Cris Beloni, jornalista, pesquisadora e escritora. Lidera o Movimento Bíblia Investigada e ajuda pessoas no entendimento bíblico e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise
“O Anjo do Senhor a encontrou perto de uma fonte no deserto, no caminho de Sur, e perguntou: Hagar, serva de Sarai, de onde você vem? Para onde vai? Ela respondeu: Estou fugindo de Sarai, minha senhora. Então o Anjo do Senhor lhe disse: Volte para a sua senhora e sujeite-se a ela”. (Gn 16.7-9)
Hoje falaremos de uma serva egípcia que gerou um filho para o patriarca, mas não foi a mãe da promessa. Sentiu-se desprezada e fugiu para o deserto. Lá, em sua solidão e desespero, teve um encontro sobrenatural com Deus, que a viu e a ouviu. Recebeu uma ordem para retornar e uma promessa para seu filho. Vamos aprender com a vida dela?
Hagar e a mulher deste século
A história de Hagar pode parecer remota, mas sua experiência de sentir-se oprimida, desprezada e, finalmente, fugir de seus problemas, ecoa profundamente na vida de muitas mulheres hoje. No século XXI, diante de conflitos familiares, desafios no trabalho, relacionamentos difíceis ou crises pessoais, quantas vezes não somos tentadas a fugir?
A fuga pode ser física, como a de Hagar, ou emocional: nos escondemos atrás de distrações, vícios, perfeccionismo, ou até mesmo do ativismo excessivo. As notícias nos mostram constantemente pessoas que optam por caminhos de escape em vez de enfrentar suas realidades. Mas a jornada de Hagar nos lembra que fugir raramente resolve a raiz do problema, e que é no confronto, com a ajuda de Deus, que encontramos a verdadeira solução e a paz.
Entenda que é possível enfrentar os problemas com coragem e fé, mesmo quando a situação parece insuportável. Todas nós buscamos alívio para as dores da rejeição e do desamparo, e ansiamos pelo bálsamo que cura. Entender a história de Hagar é compreender que Deus nos vê em nossos desertos e nos capacita a não fugir, mas a lutar com Ele ao nosso lado.
Quem foi Hagar?
Hagar era uma serva egípcia de Sara, esposa de Abraão. Diante da esterilidade de Sara e da demora da promessa de Deus, Sara a deu a Abraão como concubina para gerar um herdeiro. Hagar concebeu Ismael, e a partir daí, as tensões com Sara aumentaram, culminando em seu desprezo e fuga para o deserto.
Lá, Hagar teve um encontro único com o Anjo do Senhor, que a consolou, ordenou que voltasse e lhe deu promessas para seu filho Ismael. Mais tarde, ela e Ismael foram mandados embora novamente e Deus interveio sobrenaturalmente para salvá-los no deserto.
Pontos Fortes e fracos de Hagar
Fortes: resiliência, capacidade de sobrevivência, foi capaz de suportar condições difíceis e seguir em frente, teve fé no desespero. Em seus momentos mais difíceis, ela clamou a Deus e o reconheceu como "El-Roi" (o Deus que vê).
Fracos: orgulho após conceber, desprezou Sara e depois tentou fugir.
Contexto e Curiosidades
Na antiga Mesopotâmia, era uma prática legalmente aceita para esposas estéreis oferecerem suas servas como concubinas aos maridos para gerar herdeiros. O filho nascido de uma serva, nestes casos, seria legalmente considerado filho da esposa principal.
Isso explica, mas não justifica, a dinâmica complexa entre Sara e Hagar. A história de Hagar é notável por ser uma das poucas vezes em que uma mulher, e uma serva estrangeira, tem um encontro direto e nomeia a Deus (El-Roi – o Deus que me vê).
Ela é um lembrete de que Deus se importa com os marginalizados e desfavorecidos, mesmo quando eles estão "fugindo" ou em situações criadas pela falha humana.
Lições que aprendemos com Hagar
1. Fugir não resolve: a fuga de Hagar não solucionou a situação com Sara. Muitas vezes, adiar o confronto apenas prolonga a dor ou complica o problema.
2. Deus vê e se importa: mesmo em sua solidão e desespero no deserto, Hagar foi vista e ouvida por Deus. Não estamos sozinhas em nossas dores e fugas. Ele nos alcança.
3. A obediência ao retorno é uma atitude de coragem: Hagar foi instruída a voltar para uma situação difícil. A verdadeira coragem, muitas vezes, está em enfrentar, não em escapar, confiando que Deus irá à frente.
4. Encontre Deus no deserto: os momentos de desespero e isolamento podem ser os mais propícios para um encontro profundo com Deus, que transforma o sofrimento em fé.
Aplicação prática
Assim como Hagar, podemos nos sentir encurraladas pelos problemas. Mas Deus é El-Roi, o Deus que nos vê em cada deserto de nossas vidas. Não se entregue à fuga. Clame a Ele, ouça Sua voz mostrando a direção e encontre a força para enfrentar o que precisa ser enfrentado. Em Cristo, há graça e poder para superar qualquer desafio.
Desafio da Semana
Identifique um problema ou uma situação difícil em sua vida que você tenha evitado ou da qual tem 'fugido' (pode ser um diálogo difícil, uma decisão adiada, um perdão necessário, etc.). Durante esta semana, ore especificamente por coragem e sabedoria para enfrentar essa situação. Leia Gênesis 16.7-9 todos os dias. Peça a Deus para revelar o próximo passo e dê um pequeno, mas intencional, passo para não fugir mais desse problema, confiando que Ele irá com você.
E lembre-se: NO DESERTO DOS PROBLEMAS, DEUS É A SUA SOLUÇÃO!
Próximo estudo
Vamos conhecer uma mulher cuja história começa com um pedido incomum à beira de um poço. Ela foi escolhida por Deus não apenas por sua beleza, mas por sua hospitalidade e prontidão para agir. Sua vida nos ensinará sobre a providência divina na formação de famílias e como nossas escolhas podem moldar um legado.
Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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