Novelas, faz décadas que não tenho paciência para assistir e acompanhar. Mesmo. Mas vira e mexe, me abordam e me escrevem pedindo minha opinião sobre elas. No momento a bola da vez é a dita cuja que é exibida depois do Jornal Nacional. A lista de indignações por conta da ficção novelística é enorme. Pediram que eu separasse um tempo, pelo menos uma noite, para assistir ao menos um capítulo. Passo. Não é conversa fiada, o fato é que, graças a Deus, falta-me duas coisas: interesse e tempo. A insistência continuou. Então leia as reportagens e críticas sobre a novela, me aconselharam.
Praticamente todos os dias leio portais de notícias e jornais impressos. Como todo mortal, os assuntos que mais captam minha atenção me motivam a ler com mais detalhes, pesquisar, entender. Não é o caso das novelas. E por que não? Porque novelas são sempre mais do mesmo. A estrutura das tramas segue a mesma faz anos. O diferente fica por conta do tanto de pimenta que os autores colocam a cada nova novela, sempre aumentando a quantidade e proporção. E pimenta, como sabemos, até para os valentões, se passar dos limites arde muuuuuito.
Imagine um caldeirão daqueles de bruxa. Vá colocando dentro do mesmo todas as violências, escândalos, tendências e inovações sociais do momento. Coloque água até a boca e vá mexendo até ferver. O resultado será um caldo cultural com tráfico, corrupção, depravação sexual, banalização de valores, deboche de autoridades e hierarquias, ridicularização da moral cristã, ataque a tudo que é sagrado, egolatria, idolatria, rebeldia, anarquia, vandalismo, depreciação do corpo, esculacho com a vida. É um caldo bem semelhante a esse que tem inundado a psiquê de muitos.
E como estes muitos respondem? Inacreditavelmente grande parte aprova. Não só aprova, mas também defende e recomenda. Não faltam filósofos da moda para lançar bons argumentos socráticos e aristotélicos com um verniz de superioridade para fazer as massas crerem que tudo é assim mesmo, que é chique, que é libertador, que é arte, que é um direito, que é apenas o exercício da livre expressão. Portanto tudo deve ser tolerado. Tudo não, quase tudo, pois qualquer opinião contrária enfrentará um exército de artistas, pseudo-intelectuais, anônimos militantes e manipuladores da imprensa com um canhão disparando palavras como intolerante, fanático, preconceituoso, radical, moralista.
Pobres formadores de opinião. Acham que estão prevalecendo. Acreditam piamente que têm a força do querer, quando na verdade têm apenas a fraqueza do querer. Quem quer o mal que este mundo oferece não é movido por força. Achar normal anomalias tem mais a ver com fraqueza. Fraquezas que a mídia é bem econômica em mostrar, fraquezas que escravizam nas drogas, que adoecem nas DSTs, que assassinam nos morros, que desviam bilhões da sáude de milhões, que sequestram a pureza da infância, que destroem frágeis adolescências, que separam casais e detonam famílias.
São milhões pensando que o que faziam era feito por força para, na chegada do seu caos pessoal, descobrir que tudo foi fraqueza. Fraqueza de fé, de alma, de coração, de caráter. E a novela? Vou repetir o mesmo que disse quando houve a polêmica por conta do primeiro beijo gay na novela do mesmo horário. Se o povo dito evangélico e católico, portanto quase 80% da nação, simplesmente desligasse a tv, a programação mudaria. Pois sem audiência não tem anunciantes. Sem anunciantes não tem faturamento. Sem faturamento a farra acaba. Simples assim. A Globo tá na dela, enquanto as pessoas reclamarem e continuarem consumindo ela continuará bem tranquila em suas posições.
O fato é que a fraqueza do querer revela a hipocrisia escondida. Explico. As indignações que recebi são seletivas. Enquanto uns reclamam de X e acham outras coisas normais e aceitáveis, outros reclamam de Y mas acham normal X. Babilônia dominou geral. Temos o poder de mudar esta situação, mas não temos força, apenas fraqueza. A tentação, o desejo e a vontade de consumir produtos que sabemos ruins é mais forte do que nós. É como o famoso churrasquinho grego que se vende em São Paulo, pode ser que muitos não gostem de tudo que tem no recheio, mas como tá misturado encaram numa boa sem importar quais serão as consequências.
Enquanto não se tiver força para querer aquilo que é bom e justo, assistiremos multidões sendo arrastadas por suas próprias fraquezas em aceitar aquilo que a agenda cultural impõe. Se é pra ser fraco, que sejamos fracos em Cristo e com Cristo, porque nEle, quando somos fracos é exatamente o momento que então somos fortes. Ou seja, em nós habita a fraqueza do querer, mas nEle a real força do querer, um querer que nos alcança com graça, amor, poder e nos possibilita andar pelo caminho da vida.
Paz!
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