‘Adolescência’ da Netflix pode incentivar pais a ajudarem filhos nos desafios emocionais

O suposto crime cometido por um adolescente leva os pais, um detetive e uma terapeuta a buscar respostas e, às vezes, culpados.

Fonte: Guiame, Adriana BernardoAtualizado: quinta-feira, 27 de março de 2025 às 19:20
Cena de 'Adolescência'. (Foto: Divulgação/Netflix)
Cena de 'Adolescência'. (Foto: Divulgação/Netflix)

Eu assisti, em uma tarde que avançou para a noite, a minissérie – em quatro partes – que tem como foco o jovem de 13 anos, Jamie Miller (interpretado por Owen Cooper), acusado de ter assassinado uma colega de escola da mesma idade. Este artigo não contém spoilers, trazendo apenas as informações presentes na sinopse oficial fornecida pela Netflix.

“Adolescência” expõe antigas dores relacionadas à busca por identidade e pertencimento, algo comum a todos os seres humanos. No entanto, nessa fase da vida, essas questões se manifestam de forma avassaladora, gerando comportamentos que podem parecer irreconhecíveis em pessoas que acreditamos conhecer bem, como nossos filhos e os jovens com quem convivemos de perto.

Sua família – composta pelos pais e uma irmã – fica aterrorizada quando policiais invadem a casa à procura do rapaz, evidenciando sua crença na inocência dele. Ao longo da narrativa, tanto a família quanto a terapeuta que o atende e o investigador responsável pelo caso se questionam sobre o que realmente ocorreu.

A história tem gerado discussões sobre "misoginia", definida como ódio, aversão ou preconceito contra as mulheres, e "incel", termo que abrevia "involuntary celibate" (celibatário involuntário, em português). Este último se refere a uma subcultura composta majoritariamente por homens que enfrentam dificuldades em estabelecer relacionamentos amorosos ou sexuais, frequentemente devido à percepção de exclusão social ou falta de atratividade.

Seriam essas atitudes manifestadas desde cedo na vida de uma pessoa? Para muitos, a resposta é sim, já que a exposição online é uma porta para estimular comportamentos que reforçam preconceitos e promovem visões distorcidas sobre papéis de gênero e relações interpessoais. Desde a infância, conteúdos tóxicos ou influências de comunidades online podem moldar crenças e atitudes, criando um terreno fértil para que ideias misóginas ou exclusões sociais ganhem espaço na formação de jovens em desenvolvimento.

Essas experiências digitais, quando não mediadas, podem fomentar a normalização de comportamentos prejudiciais, perpetuando ciclos de exclusão e hostilidade. Frequentemente associadas a fóruns e comunidades online, essas subculturas são caracterizadas por uma ideologia de ressentimento, especialmente direcionada às mulheres e à sociedade.

Para muitos, os incels percebem o celibato involuntário não como uma escolha pessoal, mas como uma condição imposta, o que resulta em sentimentos profundos de frustração, raiva e até hostilidade, como apresentados pelo protagonista de "Adolescência".

Nesse sentido, a trama britânica, que aborda as questões da identidade, da sexualidade e da busca por aceitação, é uma boa oportunidade para os pais observarem seus filhos e discutirem de forma aberta comportamentos e desafios emocionais.

A minissérie também estimula uma reflexão sobre como os adolescentes, em sua busca por aceitação, frequentemente se perdem e como suas interações digitais – realizadas no espaço privado de seus próprios quartos – podem moldar suas percepções sobre si mesmos e o mundo ao seu redor. Vale pensar a respeito. E agir, quando necessário.

Assista ao trailer:

 

Adriana Bernardo (@adrianammbernardo) é jornalista, escritora e idealizadora do grupo feminino cristão “Amigas de Deus”.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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