A ficção "O curioso caso de Benjamin Button", narra uma intrigante sequência, onde uma criança nasce velha, com todas as doenças, traços e características de uma pessoa com 80 anos e, ao longo do filme, vai rejuvenescendo até chegar ao ponto de ser um perfeito e saudável bebê.
Os anos passam e Benjamin vai ficando cada vez melhor. De branco seus cabelos vão ficando na cor da juventude. As rugas vão sumindo. Sua pele é cada vez mais bela. Seus músculos se fortalecem a cada dia. Abandonado pelo pai, vive a vida entregue a própria sorte, encontrando gente boa e gente nem tão boa. O drama de envelhecer e de perder forças, é encarado de frente no filme, inclusive servindo de contraponto ao drama de se ficar jovem a cada dia. A beleza interior, as inevitáveis fatalidades, a urgência em se viver cada momento e a coragem em pesquisar e descobrir novas possibilidades para nossas vidas são temas que pontuam toda a trama do filme, levando-nos a questionamentos sobre a nossa forma de entender a vida.
O homem de Nazaré foi infinitamente além de Benjamim Button. Enquanto na tela somos envolvidos por uma intrigante ficção, na vida somos impactados pela realidade eternamente nova do evangelho. Para o mundo aquela era uma noite como outra qualquer. Não se desconfiava que um evento que dividiria a história estava em curso. Para ser bem honesto, quem desconfiaria? Com exceção dos magos e dos pastores, divinamente avisados como Maria e José também foram, ninguém imaginava os abalos nas estruturas universais que estavam sendo processados. O império romano, o poder religioso, os escravos, os judeus, os gregos, as prostitutas, os ladrões, os cobradores de impostos, os pescadores, os ricos, os miseráveis, todos seguiam sua rotina, achando que aquela era só mais uma noite. Não era.
Um bebê, envolto em panos que também aqueciam os mais pobres, aparentemente indefeso, tendo animais por companhia e os poderes dos céus por testemunhas, nascia para os seus pais, para o povo que dormia, para toda gente que bebia, para os que nada esperavam, nascia, enfim, para o mundo todo. Mas o mundo todo não sabia que um bebê assim nascia. Sem alarme, sem assessoria de imprensa, sem repórteres fazendo plantão 24h na estrebaria, sem patrocínio da Coca Cola, sem Youtube, sem Twitter, sem nada que pudesse significar uma pálida divulgação, um bebê trazia luz para a noite de Jerusalém, do oriente e do mundo.
Emocionante, belo, inspirador e comovente, tudo bem. Mas quanto a ser curioso, o que tem no nascimento de um bebê? O nascimento do bebê Jesus responde. Não nascera naquela manjedoura tão somente mais um lindo bebê. Sem que o mundo desse conta, pela primeira e única vez na história, estava nascendo o Deus bebê. Na pele pura de um frágil bebê o verbo se fazia carne. Deus assumia a forma humana para viver como vivemos, sentir como sentimos, sofrer como sofremos, crescer como crescemos e vencer, como jamais tínhamos vencido.
O bebê Jesus deixou o céu dos céus, abriu mão de sua misteriosa, perfeita e plena comunhão com o Pai, o Espírito e todos os seres celestiais, aceitou os limites da mortalidade, despiu-se de seus trajes reais, coroa, cetro, trono, aceitou expor seus sentimentos a todas as violentas agressões do pecado, mesmo nunca tendo cometido um pecado que fosse, enfim, deixou sua posição inabalável de Deus assumindo a forma de um bebê, num evento que até hoje faltam palavras para descrever com exatidão. Talvez esteja aí a razão de nos encantarmos tanto diante de um bebê, admirando mãozinhas, bochechas, dobrinhas, inocência, paz.
E ainda não é só! O curioso caso do menino Deus segue ainda mais surpreendente. O bebê foi fecundado exclusivamente numa intervenção do Espírito e então, naquela aparente noite comum, pela primeira e única vez na história, uma virgem deu a luz! Literalmente, luz. Todo o real e profundo sentido da expressão até hoje usada, "dar a luz", encontra sua melhor explicação no parto acontecido naquela distante estrebaria, quando uma camponesa sem nenhum recurso material, porém cheia de valores interiores, gerou a plenitude da luz que para sempre iluminaria a todos os homens.
