Quantos de nós já ouvimos o dito popular: “isto é apenas a ponta do iceberg”? Geralmente, quando alguém fala isto, quer, de fato, referir-se a algo (problema ou situação) que aparenta ser um simples enfrentamento ou solução, quando, na verdade, é de uma complexidade consideravelmente maior, a inspirar, pois, maiores cuidados.
O que é um iceberg? É um enorme bloco ou massa de gelo que se desprende das geleiras existentes nas calotas polares, originárias da era glacial. De cada iceberg, apenas cerca de 10% da sua massa emerge à superfície. Os demais, cerca de 90%, permanecem submersos.
O que podemos aprender comparando-nos a um iceberg?
Assim como o iceberg, nós não somos apenas o que mostramos ser. A maior parte do nosso ser está bem guardada, e muitos de nós não deixamos à mostra especialmente as partes feias, não polidas, não ajustadas e não moldadas, as quais ainda nos “dão trabalho” ao longo da vida. Essas estão profundamente submersas. Comparando-nos ao iceberg, deixamos perceptível para as pessoas cerca de apenas 10% do que somos de fato, os outros 90% estão bem “guardados”.
Nesses 90%, concentramos as lembranças, registros ao longo de nossa vida, as dores, as alegrias, derrotas, defeitos. Isso inclui a inveja, o ciúme, o despeito, a arrogância e o orgulho. No aglomerado de arquivos estão a autoestima que foi esmagada, a rejeição, os traumas sofridos, as vontades não reveladas. Por vezes, aqui ou ali, alguma dessas características “vem à superfície” e se mostra em uma porção pequena dos 10%, mas, na maioria das pessoas, isso é mais raro de acontecer.
Aquelas coisas mal resolvidas estão nos 90%. A falta de perdão, a dor de ser traído, enganado, etc. Aquelas coisas que você somente diz a si mesmo: “Vou deixar pra lá”. Essas coisas estão submersas, mas elas ainda existem, viu?
Li algo que Geofrey Chaucer, um filósofo inglês, escreveu: “o tempo cura todas as feridas”. Mas ele se esqueceu de dizer que feridas deixam cicatrizes… Coisas ruins que acontecem conosco deixam marcas. Elas não precisam doer, mas sempre estarão ali como um lembrete, na memória, nos 90%. Com o passar do tempo, a memória pode ficar vaga; mas sempre teremos a cicatriz para nos lembrar do ocorrido… De que passamos por aquilo e SOBREVIVEMOS!”
Outra comparação que podemos atentar é como se, ao longo da nossa vida, um grande prédio estivesse sendo construído, mas apenas um andar fosse visto pelas pessoas. Os demais andares estão no subsolo, sem o acesso delas.
Toda casa tem o “quarto da bagunça”, onde se colocam as coisas quebradas, sujas, feias, sem uso e, normalmente quando chegam as visitas, parentes e amigos, nós os levamos para a sala que normalmente está arrumada (pelo menos deveria estar), mas nunca os levamos ao “quarto da bagunça”. Lá, ninguém pode ir. Mas, o fato de não verem, não significa que não exista.
Talvez, você esteja pensado: Aonde ela quer chegar com tudo isso?
Deus nos criou e Ele é a única pessoa que nos conhece completamente. Com Ele, nós podemos falar sobre tudo. Ele nos conhece de fato, melhor do que nós mesmos (até porque, muitos de nós não fazemos muita questão de conhecermos a nós mesmos tanto assim).
Mas, o fato é que Deus nos conhece. Isso é algo que, por mais que saibamos, por vezes, parece que esquecemos. Afinal, se Ele nos conhece completamente, isso significa que não conseguiríamos enganá-lo, fingir para Ele é perda de tempo, porque Ele sabe de tudo... 100%.
Um dia, eu li uma frase que me fez parar e pensar (atividade bem comum a uma pessoa reflexiva como eu):“Deus resiste pessoas que fingem ser perfeitas, mas Deus abençoa pessoas imperfeitas que não temem ser verdadeiras”.
Sinceramente, eu desconfio dos “perfeitos”, mas admiro demais as pessoas que reconhecem a sua humanidade e total dependência do Senhor na caminhada. Na verdade, errar é fácil, reconhecer os seus erros é bem mais complicado. Consertá-los dá trabalho. Fazer de conta que eles não existem não os farão desaparecer… Podem continuar submersos, mas estarão lá. No entanto, se decidimos consertá-los, Deus “pegará junto” conosco e, com Ele, podemos todas as coisas, inclusive mudar.
Nós não somos apenas o que mostramos às pessoas. Isso é apenas a ponta do iceberg, mas Deus conhece toda a estrutura que está submersa, todas as suas características boas e ruins, todos os seus medos, dores, imperfeições e fragilidades. E, mesmo assim, Ele nos ama. Isto é o melhor! Mas, além de nos amar, Ele quer nos ajudar a melhorar, a nos aperfeiçoar.
Acredite! Deus lhe ama! Seja você uma pessoa simples de se entender ou não. Ele decidiu nos amar mesmo com as nossas complexidades. Eu sei que existem “pessoas lights” (simples), mas também existem as mais complexas (reflexivas e questionadoras), afinal, somos seres humanos, distintos e diferentes.
Deus não criou ninguém igual a ninguém. Graças a Ele por isso! Temos diferentes personalidades e temperamentos. Então, seja você mesmo e queira ser você mesmo. É complicado demais tentar ser outra pessoa. Porque, dos outros, só conhecemos 10%, talvez, a pessoa que você desejaria ser (por conhecer apenas parte dela), se você pudesse conhecer os outros 90% desistiria de “sê-la” imediatamente. Pois, talvez, perceberia que ser você é bem mais legal. Saber dessas coisas nos ajuda também a não julgarmos as pessoas, porque não as conhecemos em plenitude e, na medida em que as julgamos, nós seremos julgados. (Mateus 7.1-2)
Decida abraçar o amor de Deus e receba d’Ele a força e a graça para ser o melhor você que você pode ser aqui na Terra. Concentre a sua atenção não apenas nos 10%, mas nos seus 90% também. Deixe o amor de Deus permear a sua vida, pois Ele quer lhe ajudar a superar as coisas que estão bem guardadas, mas que ainda assim lhe fazem sofrer algumas vezes. Deus quer e pode lhe transformar.
Se insistirmos em não ajustar a nossa vida, desconsiderando as coisas que estão guardadas, veremos que a vida dá voltas assim como a Terra gira e, com o passar do tempo, aquelas mesmas coisas reaparecerão e teremos que tratar com elas de alguma forma; isso são as voltas que a vida dá…
Seja você mesmo, mas não seja o mesmo para sempre e certifique-se de ser feliz! E felicidade plena, só vivendo a vontade do Senhor.
Por Dione Alexsandra Ferreira - Publicitária, pós graduada em Comunicação Digital; Professora do Centro de Treinamento Bíblico Rhema; autora do livro "Jornada para a Liberdade", publicado pela Editora Reinar e integrante do Departamento de Comunicação do Centro de Operações do Ministério Verbo da Vida.
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