ATO 1: Sexta-feira, 07 de Agosto de 2009, 20:30h. Eu e minha esposa estávamos realizando uma vista. O objetivo era entregar a Ceia do Senhor para uma ovelha impossibilitada de ir à igreja. Com alegria, um servo de Deus com 77 anos alimentou sua fé com o corpo e o sangue de Cristo, representados no pão e no vinho.
ATO 2: Sábado, 08 de agosto de 2009, 10h. Repentinamente recebo a notícia, "O irmão José teve uma parada respiratória, a ambulância já está na casa dele". Fico sem palavras, oro, reflito um pouco sobre a vida. Dez minutos depois a notícia definitiva, O irmão José faleceu".
ATO 3: Domingo, 09 de Agosto de 2009, 9:30h. Com a família, amigos e irmãos de fé estávamos encerrando um culto fúnebre, em poucos minutos estaríamos assistindo o sepultamento do irmão José, aquele a quem eu havia ministrado a Ceia do Senhor, a Ceia que anuncia a morte do Senhor até que Ele venha.
Agora que você já sabe o que aconteceu, vamos falar da galinha. O irmão José deixou oito filhos, uma grande família com uma insistente realidade de lutas e dificuldades. Um dos filhos, na sexta-feira quando fui levar a Ceia, estava lá. No domingo, fiquei sabendo o que ele fazia na casa do seu pai. Ele tinha comprado uma galinha, levou para o pai, que era viúvo. E no domingo, ela seria preparada para ser saboreada no dia dos pais. Mas a morte não deixou.
Não são necessários grandes tsunamis para reconhecermos nossa total incapacidade de controlar a vida. Pequenos eventos nos mostram isso todo dia. Somos incapazes de garantir uma simples refeição com uma galinha. Tiago, como sempre, está certo, seu conselho segue sendo prudente para todos os nossos planos: "Se o senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo", Tiago 4.15.
Por outro lado, a morte fez o que a galinha não iria conseguir fazer, reuniu todos os filhos para, no Dia dos Pais, reconhecer o valor daquele pai. Certamente uma galinha não seria possível para alimentar 8 filhos, 25 netos, 13 bisnetos, mais genros e noras. Há muitos anos, o falecido irmão José, já não tinha o prazer de ver a família harmoniosamente unida numa mesa comum. No dia do seu enterro, dia dos pais, finalmente ele conseguiu reunir a família em torno do seu corpo. O choro foi grande e muito doído.
O tempo de abraçar, honrar, respeitar e amar é hoje, agora. Não espere o amanhã. Evidente que devemos planejar, agendar, organizar. Contudo, não podemos nos dar ao luxo de esquecer que "amanhã" é mistério. É um espaço desconhecido e incontrolável por seres mortais como eu e você. Começo minha semana orando pela literalmente grande família deixada pelo irmão José, que precisa do conforto e consolo do Santo Espírito. Por precaução, já dei uma olhada na despensa da minha casa, a fim de checar se não deixei alguma galinha planejada para um futuro almoço. Me esforçarei para me antecipar. Sei que minha agenda é uma ilusão. Sei que preciso aprender muito, indefinidamente, sempre. Sei que preciso amar, não como se não houvesse amanhã, não. Preciso amar exatamente pelo contrário, existe amanhã! Preciso expressar este amor, mesmo sendo com a mesma simplicidade do Mário, filho do irmão José, que tornou especial uma comum galinha. Que hoje ele come sem a companhia do pai, mas, no seu coração ele sabe, grita e louva: "Eu lembrei! Eu desejei! Eu amei!".
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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