O ritmo anda acelerado. Praticamente não conseguimos nem uma paradinha rápida que seja, aquele necessário pit-stop. Todos estão apressados. Pro lado que olharmos tem gente perdendo a hora, gente atrasada, gente afobada, gente correndo.
Estamos todos envolvidos na corrida. Os riscos são muitos. A falta de tempo para poder dar um tempo de qualidade, via de regra, acaba sendo fatal. É quando sem perceber, sem que se queira, a família, os amigos, a fé, a comunhão, enfim, tudo e todos que de fato importam, vão descendo para planos inferiores. Afinal, estamos na corrida, não podemos perder posição, aliás, queremos é ganhar posições, ultrapassar, vencer o outro.
Sem nos darmos conta tudo vai ficando acelerado, pois é o ritmo que nos acostumamos e que nos engoliu. O cônjuge está falando, o sacerdote está pregando, os pais estão aconselhando, os professores estão ensinando, os instrutores estão orientando, a moçada está questionando, o desesperado está desabafando, o arrependido está confessando, enfim, cada um na sua realidade está tentando falar, se expressar, mas se quiser uma pálida atenção, tem que ser rápido! Senão a audiência simplesmente aciona o botão de desligar. Temos pressa, não temos mais tempo para o fogão a lenha, exigimos que tudo aconteça na velocidade do micro-ondas.
Parece que nossa sociedade se esqueceu da sabedoria que ela mesma ensinava: a pressa é inimiga da perfeição. Já não se desenvolve nas crianças a prática da observação, da reflexão, do pensamento. O que se faz é colocar tecnologia nas mãos destas crianças, um smartphone com internet, por exemplo. E pronto, o estrago está feito. Ali, no mundo digital visível através da tela, cada criança vai acelerar e antecipar destruidoramente, por exemplo, as descobertas do sexo, da pornografia, da violência, da droga, dos vícios, entrando numa corrida perigosa demais, e tudo acompanhado pela incompetência, indiferença e descaso de muitos pais que, lógico, estão correndo demais para prestar atenção nos perigos que os filhos correm em suas próprias corridas.
Das corridas, o momento aguardado e comemorado, é aquele da bandeirada final, momento no qual se vence a prova. Na corrida da vida a vitória não está em ser o primeiro, mas em concluir, chegar, receber a bandeirada final.
Nas corridas não faltam emoções. Carros com design arrojado, verdadeiras máquinas de voar sobre o asfalto. Ultrapassagens, manobras ousadas, velocidades extremas em cada reta, enfim, emoções a cada volta, a cada curva. Na corrida da vida idem, uma emoção atrás da outra, algumas de tirar a fôlego e, a cada etapa, a esperança de receber a bandeirada final.
Meu conselho: desacelere. Nenhum de nós aguenta o ritmo alucinado que a sociedade impõe. Siga no ritmo que Deus determinar. Não se sujeite ao capricho e a pressão de outros senhores. Eu sei, a velocidade é emocionante. Mas outro dia li, na traseira de um caminhão, uma frase atribuída a Ayrton Senna, frase que deveria nos fazer pensar: “A velocidade que emociona é a mesma que mata.” Se de fato a frase foi dita pelo Senna, é trágica e irônica ao mesmo tempo. Que as nossas ironias não se transformem em tragédias, antes, com humildade e reverência, que a gente saiba seguir no fluxo do Espírito, acelerando e desacelerando segundo a soberania dEle, Aquele faz tudo perfeito no tempo exato até a bandeirada final.
Paz!
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