A criança cresce, transforma-se num menino e, por fim, num homem, chamado nos evangelhos de Filho do Homem, Messias, Cristo, Mestre, Cordeiro, Amigo, Deus, Jesus. Após tanto amar, curiosa e inexplicavelmente o povo decide por sua crucificação. Depois de afrontas, ofensas, açoites, cusparadas no rosto, socos, vestes rasgadas, blasfêmias e julgamentos absolutamente injustos, Ele é erguido numa cruz, servindo como peça principal de um espetáculo mácabro e, ali, gemendo e sem forças, o agora crescido bebê de Nazaré, insiste em manter os braços abertos num insistente e incrível gesto de amor, perdão e aceitação para todos aqueles que quisessem naquele dia, quiserem hoje e, se possível, venham a querer amanhã. Quisessem, quiserem e querer o que? O abraço dAquele que não negou abrir seus braços para nos salvar na cruz.
Silêncio. A noite cai em Jerusalém. Seguidores, curiosos, discípulos, autoridades, centurião, guardas, amigos, inimigos. Ninguém entende, acredita, aceita, explica. Aquele que parecia ser Deus agora está numa sepultura. Como? Por que? Silêncio, a partida daquela luz, nunca antes vista, confundiu as mentes, os pensamentos, as decisões. Como aceitar que Aquele que acreditava-se Deus, nasceu bebê, pregou o amor e agora, fragilmente, morria como um bandido, indefeso, injustiçado, humilhado. Como aceitar? Esperando, somente esperando o agir soberano de Deus.
Ao terceiro dia a luz volta, esplendorosa, maravilhosa, definitiva. A morte fora vencida e o bebê volta a assumir sua plena posição de Senhor dos senhores, Libertador e Salvador de toda raça humana. Na última cena do filme, Benjamim Button é um bebê que fecha os olhos para assistirmos o fim de sua vida ao contrário. Na última cena do evangelho, Jesus abre os olhos ressurreto, sobe aos céus e promete voltar segunda vez a esta terra, para buscar todos aqueles que não negaram seu Nome e tiveram suas vidas salvas por Ele.
O filme terminou. A história do planeta como o conhecemos, ainda não. Não é curioso que se busque tanto a felicidade e não se busque Jesus? Não é curioso que se deseje tanto os milagres de Jesus, mas não se queira nenhum compromisso com Ele? Não é curioso que se fale tanto em tolerância e se tenha tanta intolerância para com os ensinamentos cristãos? Não é curioso tantas igrejas falarem que Jesus voltará e tão poucos estarem preocupados com a devida preparação, vivendo como se tudo fosse continuar como está? Não é curioso que Jesus, mesmo tendo e sendo o autor de uma biografia tão singular, tenha sido por muitos reduzido a um tipo de "produto" para fazer dinheiro numa deprimente banalização da fé? É. No mínimo, é curioso.
Atenção! Não permita que a curiosidade faça você perder o bonde da história, tanto bíblica como deste velho mundo. Quando o bebê nasceu, nasceu a luz. Quando ressuscitou, com ainda mais potência, ressurgiu a luz. Pela terceira vez a luz brilhará. Sim, o milagre da luz que nasce e renasce, acontece todos os dias em milhares de corações que recebem a Jesus ao redor do planeta. Mas se aproxima o dia quando uma luz jamais vista, imaginada ou experimentada invadirá nossa atmosfera, nesse dia profundas curiosidades serão satisfeitas e definitivamente esclarecidas. Entre elas, aquelas que se questionam no curioso caso de Benjamin Button, como a marcha inevitável rumo ao envelhecimento e a inexplicável marcha para a juventude, pois este será o dia no qual, finalmente, cada salvo terá seu corpo transformado num corpo glorioso, perfeito, saudável e imortal eternamente. ( I Coríntios 15).
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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