Reinado Azevedo, colunista da Veja online voltou a escrever sobre a polêmica que envolve Marco Feliciano e os ativistas gays.
Dessa vez a abordagem é a apresentação criminal que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) faz contra Marco Feliciano e até contra o pastor Silas Malafaia.
Em suas palavras, Azevedo lembra que o 'vitimismo' de Wyllys vem desde sua época no BBB e critica a imprensa brasileira. Confira alguns trechos do artigo:
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) tem a mania de tratar como inimigas as pessoas que discordam dele. Pior: parece achar que a homofobia é a única razão que leva a essa discordância. É um sestro que carrega lá do BBB. Quando foi indicado para o paredão, Pedro Bial quis saber por que, na sua opinião, fora o mais votado. Ele mandou bala: “Vai ver é porque eu sou gay”. Ali nascia o seu vitimismo agressivo e triunfante. Como os demais participantes não eram gays, não podiam usar essa condição a seu favor. O que diriam, afinal: “Fui indicado porque sou louro”, “fui indicada porque sou mulher”, “fui indicado porque sou morena”, “fui indicado porque sou hétero”? Wyllys acabou levando a bolada. Agora deputado, em companhia de dois outros colegas, os petistas Érika Kokay (DF) e Domingos Dutra (MA), Wyllys fez uma coisa feia: resolveu apelar à Procuradoria-Geral da República para criminalizar seus adversários políticos ou intelectuais. E ainda diz que o faz em nome da liberdade. Um dos alvos, claro!, é o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Outro é o pastor Silas Malafaia — nesse caso, então, a coisa vai além das franjas do absurdo.
A representação criminal contra um grupo de pessoas, que inclui Feliciano e Malafaia, está na página do próprio deputado do PSOL. A íntegra está aqui. Há uma penca de acusações: difamação, calúnia, falsificação de documentos, formação de quadrilha, falsidade ideológica e improbidade administrativa. As acusações são muitas porque eles querem transformar uma penca de pessoas em rés. Deve ser uma das peças mais absurdas em que pus os olhos nos últimos tempos. Fica óbvio que Wyllys e os demais deputados se querem acima das críticas. O parlamentar do PSOL parece achar razoável sair por aí acusando os desafetos de racistas, homofóbicos, fundamentalistas etc., mas se zanga quando eles reagem.
Chega a ser uma piada que Wyllys processe Feliciano, dizendo-se perseguido. Ora, quem é que lidera a campanha nacional contra o presidente da comissão? Incluir Malafaia na peça acusatória é a evidência escancarada de má-fé. Ele não é político, não está na comissão — é, apenas, alguém com o direito a uma opinião. Mas com direito à SUA opinião, não a de um falso perfil.
Espero que a mesma imprensa que está endossando esse espetáculo de intolerância não venha a pagar caro por sua estupidez. Está confundindo o direito à divergência e ao protesto — e as praças estão aí para isso — com a “boa censura”, como se isso fosse possível.
Não queremos ser tutelados pelo estado, certo? E creio haver um razoável consenso nisso (os petistas discordam, desde que eles sejam o estado, claro!). Cumpre indagar se a tutela exercida por minorias — ou maiorias — organizadas é legítima. Para alguém que se orienta segundo os critérios da democracia política, a resposta é uma só: NÃO!
A imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, vive um momento vergonhoso. Entende, de modo estúpido, que a única censura que se deve repudiar é a legal. Se um dia lhe ocorrer de escarafunchar a biblioteca, verá que há outra tão ou mais perversa: aquela que pretende censurar mais do que a liberdade de expressão; pretende impedir o próprio exercício do pensamento em nome de valores supostamente infensos a quaisquer questionamentos.
Resta-nos aguardar agora o “controle social da piada”. Os humoristas podem começar a treinar as piadas construtivas. Nessa toada, a liberdade, especialmente na Internet, está com os dias contados. Se acham que o cristianismo, que eles adoram esculhambar — e o fazem, felizmente, sem qualquer censura —, é uma religião problemática, é porque não conhecem o laicismo controlado por alguns fanáticos.