Histórias não faltam. Todos conhecemos ao menos um caso que envergonhou muita gente. Escândalos envolvendo personagens impensáveis têm aos montes. Sejam anônimos, sejam famosos, nenhuma categoria escapa, das formas mais bizarras muitos vão se enroscando nas mesmas armadilhas sedutoras e mortais. Históricos de famílias destruídas, ministérios arruinados e cônjuges feridos tentando se reerguer sobram em todas as denominações, camadas sociais e famílias.
O pecado e sua consequência são antigos. Sabemos dos danos que causa, ninguém sai ileso ao tentar brincar e administrar uma força que está acima da capacidade humana para controlar. As histórias bíblicas não disfarçam, muito menos amenizam os prejuízos provocados na alma e na honra dos envolvidos. Mesmo assim, sabendo o fim desde o começo, homens e mulheres cada vez mais têm “começado” aventuras proibidas achando que com eles vai dar certo! Que vão conseguir esconder e camuflar relações clandestinas. Que vão usufruir do fogo sem se queimar.
Lá no íntimo, claro, cada um que se envolve em tais relacionamentos sabe que uma data de validade existe. Sabe que um dia seu erro será descoberto. A fraqueza, no entanto, é maior, a ponto de ceder ao fracasso certo e jogar fora pessoas e relações sagradas e abençoadas por Deus. Então, quando a casa cai, a ficha também cai, porém tarde demais e complicado demais para juntar os cacos de uma delicada taça de cristal que se quebrou. Essa taça se chama “confiança”, e quebra de confiança, você sabe, é duro reconstruir, senão impossível.
Mas isso é um papo ultrapassado, argumentam alguns. Não é não. Fidelidade nunca sairá de moda. Mesmo entre liberais e libertinos existem códigos e acordos que quando são quebrados espalham feridas profundas nas relações. Vide exemplo o bafão que está na mídia envolvendo os nomes de José Loreto, Débora Nascimento e Marina Ruy Barbosa, sem entrar no mérito de quem tem razão ou nos detalhes, até porque eu não saberia fazê-lo, mesmo os chamados “lacradores” destes tempos sofrem quando traições acontecem em suas vidas pessoais. O que não deixa de ser irônico, pois para os outros apregoam um tipo de vale tudo, mas para eles o que querem é respeito, moral e, pasmem, uma boa dose de conservadorismo!
“Mas eu não sou amante!”, “Ok, já entendi!”, “Vivo numa relação marcada por fidelidade!”, podem estar protestando alguns. E dou razão. E acredito. Até porque tenho testemunhado e visto muita gente boa por este Brasil. Mas o título deste texto quer alertar para algo muito mais profundo e perigoso, algo que pode afetar, hipnotizar, envolver e fisgar qualquer um de nós. Coisas e comportamentos que podem estar nos tornando amantes e nem estamos percebendo, seguimos achando que tudo está normal enquanto estamos nos tornando amantes, perigosos amantes...
Estou falando do alerta que deu Paulo na segunda carta escrita a Timóteo, no capítulo 3 e versículos 2 a 5: “Porque haverá homens amantes de si mesmos,...” aí, na sequência ele deixa claro as características das pessoas que são amantes de si mesmas: “avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” Então, com duas palavras bem objetivas e diretas o apóstolo orienta qual deve ser a atitude para se livrar do perigo: “Destes afasta-te.”
Conseguiu sentir o peso das palavras do apóstolo? As características relacionadas por Paulo são tão graves que ele precisou usar uma palavra igualmente grave: “amantes”. Leia o texto de Paulo pausadamente e faça uma autoanálise sincera sobre como tem se comportado diante de pessoas e fatos com os quais tem de lidar diariamente. Se apenas uma das características citadas por Paulo estiver acontecendo, o rótulo de “amante de si mesmo” estará inevitavelmente grudado. E amantes, via de regra, acabam mal, destroem reputações, adoecem, entristecem, se perdem.
O que fazer? Obedecer às últimas duas palavras do apóstolo: “Destes afasta-te”. De alguma forma, praticamente todo dia Deus nos lembra para evitar o perigo, através das traseiras de ônibus e caminhões, também com duas palavras: “Mantenha distância.” Estamos vivendo os últimos tempos. Trabalhosos. Sofridos. Difíceis. A carne continuará lutando ferozmente para aniquilar os filhos de Deus, como bem declarou Paulo sobre sua pessoal luta em Romanos 7. É somente no capítulo 8 que Paulo mostra a vitória, possível apenas na perspectiva de Cristo: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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