Eu sei que toda adaptação de uma história bíblica para o cinema geralmente perde boa parte de sua verdade escriturística. É óbvio, que não podemos ir ao cinema tentando encontrar um filme fidedigno ao relato bíblico, o propósito é entreter e ganhar com as salas lotadas, e toda mídia do filme pretende acima de tudo render milhões de dólares cobrindo os caches e gastos milionários da turma de Hollywood. Personagens são adicionados, detalhes são imaginados para fazer a história render várias possibilidades pra quem assiste. Isso tudo torna o filme extra-bíblico ou anti-bíblico.
Mas nos caso do filme Noé, o que temos não é uma história bíblica adaptada para o cinema. Mas uma história, que toma emprestado o personagem bíblico para vender e fazer marketing. É o filme “bíblico”, menos bíblico já feito! Porém, gostaria de fazer algumas ressalvas, e convidar você à assistir o filme. Vamos lá:
1. Ao assistir Noé, você não pensará em Deus, nem na Bíblia, mas terá uma exata ideia de que o único animal que não deveria estar na arca era o homem. O filme deixa claro o mal que o homem faz a natureza e consequentemente a si mesmo. O homem errou quando deixou de cuidar do jardim em Gênesis. Paradoxalmente esta é a maior prova da misericórdia divina no filme, deixar a humanidade sobreviver através de Noé.
2. Ao assistir Noé, você saberá que o homem tornou-se desumano. Tubal-Caim no filme representa os pecados mais grotescos da humanidade. Assassinato e estupro também fazem parte da história cotidiana das grandes cidades daquela época. Ninguém é inocente. Isso é o que Noé percebe no meio do filme. Uma das cenas mais perturbadoras do filme, é quando Noé ouve centenas de pessoas gritando e se afogando fora da arca, sem poder ajudá-los (Noé não é um cara legal neste filme...). A desumanidade do homem para com o homem é um grande problema em Noé. Deus parece ofendido por essa desumanidade, trazendo por isso o dilúvio.
3. Ao assistir Noé você saberá que Deus não salvou o homem para que o homem pudesse salvar os animais. Ele salvou os animais para que os animais pudessem salvar o homem num futuro próximo. No mundo pós-diluviano, os animais são essenciais para o relacionamento entre Deus e os homens. E aqui, acredito que entra um tema de maneira subliminar no filme; a Esperança. Saí do cinema com a impressão de que se este mundo louco que vivemos “desgringolar” de vez, Deus intervirá para nos salvar de nós mesmos, porém jamais com um dilúvio novamente. Afinal, o fim será só o começo, de acordo com a Bíblia e com o slogan do filme.
Não acho que o filme seja anti-bíblico, muito menos bíblico, definitivamente a narrativa bíblica não tem nada a ver com este filme, mas é válido pelo entretenimento, pela história imaginativa e pela pipoca (kkkk). Afinal se o filme levar pessoas depois do cinema à lerem a história do verdadeiro Noé na Bíblia, já valeu, né não?
Obs. E pra quem estuda no Instituto de Ensino Superior Vida e possui a carteira estudantil, não se esqueçam, vocês pagam meia-entrada. Bom passeio e bom filme pra todos.
- Pr. Bruno dos Santos
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