Famílias Descartáveis

A sociedade da qual fazemos parte, a cada dia desenvolve situações e doenças das quais não consegue resolver ou gasta rios de dinheiro para demonstrar que tudo está sob controle, quando sabemos que tudo está fora de controle (gripe suína).

Principalmente na pequena sociedade, ou primeira sociedade chamada família, temos visto com o passar dos anos que ela se deteriora, está sendo dinamitada e o que ouço é uma modernização na maneira de viver.

A família está sofrendo com o despreparo emocional, com os divórcios, com a infidelidade, com a falta de saber o que fazer com os relacionamentos marido e mulher, pais e filhos.

Nossa sociedade tem formado casamentos descartáveis e por consequência famílias descartáveis, que usamos só quando está tudo bem, na iminência do primeiro problema nos desestruturamos e jogamos pela janela ou na lata do lixo nossos relacionamentos.

Hoje filhos estão matando os pais, pais abandonam seus filhos, acabou a autoridade. Acho que os direitos humanos deveriam começar com as famílias, pois o divórcio e os desastres nos relacionamentos são crimes à vida emocional.

Zygmunt Bauman, em seu livro "Vida Líquida", faz uma releitura da sociedade, a qual ele chama de "Sociedade Líquida Moderna". Nessa maneira de ver a vida, o autor explica que essa sociedade, na qual seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, e nas formas de agir, não existem posses permanentes, porque em um piscar de olhos, os ativos viram passivos, e as capacidades em incapacidades.

A insegurança e a insatisfação são marcas das famílias descartáveis que sempre estão mudando, buscando algo para preencher seus vazios emocionais e espirituais, posso exemplificar com a compulsividade pelas compras, que tem uma durabilidade até sair a nova roupa ou creme da moda. Os cosméticos são um dos maiores movimentadores da economia, o ser humano não pode envelhecer, a aparência é o que conta.

Existe um crescimento de clínicas de estética como nunca antes, em alguns lugares a maior clientela são de homens, sem contar com o culto ao corpo dentro das academias.

Todos tem se preocupado com o corpo e a grande proposta e investimento é no "ter" por isso temos tantas pessoas desestruturadas emocionalmente. Um professor universitário falando sobre as famílias disse: "Antes o ser humano tinha preocupações no ser, a palavra tinha peso, depois veio a era do ter, e hoje as pessoas nem tem nem são".

As palavras mais usadas em nosso tempo são: esquecer, apagar, desistir e substituir. Ninguém mais quer ir até o fim, começam muitas coisas, mas não terminam nenhuma delas.

Diante dessa perspectiva descartável, talvez você leitor se pergunte aonde vai parar isso, essa é a mesma pergunta que eu tenho feito e o pior é que as novas gerações têm aprendido a mesma indiferença.

Minha proposta é: vamos valorizar as pessoas e os relacionamentos mais do que valorizamos as coisas que nos levam a compulsividade, vamos retornar para a obediência da palavra de Deus e colocar nossas famílias no altar de Deus.

Ainda acredito na prevenção, então precisamos como líderes investir nos relacionamentos, principalmente, ou começando, nos noivados. Preparando pessoas para terem um relacionamento mais duradouro e comprometido, com Deus e com seu cônjuge, creio que com essas iniciativas teremos uma mudança de famílias descartáveis para famílias fortalecidas, duradouras, que vão influenciar as novas gerações.

Quero terminar esse texto usando uma frase que pode mudar nossa realidade de vida:

"Famílias fortes sociedade, igrejas e indivíduos fortes".

Bispo Dr. Luiz Henrique de Paula

Luiz Henrique de Paula é pastor, doutor em aconselhamento e cuidado de família . Presidente do "Conselho Metropolitano de Pastores e Ministros da Baixada Santista", psicanalista clínico, terapeuta de família e comunitário. Luiz Henrique é também conferencista na área da família e colunista da revista "Lar Cristão". Autor dos livros: "Quem manda na família Hoje". "Manual de Discipulado" e "Manual para a Família". Apresentador do programa de TV Família um Projeto de Deus  Casado com Jocilaine Amaral Machado de Paula, com quem três filhos: Letícia, Larissa e Luiz Daniel.

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