Estudo 3 da série Design Inteligente – Aves
“Sou como a coruja do deserto, como uma coruja entre as ruínas.” (Salmos 102.6)
Vamos direto ao contexto. O Salmo 102 descreve a situação de alguém que está vivendo uma grande dor. O texto apresenta uma oração de socorro a Deus, de uma pessoa tão angustiada que bebe água entre lágrimas, até se esquece de comer e mal consegue dormir. Você já sentiu assim? Como um “pássaro solitário no telhado”?
O cenário do salmo mostra que essa dor, porém, não tem origem no pecado de uma só pessoa. A origem da dor estava nas circunstâncias e na situação que a nação vivia naquele momento. Sabemos que Israel sempre se afastava de Deus. E quando Deus corrige uma nação, todo o povo sofre.
Pense agora na situação do Brasil. O que estamos vivendo? A Bíblia diz que colhemos o que plantamos. Agora pense na situação mundial. Qual o nosso contexto como humanidade? Devemos lembrar que Deus permanece no controle de todos os acontecimentos e Ele não está alheio à situação humana atual.
A solidão da coruja no deserto
Vamos agora associar o contexto de sofrimento com a conduta da coruja. Na Bíblia, a coruja sempre aparece para ilustrar situações de ruína, normalmente no deserto. Vemos esse paralelismo na poesia hebraica.
Quando o salmista diz “sou como a coruja”, perceba que ele especifica, principalmente, o silêncio, a solidão, a insônia e o gemido de dor. A coruja está sempre sozinha, tem hábitos noturnos, seu silêncio é impressionante e o chirriado de algumas espécies se parece mesmo com gritos ou gemidos de dor.
Lendas e crendices
Há muitos mitos sobre a coruja estar associada à figura do mal. Os povos antigos acreditavam que a presença de uma coruja podia ser sinal de azar ou presságio de morte. É muito comum ver corujas em filmes de terror ou contos de ficção, sempre associadas à feitiçaria, reforçando uma imagem negativa dessas aves. Isso já fez com que muitas pessoas matassem corujas por medo ou preconceito. Recentemente, porém, desenhos animados como a “Lenda dos Guardiões” espalharam uma ideia diferente, colocando as corujas dentro do contexto do bem.
Por que a coruja é o símbolo da Pedagogia?
Por influência da mitologia grega e egípcia. A deusa Atena tinha uma coruja como mascote e os gregos consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual. No Egito Antigo, a coruja era considerada uma ave sagrada. Por esses vários motivos, até o dia de hoje, passou a representar a busca pelo saber.
O Design Inteligente da coruja
Há muitos detalhes interessantes que podemos observar na criação da coruja, mas vamos focar em apenas três:
Primeiro, a sua visão binocular, que é como a dos seres humanos. A maioria dos pássaros tem visão monocular, ou seja, seus olhos funcionam separadamente, o que amplia o campo de visão e faz com que a ave não tenha necessidade de virar a cabeça para enxergar. Por outro lado, tem a desvantagem de não conseguir ver as coisas com tanta profundidade.
No caso da coruja, que é uma ave de rapina, o esquema binocular limitaria seu campo de visão, mas isso se resolve com a capacidade de virar a cabeça a 270 graus. Outro detalhe interessante sobre a visão das aves, é que elas enxergam cores que são invisíveis para nós. Pesquisadores ingleses descobriram que os pássaros possuem quatro receptores de cores nos olhos, enquanto os humanos possuem três. Quer dizer que, diferente de nós, as aves conseguem enxergar luzes ultravioletas.
Segundo, a excelente audição das corujas. Elas possuem ouvidos 50 vezes mais sensíveis que os ouvidos humanos. Muitas espécies possuem orelhas assimétricas – enquanto a orelha esquerda é inclinada para baixo, a direita é voltada para captar os sons de cima, por isso conseguem ouvir até os chiados mais sutis.
E terceiro, seu incrível silêncio ao voar. As corujas são praticamente inaudíveis, o que as ajuda a perseguir suas presas sem serem notadas. Cientistas da atualidade estudaram a morfologia das asas das corujas e desvendaram as principais características de seu voo discreto. Suas asas possuem penas aveludadas, com franjas elásticas e porosas que ajudam a diminuir ruídos. A parte frontal da coruja tem uma plumagem macia que facilita o voo e suas penas na extremidade traseira também são porosas, evitando assim os redemoinhos que deslocam o ar.
Essas descobertas serviram de inspiração para a indústria aeronáutica que busca projetar aviões mais silenciosos. As agências regulamentadoras estão fazendo pressão para que, até o ano de 2030, os aviões não emitam mais ruídos ao decolar ou aterrissar. Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em conjunto com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), uma universidade dos Estados Unidos e da França, estão desenvolvendo um modelo para simular as características das asas da coruja.
No futuro, outras áreas também podem ser favorecidas, como a indústria automotiva, de ventilação industrial e de turbinas eólicas. O mundo caótico do século 21 está em busca de um pouco de silêncio. E a coruja, uma criação de Deus, está sendo utilizada como fonte de inspiração.
Voltando ao tema do salmista
Se você estiver como uma coruja no deserto, vivendo um momento de solidão ou está com a alma angustiada por algum motivo, lembre-se que o mesmo Deus que projetou a coruja, também projetou você e Ele tem grandes planos para sua vida.
Amplie a sua visão e enxergue com profundidade. A sua alma pode enxergar coisas que são invisíveis aos olhos humanos. Tenha os ouvidos apurados como os da coruja, aprendendo a distinguir os sons que vem debaixo e os que vêm do céu. Muitas vezes, damos muita atenção ao nosso próprio barulho e não ouvimos a voz de Deus. Pare de reclamar e faça um pouco de silêncio. Voe discretamente em direção ao Criador e tenha fé. Muitas vezes, as circunstâncias difíceis chegam apenas para nos ajudar a sermos mais fortes.
Por Cris Beloni, jornalista, pesquisadora e escritora. Lidera o Movimento Bíblia Investigada e ajuda pessoas no entendimento bíblico e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
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