No céu não tem xerox

No céu não tem xerox

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:31

Nossos pais nos contam sobre o bonde, o trem, a charrete, o chapéu. Nos falam sobre imigrantes, guerras passadas, revoluções históricas. Lembram que podiam andar a pé, à noite, e com segurança! Nossos pais são assim, gostam de falar com nostalgia a respeito de um passado que eles orgulham-se de identificar como "aquele tempo!".

E nós? Falamos do que vivemos. Somos uma geração essencialmente urbana, metropolizada. O sonho com a cidade grande, ou o pesadelo com a mesma, cria em nós uma multiplicidade de impressões, entre as quais, vale destacar a quantidade de pessoas ao nosso redor. Feriadão na praia, liquidação no shopping, final de campeonato, lá está a multidão.

No meio da massa acabamos por nos sentir iguais, ou seja, massa. E este é um drama que muitas vezes passa desapercebido. As estatísticas são tão estratosféricas, enormes, que fazem a gente se sentir um caldo, um vapor. Pelo menos, a última vez que eu me vi parado na Marginal do Tietê, às 18h30 de um determinado dia, e vi um helicóptero de uma emissora de TV sobrevoando, disse a minha esposa: "Neste momento somos estatística, deve ter um repórter lá em cima, falando ao vivo para os telespectadores (outra estatística do IBOPE) que São Paulo está com 160 km de congestionamento! E aqui estamos nós...".

Viver assim, pensar assim, respirar assim, nos dá a impressão de que somos tão iguais, tão sem atrativos, que nos tornamos indignos, totalmente desinteressantes para sermos notados por quem quer que seja.

Não sermos notados, quando conseguimos notar a indiferença dirigida a nós, traz sérios danos ao coração. Lembra daquela festa que você foi, daquele culto, daquele aniversário, tanta gente lá e ninguém notou sua presença, você e nada significavam a mesma coisa, lembra? Se lembrou deste dia, certamente lembrou da dor sentida pelo descaso com sua pessoa.

Mas as percepções pioram. Passamos a achar que Deus não nos nota. Afinal, porque haveria de notar? A sociedade nos faz sentir quão insignificantes devemos ser. Ou seja, somos só um número, mais um consumidor, todos iguais, manipuláveis, insensíveis, descartáveis, mensuráveis, enfim, sem novidades.

Mas não, não somos assim. A provocação deste texto visa tão somente chamar a atenção, mostrar para você que a vida é muito mais que essa estratégia massacrante de sonhos, tão bem vendida pelas grandes corporações, complexos de comunicação, governos.

Somos iguais e totalmente diferentes! Somos iguais nas necessidades básicas e primárias, mas diferentes nas habilidades e dons. Somos únicos e, a boa notícia, é que no céu não tem xerox! Nada de cópias! O criador nos fez belos, com características distintas através de qualidades e jeitos exclusivos, detalhes singulares, exclusivos e pertencentes a cada um. Portanto, nenhum rolo compressor social tem o direito de passar por cima de nós, visando nos achatar, deformar e destruir.

Deus, é óbvio, não se impressiona e nem se abala, do céu Ele olha, ri e zomba das estratégias humanas, Salmo 2.4. Mas não é só isso que Deus olha. Ele olha tudo e todos e, aos seus filhos, dirige olhares especiais, cheios de afeto, ternura, admiração e valorização. O salmista teve sensibilidade para perceber tal olhar de Deus sobre nós quando afirmou: "Digo aos santos que estão na terra, e aos notáveis em quem está todo o meu prazer." Salmo 16.3.

Sem nenhum complexo ou presunção, o salmista afirma que santos são notáveis! E só o somos porque nosso Deus é criativo por excelência. Ele não repete filhos, mas os forma com belezas individuais para Sua própria glória! Ele jamais nos confunde com outra pessoa porque somos notáveis, em nós está o prazer dEle, por nós seu Filho morreu, por nós seu Filho voltará! Somos notáveis porque em tempo algum o Pai desprezará um filho seu. Somos notáveis porque somos originais, não somos cópias. Somos notáveis porque Deus assim deseja, enfim, porque em nós Ele habita, templos escolhidos para morada e festa do Espírito Santo.

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

[email protected]

www.mostreatitude.com.br

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