Como é rápida a vida. Cinco décadas já se vão desde que dei meu primeiro choro lá na Vila Medeiros, em São Paulo. O tempo voou. Pode parecer muito para alguns, mas é pouco. Não vi passar e... passou. Mal piscamos e o cenário muda. Infância, adolescência, namoro, estudo, casamento, aniversários. Tantas coisas que queríamos ter feito, tantos cafés perdidos, tantos sonhos abandonados.
O parágrafo acima fala de cinquenta anos. A partir deste, vou falar de 24 dias, o tempo de vida da Luiza depois que nasceu. Praticamente nada aos olhos comuns, no entanto essenciais perante a vontade da Providência.
Tivesse ela nascido dentro da normalidade que nasce a maioria das crianças, teria provocado o que se espera: alegria na família, gratidão, projetos, avós encantados, planos, canções, presentes, mimos. Tudo justo, merecido e mais que desejado por nós, pais. Sei o que digo, pois tenho dois filhos. Mas não, a Luiza veio ao mundo com problemas graves no coração e abalou o coração de muita gente. Não saiu do hospital. Enfrentou várias intervenções cirúrgicas. Lutou o quanto conseguiu para usufruir o imenso volume de amor que recebeu. Por isso mesmo foi corretamente chamada de guerreira. E como boa guerreira que foi lutou até o último suspiro sem fugir da batalha.
Pense nos pais. Quanto amadureceram? Quanto sofreram e vão sofrer? Em quanto a visão deles se aprofundou a respeito dos mistérios da vida? Em quanto aumentou o valor da comunhão? Como sentirão a dor de outros pais no futuro? Em quanto cresceu a intimidade deles com Cristo? Enfim, estes 24 dias podem significar bem mais que três faculdades, uma pós, um doutorado e viagens sem fim para o exterior.
Pense nas orações. Somente eu e minha casa oramos por ela em Campinas, Fernandópolis, São Paulo e Foz do Iguaçu. Agora multiplique pelas centenas de pessoas que oraram, jejuaram e divulgaram a necessidade da Luiza para quantos puderam, é muita gente e muitos lugares. E não é pouca coisa. Quantos já não dedicavam mais tempo para falar com Deus? Chorar aos pés de Cristo? Quantos já haviam esquecido e, sensibilizados pelo sofrimento da Luiza, resolveram novamente tomar posição junto ao Pai? Quantos?
Como eu, a maioria daqueles que oraram não viram a Luiza pessoalmente mas, de alguma forma, foram tocados por sua história. Se mobilizaram, se uniram, creram. E creram de forma sensata, bíblica e sem nenhuma pirotecnia espiritual. O desejo de todos era por vida, mas todos se submeteram como Jesus no Getsemani: “Contudo seja feita a Tua vontade”.
Se eu pudesse falaria “Luiza, fiel é esta palavra”. Qual palavra? Esta de Paulo a Timóteo: “Fiel é esta palavra: Se já morremos com Ele, também viveremos com Ele”. II Timóteo 2:11. A morte, afinal, é uma intrusa e, como tal, indesejada. NEle, no entanto, nos é garantida a vida. Que todos nós que lutamos com a Luiza nestes 24 dias, possamos cada dia morrer com Cristo, fazendo morrer todas as obras da carne em nós, para enfim vivermos com Ele, Aquele que afirmou que o Reino é para pessoas que são como crianças, como a Luiza.
Paz!
- Edmilson Mendes
e-mail: [email protected]
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina
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