Amados irmãos, a paz do Senhor. Desde sempre, fui evangélico, sempre pertencente à mesma denominação cristã. E pretendo ouvir a trombeta tocar desta amada igreja a qual pertenço. Eu preciso registrar essa informação para que ninguém pense que eu sou um crítico da igreja. Não!
De fato, a gente vê e ouve muita coisa. Coisas que deviam ser evitadas, outras tão simples, mas por falta de preparo das lideranças, se tornaram tempestades. Enfim, o resultado é óbvio: muita gente amargurada fora da igreja institucional, na grande maioria, por coisas simples, mas que causam dores intensas. E é preciso um tempo para se curar. Que o Senhor tenha misericórdia destes!
Para quem já frequentou um curso de teologia, ou até mesmo uma EBD, sabe que a palavra "igreja" possui múltiplos significados interligados: primariamente, refere-se à comunidade de pessoas que compartilham a fé em Jesus Cristo e buscam viver de acordo com seus ensinamentos, unidas pelo Espírito Santo; em um sentido mais amplo, pode designar uma denominação cristã específica ou o conjunto universal dos cristãos; e, por extensão, o termo também é utilizado para se referir ao edifício físico onde essa comunidade se reúne para cultos, orações e outras atividades religiosas.
A igreja, por longos períodos da história foi definida pelos termos “mater et magistra” (traduzido do latim como “mãe e mestra”) no sentido de que ela, a igreja, “acolhe e ensina”. Para os estudiosos da sociologia, a igreja é sempre vista como um lugar de “pertencimento”. A sociologia raramente trabalha as questões doutrinárias ou místicas da fé, mas sim o seu contexto social, um lugar de pertença.
Mas o que significa “pertencer” a uma igreja? É apenas frequentá-la e contribuir financeiramente… Será mesmo somente isso? Mas a realidade da “comunidade de fé” perde o seu sentido se a igreja for restrita a apenas essas duas realidades.
O termo "comunidade" refere-se a um grupo de indivíduos que compartilham características, interesses, objetivos ou localização geográfica em comum, estabelecendo entre si algum grau de interação, coesão social e, frequentemente, um senso de identidade coletiva. Essa união pode se manifestar em diferentes escalas e contextos, desde pequenas vizinhanças até grandes grupos com afinidades culturais, profissionais ou ideológicas.
A “partilha” é o objeto central da comunidade de fé cristã, desde quando o próprio Senhor Jesus compartilhou o pão na ceia pascal com seus discípulos. A Última Ceia foi a última refeição que, de acordo com os Evangelhos, Jesus dividiu com seus discípulos em Jerusalém antes de sua crucificação. Ela é a Base Escritural para a instituição da “Comunhão”. A Última Ceia foi relatada pelos quatro evangelhos canônicos: Mateus 26:17–30, Marcos 14:12–26, Lucas 22:7–39 e João 13:1 até João 17:26. Além disso, ela aparece também na 1ª Carta aos Coríntios 11:23–26.
Os trabalhos evangelísticos são fundamentais para o crescimento de qualquer grupo denominacional, mas o que fazer com os “novos convertidos” é ainda mais importante. Pois se trata da consolidação da fé. Infelizmente, o novo povo é ensinado a pregar a Palavra de Deus, mas não sabe o que fazer com os que se convertem na pregação da Palavra.
Graças a Deus, algumas denominações se despertaram para esse quesito, e investem pesado na acolhida das pessoas em seus cultos. E é claro, quem é bem recebido, certamente vai voltar. Isso vale para igrejas ou qualquer setor da sociedade. Não conheço ninguém que voltou em uma loja que outrora fora tratado com indiferença. Mas, determinada loja pode ser até mais cara que as demais, se a gente foi bem acolhido, recebido com alegria, o retorno é certo!
A indiferença se manifesta como um estado de ausência de interesse, preocupação ou reação emocional em relação a algo ou alguém. Caracteriza-se pela falta de envolvimento afetivo ou intelectual, resultando em um comportamento apático e distante diante de situações que normalmente suscitam sentimentos ou ações. Essa postura pode variar em intensidade, desde uma leve falta de atenção até uma completa insensibilidade, impactando as relações interpessoais e a percepção da realidade ao minimizar a importância de eventos, necessidades ou sofrimentos alheios.
Na minha humilde opinião, a indiferença causa mais problema que o ódio. Tratar alguém com indiferença implica em anular a própria identidade da pessoa no recinto, é o mesmo que afirmar a sua inexistência no ambiente. Isso é o oposto ao Evangelho, contra-testemunho do querigma de Jesus que acolheu a todos, sem distinção, nem segundas intenções. Tratar as pessoas como ovelhas, independente se vai produzir para o aprisco, mas porque preciso ser apascentada.
Quando a igreja se torna um lugar de solidão é um sinal antagônico à sua própria finalidade. Emanuel, é um dos nomes dados ao Senhor Jesus para explicar sua maior característica: “a presença”. Um Deus presente para pessoas presentes diante dele. Contrário a isso, é desencontro, é perdição. Quando a igreja reúne perdidos que continuam “perdidos na casa do Pai” perde sua missão, deixa de ser igreja-missionária. Pode até ganhar outros países, mas perdeu sua própria casa.
A sugestão é criarmos, comissões de acolhimento. Treinar nossos membros para serem acolhedores, consolidadores. Que a igreja seja, de fato, os braços do Senhor que acolhe os perdidos em um encontro libertador. E nesse acolhimento, a vida é ressignificada para a liberdade em Cristo na comunhão dos irmãos. E por isso, frutifica! É a própria igreja que ensina que “devemos plantar para colher”. Vamos plantar “acolhimento” para colhermos “cristãos firmes” na fé. Vamos plantar “família” para colhermos “comunhão” entre os irmãos. Não basta reunir quando não há unidade:
Efésios 4:4-6 “Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos”.
[...] o amor de Cristo nos uniu.
Daniel Santos Ramos (@profdanielramos) é professor, possui Licenciatura em Letras Português-Inglês (UNICV, 2024) e bacharelado em Teologia (PUC MINAS, 2013). Pós-graduado em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas (FACULESTE, 2023). Mestre em Teologia (FAJE, 2015). Atualmente é colunista do Portal Guia-me, professor de Língua Portuguesa no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Médio e de Língua Inglesa no Ensino Fundamental (ll) da SEE-MG, professor de Teologia no IETEB e professor de Português Instrumental do IE São Camilo. Escreveu dois livros, "Curso de Teologia: Vida com Propósito" (AMOB, 2023) e "Novo Curso de Teologia: Vida com Propósito (IETEB, 2025). Além de possuir mais de 20 anos de experiência na ministração da Palavra. É membro da Assembleia de Deus em Belo Horizonte (desde sempre), congrega no Templo Central.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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