Texto bíblico: Gn 21:8-21
INTRODUÇÃO: O sermão desta manhã é a continuação da série Vidas que ensinam santidade. Algumas personagens bíblicas já foram estudadas nesta série, dentre estas: Ana (mãe de Samuel), Daniel, Davi, José (pai de Jesus), Rute e Ana, a profetisa. Hoje, através da situação vivida por Agar e Ismael, vamos tratar do assunto Lidando com o desprezo, com base no relato de Gn 21:8-21. O importante é sabermos, já de antemão, que, mais do que apresentar princípios para lidarmos positivamente com o desprezo, que aqui significa desvalorização do ser humano, nossa reflexão de hoje sobre esse texto nos levará a crescer em santidade, porque nos trará conhecimento de Deus.
Os versículos 14-21 do nosso texto-base apresentam uma cena caótica: uma escrava e seu filho são expulsos da casa dos seus senhores e passam a perambular pelo deserto, sem garantia alguma de sobrevivência. Ela fora mandada embora sem nenhuma recompensa pelos anos de serviço prestado a sua senhora; o moço teve de deixar a casa de seu pai riquíssimo com nada mais que pão e água. A situação foi tão extrema que a única saída parecia ser esperarem a morte. O que duas pessoas sedentas e famintas poderiam fazer num deserto, a não ser chorar? Mas é aí que vemos o agir direto de Deus em seu favor. Assim, a partir da ação divina em relação a Agar e seu filho, gostaríamos de apresentar a você que tem enfrentado o desprezo três princípios que fortalecerão sua confiança no Senhor e o ajudarão a crescer em santidade, enquanto lida com essa situação. O primeiro deles é:
I. AO LIDAR COM O DESPREZO, LEMBRE-SE DA PRESENÇA DE DEUS
Talvez a maioria, aqui, já tenha ouvido ou lido, alguma vez, a respeito do envolvimento de Agar na vida de Abraão e Sara. Estes eram idosos e não tinham filhos. Mas Deus havia prometido a Abraão um herdeiro (Gn 15:3-5). Acontece que o tempo passava e o filho não vinha. Sara, ansiosa por ser mãe, tomou a iniciativa de propor a seu marido que tivesse um filho com a escrava dela, Agar. Abraão aceitou a proposta, e, assim, nasceu Ismael (Gn 16:1-4, 15). Mas, no tempo devido, Deus cumpriu a promessa de dar a Abraão e Sara o filho que eles tanto queriam. Nasceu, então, Isaque (Gn 21:1-3).
O nosso texto base diz que, quando Isaque foi desmamado, seu pai deu um grande banquete para comemorar o acontecimento (Gn 21:8). Nesse banquete, ocorreu um evento desagradável: Sara se ressentiu de certa atitude de Ismael em relação a Isaque. Talvez se tratasse de uma brincadeira ou de uma zombaria. O texto diz que ela pediu a Abraão que expulsasse Agar e Ismael de casa, pois não queria que o garoto fosse herdeiro com Isaque. O autor conta que Abraão, mesmo triste por causa de Ismael, despediu, na manhã seguinte, este e sua mãe. Os dois andaram sem rumo pelo deserto de Berseba (Gn 21:11-14).
É no deserto que Agar prova o cuidado de Deus, exatamente quando não havia mais perspectiva alguma de sobrevivência para ela e seu filho, de acordo com os versículos 15-16. No versículo 17, nós lemos: Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está. Observe o verbo ouvir usado duas vezes nesse versículo. Não se trata, aqui, apenas de percepção auditiva, mas de dedicação, de atenção voltada para alguém. Foi assim que Deus se mostrou a Agar: dedicado e atencioso. Ele a encorajou, dizendo: Não temas. A razão por que ela não precisava temer era a presença do Deus que ouve, que ama primeiro e vai ao encontro do ser humano, onde quer que esteja. Foi essa mensagem que o Anjo de Deus levou a Agar, no deserto, quando disse: Deus ouviu a voz do menino, daí onde está.
No momento em que parecia não haver ninguém atento ao que se passava naquele lugar, Agar ouviu aquele que ouve e vê todas as coisas. Não era qualquer pessoa que falava com ela, mas aquele que habita nas alturas. O texto diz que ele a chamou do céu. No Salmo 113, também lemos: Não há ninguém como o Senhor, nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas, mas se inclina para ver o que há no céu e na terra. Ele livra da humilhação os pobres e tira da miséria os necessitados (vv. 5-7). É assim que Deus lida com os desprezados: ouvindo-os, onde quer que estejam; mostrando-se atento ao que se passa com eles.
Por amar demais o ser humano, Deus detesta vê-lo desvalorizado. Sendo assim, não lhe agrada nem um pouco que pessoas sejam tratadas como objetos e sejam expostas à humilhação. Ele nos tem por alvos da sua atenção constante, mesmo sem sermos úteis, atraentes, carismáticos, ricos ou qualificados aos olhos humanos. Esse amor foi demonstrado claramente na atenção que Jesus dispensou às pessoas desvalorizadas pela sociedade. Os evangelhos nos dizem que ele se encheu de íntima compaixão (Mt 20:34; Lc 7:13), quando as encontrou. Portanto, a presença constante do Senhor conosco é a maior garantia do seu amor e do valor que ele nos dá. Lembre disso sempre, e especialmente quando for alvo de desprezo.
Ao mostrar a atuação direta de Deus em favor daqueles dois moribundos, o texto não apenas nos ensina a lembrar da presença de Deus.
Jailton Sousa é missionário da Igreja Adventista da Promessa. Também atua no Departamento de Educação Cristã (DEC) da Igreja Adventista da Promessa, em São Paulo-SP, e colabora com artigos para o site da FUMAP (Federação das Uniões da Mocidade Adventista da Promessa).
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