Natal tá chegando. Não é minha intenção discutir aqui o que tanto já se falou, estudou e discutiu: a data tá errada ou tá certa?, pode ou não pode?, tem ou não tem elementos pagãos na festa?, e por aí vai... Nada disso, informações fartas, argumentos bons, existem pra todos os gostos, cada um precisa assumir pra si e seguir em frente.
Neste texto, quero pensar numa das marcas mais evidentes desta época, o ajuntamento das famílias, as trocas de presentes, os panetones, os perus, as luzes pelas ruas e pelas casas, os corais pelos shoppings, as cantatas que emocionam. Em meio a este clima e ambiente, vemos quem comemora e também quem não comemora.
Quem comemora, comemora. Quem não comemora pega carona, dá suas explicações, mas saboreia a ceia, ganha presente, dá presente, ganha lembrança na empresa que trabalha e, assim como o que comemora, passadas as festas, vai seguindo a vida. Às vezes é confuso, às vezes engraçado, às vezes hipócrita, mas ao cabo e ao fim, a maioria se respeita, convive e, como disse, segue a vida.
Tá, mas onde entra o EU ou NÓS? Na comunhão. Seja para o que comemora como para o que não comemora, a comunhão é definidora quando se trata do nível de realização e satisfação. Se sou apenas eu, não existe troca, não existe festa, não há razão de comemoração. Para que tudo isso aconteça precisamos ser cada vez mais... nós!
Como pastor de casais, de jovens, de crianças, de pais separados, onde o pai sozinho exerce papel de pai e mãe, onde a mãe sozinha também exerce papel de mãe e pai, enfim, como pastor tenho acompanhado pessoas que vivem miseravelmente em vastidões solitárias da alma, a vida as resumiu em apenas... eu.
Ser somente eu em meio à multidão assusta, apavora, intimida, enlouquece, deprime, derruba, abate. Multidão, no caso, pode ser sua família, sua igreja, seu trabalho, seu bairro, lugares de tanta gente e ao mesmo tempo, ninguém. Zero comunhão, zero relacionamento, zero abraço, zero conversa, zero...
Por outro lado, o eu só se descobre, só encontra significado, só compreende propósitos, quando finalmente se vê como nós. Já não está sozinho, já fala e alguém ouve, já escuta quando outro fala, já sabe olhar e sorrir, já sabe vibrar e chorar, já sente o toque e o pulso de outros.
Servir é a nossa vocação. Carregar as cargas uns dos outros. Apoiar. Estender a mão. Ajudar. Ser ajudado. Consolar. Ser consolado. Perdoar. Ser perdoado. Enfim, somente no contexto do “nós” conseguimos minimamente praticar um dos grandes mandamentos, amar o próximo como a nós mesmos. Porém, nos longos contextos do “eu”, alguns podem ter desaprendido tudo isso.
Menos legalismo, menos regras que em nada contribuem. Lógico, seja firme em suas convicções, mas não corra o risco de ofender, afastar e machucar pessoas. Descubra as bênçãos e os poderes de sermos nós. Jesus sabia que Judas era o traidor? Sabia. E ainda assim lavou os pés do traidor? Lavou. É disso que se trata. Judas optou por ser “eu”, os demais, apesar de todos os defeitos, fraquezas e pecados que tinham, como eu e você, optaram por serem “nós”.
Sejamos cada vez mais “nós”, este ambiente comunitário onde o “eu” deve diminuir cada vez mais, a fim de que Ele, o cabeça de todos nós, cresça mais e mais, pra glória dEle, Aquele que é Senhor de todos nós para sempre, sempre e sempre!
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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