A vocação de Jonas, o primeiro missionário do Antigo Testamento

A indiferença gerada pela desobediência à Palavra de Deus.

Fonte: Guiame, Daniel RamosAtualizado: quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025 às 18:54
Jonas vai a Nínive. (Imagem ilustrativa criada por IA)
Jonas vai a Nínive. (Imagem ilustrativa criada por IA)

O texto de Jonas 1:1-10, bem como todo livro acerca do profeta Jonas, é um clássico das nossas pregações. Quem nunca ouviu uma pregação sobre esse pequeno livro, com o poder de gerar horas intermináveis nos púlpitos das nossas igrejas.

Jonas é um profeta do Senhor que faz uma experiência missionária: sair da sua terra e ir profetizar em terras estrangeiras. Nínive, que hoje está localizada na cidade de Mossul, no Iraque, foi uma cidade antiga e importante da Mesopotâmia, situada na margem esquerda do rio Tigre. Foi a capital do reino da Assíria (não confundir com a Síria) e um dos centros históricos mais importantes do mundo. Jonas e Oséias são os únicos profetas nascidos no Reino do Norte de Israel.

O profeta Jonas recebe de Deus uma comissão para ir à capital da Assíria para profetizar contra eles. O Senhor é claro: “a malícia deles chegou até mim” (Jonas 1:1,2). Entenda que malícia é pior do que o pecado. “Pecado” é errar o alvo, tropeçar. Já a “malícia” é o ato contínuo de rebelar-se contra a moral, sobretudo divina. Não se tratava de ato isolado, mas de um comportamento contínuo de imundície.

Jonas 1:3 conta que o profeta se levantou para ir contra a Palavra do Senhor. Em um ato deliberado de rebeldia à ordem do Senhor, vai para Társis (hoje na região da Espanha). Certo pastor, ao expor esse texto, disse: “o rebelde só desce! Jonas desceu para Jope, desceu para o porto, desceu para o porão do navio, desceu para o ventre do grande peixe”. Ao contrário do que Deus tinha com ele: elevar a sua voz contra o pecado de uma cidade.

Jonas 1:4-6 mostra o profeta indiferente com a sua situação do navio. O texto é claro: foi o Senhor quem mandou um grande vento, provocando a tempestade, a ponto dos experientes marinheiros temerem. Da mesma forma que o profeta agiu com relação a ordem do Senhor, agora agiu com relação aos marinheiros diante da tempestade: indiferença.

Em Jonas 4:1-3 o profeta orou ao Senhor. Ele sabia que ir a Nínive profetizar contra o seu pecado, os ninivitas se arrependeram de seus pecados e consequentemente, Deus não os castigaria, mas estabeleceria o seu perdão. Jonas é indiferente a cidade ninivita e igualmente indiferente à situação dos marinheiros, que temem a forte tempestade.

Aos Hebreus 2:1-4 nos exorta quanto ao “pecado da negligência (ou omissão)”. É quando podemos fazer algo por aqueles que precisam, como os pecadores, e deliberadamente, não o fazemos. Jonas negligencia aos ninivitas o perdão do Senhor mediante o arrependimento daquelas pessoas. E muitas vezes, somos nós “este Jonas” que omite a voz libertadora de Deus para as pessoas, por mágoa, falta de zelo, empatia…

O próprio Senhor Jesus, na cruz do calvário, orou pelos seus algozes (João 17), deixou-nos o exemplo que a boa nova de Deus é maior do que as nossas vaidades, maior que a nossa dor, superior às nossas mágoas. Jonas “causou o peso da desobediência” no navio, a ponto dos marinheiros atirarem ao mar, todas as cargas, para aliviar a pressão (Jonas 1:5). E não importa nos livrarmos de tudo, se desobedecemos a Deus. 1 Samuel 15:22 diz: “obedecer é melhor do que sacrificar”.

Os marinheiros lançaram sortes, e esta caiu sobre Jonas (1:7), e perguntaram ao profeta: Qual a razão daquele mal? Qual a tua ocupação? E de onde vens? Qual a tua terra? De qual povo és tu? Todas essas perguntas são respondidas em Jonas 1.1,2,9. Jonas é profeta do Senhor, criador dos céus e da terra, e está fugindo de uma ordem divina.

O restante dessa história, você já conhece. Mas a pergunta continua a bradar: “declara-nos!” É o mundo nos perguntando, espera receber de nós alguma coisa, a exemplo do coxo na porta formosa (Atos 3.1-8) diante dos discípulos que não tinham “nem prata nem ouro”, mas tinha uma “palavra poderosa” de Deus: “Levanta e anda!” A Igreja conhece o caminho: Jesus! E tem autoridade para convidar quem está na sarjeta do pecado a andar.

Basta dessa fuga da presença do Senhor! Isso é impossível, já foi provado no Salmo 139: “para onde fugirei da tua face?” O Senhor tem sempre um grande peixe para quem ousa ir contrário aos seus desígnios. Essa exortação é bíblica: tema ao Senhor (Salmo 111:10).

 

Daniel Ramos (@profdanielramos) é professor de teologia deste 2013 pela EBPS (Assembleia de Deus em Belo Horizonte). Graduado em Teologia pela PUC Minas (2013), pós-graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas (2015), especialista em Docência em Letras e Práticas Pedagógicas pela FACULESTE (2023) e Licenciatura em Letras Português-Inglês pela UNICV (2024). Membro da Assembleia de Deus desde a infância, conferencista e autor do livro didático: Curso de Teologia Vida com Propósito (2024).

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O desafio de continuar a pregar o Evangelho que nos confronta

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