados como filhos. E pai (e mãe) nenhum quer que seus filhos tenham medo dele; queremos que nossos filhos nos amem, e se sintam seguros de nosso amor. Pois Deus da mesma forma: o Espírito Santo enviado para nossos corações busca desenvolver essa convicção interna de "pertencimento", de filiação, que nos faz gritar: Papai! paiêêê!, painho!, mesmo quando fizemos alguma coisa errada. Sabemos que não seremos mortos, nem expulsos da família; no máximo, repreendidos e abraçados.

Aí sim dá para viver em paz, a paz dos justificados exclusivamente pela graça, por meio da fé, por dom de Deus Pai. Aí aquela obediência que nossos zelosos líderes tanto querem passa a existir, como fruto de amor e não de medo; e o amor vai crescendo e "lançando fora todo o medo"(IJo 4). Não é para menos que a Bíblia diz que é "a quem dá com alegria que Deus ama".

Karl Heinz Keple r é pastor, psicólogo clínico, editor de revista e atual presidente do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos - www.cppc.org.br )

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