A Igreja precisa de glasnost

A Igreja precisa de glasnost

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:31

Nos anos 80 uma palavra russa havia tomado conta da mídia: Perestroika. Na sede de entender o que ela significava, rapidamente comprei o livro que tinha ela como título, escrito pelo então presidente soviético Mikhail Gorbachev.

Perestroika significa reestruturação, e era isto que ele estava determinado a fazer em seu País. Ele governou no final da guerra fria e colapso do comunismo. Por seus esforços, em 1990 ganhou o prêmio Nobel da Paz. Na empreitada para ver realizado seu ideal, ele insistia numa outra palavra, glasnost, como sendo a ética, a essência para se conseguir reestruturar a história do seu país. Glasnost significa transparência.

A igreja precisa de um choque de transparência.

Começando por sua liderança, formadores de opinião, pregadores da palavra, ministros de louvor, tesoureiros, administradores. O corpo de Cristo precisa se inter-relacionar a partir de atitudes transparentes, expedientes simples como "Porque estamos fazendo isso", "Custará tanto", "Os recursos virão daquele setor", "Tudo que for adquirido tem que ter nota", "Quem quiser ver e saber, a contabilidade está à disposição", "Nenhum dízimo ou oferta fica sem comprovante. E todos são declarados". Uma transparência administrativa, pura e simples, influenciaria cada comunidade, trazendo saúde inclusive para a prática cristã no seu dia a dia.

Uma transparência submissa a Cristo, sem pretensões carnais, produziria uma igreja mais verdadeira, pois a transparência me lembra do fato que sou visto. Quando sou transparente permito que me conheçam internamente, o que penso, sonho, almejo, busco. Ou seja, a transparência resulta em relacionamentos marcados por profundidade, sinceridade e, conseqüentemente, muito mais confiança.

Uma transparência dirigida pelo Espírito Santo salvaria casamentos de crentes, casamentos que estão a um milímetro do fim. A transparência por si só, inibiria o erro, e mesmo que o pecado se insinuasse, a transparência faria que um socorresse, ajudasse e amasse o outro, produzindo um poderoso reavivamento de amor nos lares. Mas como amar se a tela do coração está embaçada? Como amar sem o benefício do conhecer, do saber, do sentir? Amor que é amor, se mostra, age como tal, se preciso for vai ao ponto de morrer pela amada, como Cristo o fez pela igreja, esbanjando transparência para o mundo inteiro ver o seu amor. E amor, quem sabe por uma total ausência de transparência entre os casais, é o que tem faltado e, portanto, não conseguimos vê-lo em boa parte dos lares cristãos.

Talvez Gorbachev tenha chegado onde chegou por um motivo. Em todas as suas lembranças, conversas e discursos, invariavelmente, ele usa a seguinte frase: "Raissa e eu", nome de sua falecida esposa. Perguntado sobre o porquê de insistir na frase "Raissa e eu", ele respondeu: "Raissa foi parte de minha vida, se não minha própria vida, por quase cinqüenta anos. Nossa vida não foi idílica, mas posso afirmar que tive duas forças sustentando minhas escolhas políticas e desenvolvimento de minha personalidade: Raissa e a universidade de Moscou. Hoje, obviamente, sinto falta desse sentimento de apoio e compreensão que tive enquanto estivemos juntos. Reitero o dogma cristão de que "é o amor que conduz a vida na terra".

Eis a glasnost praticada por Gorbachev, amor. Só o amor é capaz de nos tornar pessoas transparentes, autênticas, verdadeiras e, segundo João 4.23, são pessoas assim que o Pai procura. Tomara que Ele nos ache!

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

[email protected]

www.mostreatitude.com.br

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