Falar é fácil, difícil é fazer

Falar é fácil, difícil é fazer

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:19

É fácil ser engenheiro de obra pronta. Difícil é olhar para um terreno e começar a calcular. É fácil dizer que um pênalti é simples de ser cobrado. Difícil é cobrar e fazer o gol. É fácil criticar a mensagem. Difícil é ser o mensageiro. É fácil destruir um texto. Difícil é construir uma ideia com a arte das palavras.

Essa comparação entre fácil e difícil é tranquilamente percebida na rotina das igrejas. Enquanto poucos arregaçam as mangas e colocam as mãos na massa, muitos disputam os melhores lugares na platéia para desfiar críticas invariavelmente destrutivas:  ''Eu teria feito melhor. Horrível a voz daquela garota. O rapaz que cuida do som deixa a guitarra muito alta. A menina do data-show é muito fraca. Como esse pastor é chato. A roupa do coral é muito brega. O professor do estudo bíblico não sabe nada. Tem muita música e pouca palavra. Tem muita palavra e pouca música. Esse pastor é frouxo. Esse pastor é ditador. Esse pastor é maria-vai-com-as-outras. O líder dos jovens se acha. O ministro de louvor só conhece um tipo de música. Tá louco, essa igreja faz tudo errado!''... E por aí vai, as críticas destrutivas são infindáveis. E fáceis.

Críticas construtivas, acompanhadas de sugestões com vistas a melhorias, contando com a presença física dos críticos dispostos a ajudar, são sempre bem-vindas. Mas aqui, o meu texto é especificamente dirigido à falação incessante que é destilada com veneno, de forma baixa e maldosa. Sempre por trás. Sempre procurando destruir e ridicularizar projetos, ministérios e pessoas. Sempre lançando mão do expediente inconsequente de falar, falar e falar, qualquer bobagem, para qualquer pessoa, em qualquer lugar, afinal, falar é fácil, difícil é fazer.

Nosso pai na fé, Abraão, tem uma antiga lição para todos nós. No capítulo 18 de Gênesis, ele recebe uma visita, depois de receber os visitantes e deixá-los na sombra de uma árvore, no versículo 5 ele diz: ''Trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como tens dito''. Prestou atenção? Ele disse que iria buscar um bocado de pão, ou seja, poucas palavras e pouca coisa, apenas um bocado de pão. Seus visitantes, por sua vez, não reclamaram absolutamente de nada, simplesmente concordaram sem esboçar nenhum tipo de insatisfação. Ok, mas qual a lição? Siga Abraão no preparo do bocado de pão e você descobrirá.

Os versículos 6, 7 e 8 narram o que fez Abraão:''E Abraão apressou-se em ir ter com Sara à tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze bolos. E correu Abraão as vacas, e tomou uma vitela tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou em prepará-la. E tomou manteiga e leite, e a vitela que tinha preparado, e pôs tudo diante deles, e ele estava em pé junto a eles debaixo da árvore; e comeram''. Uau! Esse bocado de pão deve ter sido imperdível!

Entendeu? Abraão falou pouco e fez muito. Bem diferente do que comumente temos visto, muita falação e pouca ação. As pessoas andam prometendo muito e fazendo bem pouco. Prometem fidelidade, dedicação, trabalho, entrega, honestidade, amor, devoção. O tempo passa e, drasticamente, promessas vão sendo esquecidas e quebradas com separações, indiferenças, egoísmos, trapaças, ódios, traições. E assim tem sido porque é fácil falar te amo, difícil é amar, é fácil prometer devoção, difícil é ser fiel.

Não perca de vista a certeza de Abraão. Quando ele disse que iria preparar um bocado de pão apenas, todo aquele banquete já estava na mente dele. Como eu sei? É só um palpite, e mesmo sendo só um palpite, me dá o conforto da certeza. Meu palpite se baseia nas seguintes expressões do texto: ''Abraão apressou-se em ir...'', ''Amassa depressa...'', ''E correu Abraão..'', ''E deu-a ao moço, que se apressou...'' Reparou? Apressou-se, depressa, correu e apressou. Por quatro vezes, em apenas três versículos, a ênfase é demonstrada na urgência cheia de pressa da decisão de Abraão, ele prometera um bocado de pão, mas o seu coração queria fazer mais, muito mais. Ou seja, poucas palavras e muitas ações. Se queremos chegar perto da fé de Abraão é bom começarmos a falar menos e a fazer mais.

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes   é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

www.mostreatitude.com.br  

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