Saiu na coluna Sobe-Desce da Veja, edição 2223. Para rimar com a palavra sacrifício, Chico Buarque criou um dos piores versos da história da música brasileira: Amar uma mulher sem orifício.
Com certeza, é de doer. Não precisamos, no entanto, detonar o artista. No que faz, Chico continua sendo um dos melhores. Como cantor, a voz... bem, deixa pra lá. Agora, como compositor, sempre foi um mestre das letras, com gramáticas e rimas inteligentes. Por isso o susto. Como um artista da qualidade dele fez um verso tão chulo? É da vida, não conseguimos ser brilhantes sempre.
No caso do Chico, espero que tenha sido só uma daquelas infelicidades que de vez em quando acontecem. Porém, não deixa de ser desanimador, pois nos lembra como anda baixo o nível das produções atuais. O nível das artes, das histórias, dos debates, dos discursos, das criações, das decisões, das permissões, das interpretações, tem caído. A escassez é percebida até pelos mais insensíveis. No futebol não temos mais craques inquestionáveis. No automobilismo, depois do Senna, nada. Na política, melhor nem falar. No cinema restaram os efeitos especiais. Depois do Billy Grahan quem se tornou a referência respeitada pelos de fora?
Sei não, a pobreza criativa e inventiva se posicionou em todos os lugares. A volta do primeiro amor, vivendo uma alegria inocente com uma fé saudável e contagiante poderia mudar este quadro. Como clamou o Senhor, também clamamos: Pai, afasta de mim este cálice. Como cantou o Chico, também cantamos: Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue. Jesus clamou, mas suportou a dor. Chico cantou como um protesto a todo um contexto social injusto da época. Alegria, proclamação, fé e luta são ingredientes indispensáveis para quem quer ver o nível atual ser elevado em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria e até os confins do Brasil.
Paz!
pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.
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