No title O ritmo das cidades nos obriga a acelerar. As dezenas de mastigações que devemos seguir sempre que comemos, recomendadas pelos médicos, são totalmente ignoradas. Comer depressa é o jeito. Todo shopping tem uma praça de alimentação com comida rápida. Assim vivemos, comendo rápido, comendo mal, gastando muito. O shopping é só um entre muitos exemplos, todos atestando a velocidade imposta nestes loucos tempos modernos.
E há milênios passados, como era o ritmo das sociedades? Incomparavelmente mais lento. No entanto houve um dia quando todos comeram com a velocidade maluca do nosso tempo. Aliás, foi um dia vivido num período tenso, parecido com o cenário catastrófico que vivenciamos hoje. Aquele dia até hoje é lembrado, foi o dia que deu início a Páscoa.
A Bíblia Viva, em Êxodo 12:11, explica assim aquele evento: "Agora, atenção! Vejam de que jeito deverão estar enquanto comerem: vestidos, calçados e com o cajado na mão! E comam depressa! Assim vai ser, porque é a Páscoa do Senhor." Reparou na clareza da recomendação? Comam depressa, quando forem comer já estejam prontos, nada de comer devagar e ir se trocar depois, é comer e estar pronto para partir!
Por que a pressa? Porque aquela noite seria a Páscoa do Senhor. Páscoa, no hebraico, significa passagem. O povo hebreu, há mais de quatrocentos anos cativos no Egito, naquela noite sairia daquele país, seria emblematicamente liberto da escravidão. Enfim, na Páscoa do Senhor o povo passaria da escravidão para a liberdade, das trevas para a luz.
Dito assim parece que foi fácil. Nem por um momento pense isso. Foi difícil, assustador e dramático. Do capítulo sete até o doze de Êxodo encontramos uma terrível narrativa. Neste trecho estão descritas as dez pragas que colocaram o orgulho econômico, a soberba cultural e a vaidade dos deuses egípcios com a cara no pó. A crise social, religiosa e política foi sem precedentes, todo um país entrou numa convulsão esmagadora e incontrolável. Foi neste contexto que os israelitas receberam as ordens para comerem depressa.
Na noite da refeição pascal aconteceria a última e mais terrível praga. As famílias reunidas deveriam usar o sangue de um cordeiro sacrificado para o alimento. Tal sangue tinha de ser passado no batente das portas de suas casas. Seria um sinal, pois a noite passaria o anjo destruidor e, nas casas que não tivessem o sangue nos batentes, ele entraria e mataria os primogênitos. Foi uma noite de sangue, de dor e de muito choro.
Tudo aconteceu como avisado. Humildes escravos partiram em liberdade. Egípcios humilhados se resignaram diante da inquestionável vitória do Deus vivo. Se você conhece esta história, seja pela Bíblia ou por livros e filmes, que fique claro, a batalha não era entre Moisés e Faraó, mas entre o Deus de Israel e todo o panteão de deuses do Egito. Sem pegar em armas, apenas confiando na palavra, mais de dois milhões de pessoas começaram o êxodo, deixando para trás a terra da escravidão.
E hoje? Tiranias, opressões e explorações continuam a escravizar pessoas. Pragas inexplicáveis e inacreditáveis se multiplicam. A sensação é a de que não vamos suportar. Mas lembre-se: antes da Páscoa, caem as pragas, a intensificação das pragas anunciam que está chegando a Páscoa!
Nunca se esqueça, chocolates são gostosos, coelhos são fofinhos, bacalhau é uma delícia, mas passam longe da essência ensinada no evento da Páscoa. O êxodo nos adverte: estejamos prontos, não percamos tempo, tenhamos o sangue de Jesus sobre nós. A nossa saída pode acontecer a qualquer momento. Tenhamos pressa! Pressa em ver o fim de tanta desgraça e sofrimento. Tenhamos disposição! Disposição em caminhar com Cristo, o Cordeiro de Deus que pagou os nossos pecados e, de uma vez por todas, eliminou as trevas que nos escravizavam e nos deu os benefícios da liberdade contidos na sua maravilhosa luz.
Paz!
Pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.
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