Já está virando uma rotina repetitiva dizer que existe, na sociedade atual, uma inversão de valores. Atualmente o bem anda tão esquecido e distante que o avanço da maldade tem sido notado e cada vez mais tolerado entre todos. O mal parece não causar mais tanto espanto. Como resultado, as pessoas têm considerado o errado como certo, bem como o contrário.
Desde que o mundo existe, vivemos sob o governo da segunda lei da Termodinâmica, uma lei da física que aponta o fato de que qualquer sistema, se deixado por conta própria, tende a se desordenar. É o que a física chama de entropia. A Lei de Murphy é uma maneira de explicar essa relação, aplicando na realidade a ideia de que o que pode dar errado, tem a possibilidade de dar errado.
Antes de mais nada, é interessante perceber que, sempre que o homem é deixado sozinho, por sua conta, ele tende a tomar decisões ruins. Na Bíblia temos alguns exemplos disso.
Antes que pudesse pesar suas ações, Saul buscou aprovação de Samuel para o sacrifício que tinha oferecido, mesmo tendo desobedecido a ordem divina para aguardar o profeta (I Sm 15:13). Depois disso, um tempo mais tarde, um soldado amalequita buscou gratidão da parte do Rei Davi por ter matado Saul, até então ungido de Deus (2 Sm 1:1-16). Anos depois, Ananias e Safira esperavam reconhecimento e exaltação da igreja primitiva pela excelente oferta que haviam dado, mas tinham mentido descaradamente (Atos 5:1-11). O resultado: todos se enganaram e receberam punição por suas ações.
Todos os fatos, juntos, apontam numa simples e clara direção: o bem não precisa assumir a aparência do mal. Saul aprendeu isso. Ananias e Safira descobriram, e nós também precisamos, constantemente, nos lembrar disso para não sofrermos as consequências em nossa vida.
Não é raro nos depararmos com situações nas quais enfrentamos as mesmas tentações de relativizarmos as definições de bem e de mal, tolerando ou realizando coisas que Deus declara perversas.
Infelizmente, como resultado dessa inversão de valores, que já está impregnada na sociedade, a ética, a moral e a noção de ser humano se perdem no conceito de certo e errado. Do mesmo modo, é triste constatar que ninguém mais faz as perguntas mais básicas para tentar discernir o certo do errado.
Seja como for, o fato é que quando o homem inverte seus valores, todo o resultado de suas ações termina com o resultado inverso. Dessa forma, acabamos comprometendo nossa saúde mental. O problema é que essa projeção sai do indivíduo e salta para o coletivo.
Ou seja, se um indivíduo inverte seus valores aqui, outro inverte ali, e mais outro lá, consequentemente a comunidade começa a experimentar essa inversão. A partir daí, o efeito cascata vai gerando consequências em todas as esferas, criando uma ilusão de normalidade.
Por exemplo, isso acontece quando um grupo resolve protestar por algum motivo e ateia fogo num ônibus. Quase todos ali precisam do ônibus para trabalhar, mas num arroubo de selvageria, tocam fogo no transporte. O resultado: no outro dia reclamam porque vão ter que esperar mais tempo para ir trabalhar.
Entendeu a pegadinha. Nós sabotamos nossa própria vida. Quem mais perde com isso? Nós, como um todo, já que quem paga a conta sempre vai ser a sociedade.
O perigo de relativizar nossos valores é exatamente esse: acabamos sabotando nosso futuro e as possibilidades de melhorarmos na vida. Precisamos realinhar os valores para que possamos viver melhor. Assim, vamos ser agraciados com o que a vida tem de mais agradável.
Alisson Magalhães é Ministro Ordenado na Igreja do Nazareno, formado em Teologia pela Faculdade Nazarena do Brasil, professor de Teologia em cadeiras teológicas, pastorais e na área de música e adoração. Autor do livro Cristianismo 4.0 - Desafios para a comunicação cristã no século XXI, à venda pela Book Up Publicações. Atualmente serve com sua esposa, Elaine, como Pastor na Igreja do Nazareno em Otacílio Costa, na Serra Catarinense, onde também atua como jornalista e Secretário de Administração e Comunicação Institucional na Prefeitura de Palmeira/SC.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Shakespeare: o poeta morto no século XVI que continua escrevendo ‘até hoje’
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições