O Esporte Espetacular conseguiu a proeza de espalhar uma bobeira por muitos campos de futebol do país, a comemoração do gol imitando o João Sorrisão da Rede Globo. A proposta do programa chega a ser ridícula. O jogador que comemorar um gol fazendo a imitação ganha um boneco do João Sorrisão. Por que profissionais que ganham entre 50 e 200 mil reais se prestam a um papel desse? Falta-lhes dinheiro para comprar um João bobo?
Gol é o momento máximo do futebol, é o momento de explosões espontâneas junto com a torcida, é o momento de surpresa e desabafo, de expectativa e alívio, de superação e conquista. Definitivamente não é o momento para imitar-se um João bobo. Como bem definiu o Xico Sá, a comemoração de um gol é como a assinatura do artista no quadro, é algo único e exclusivo, não essa bobeira de imitar boneco para promover a audiência manipuladora de uma emissora.
Igrejas, infelizmente, também estão cheias de João Sorrisão. São pessoas que não pensam por si, não se esforçam intelectualmente em nenhum questionamento, são incapazes de provocar uma mísera reflexão interior, enfim, imitam mercenários da fé nos palcos do mundo gospel.
No aparente sacro-palco esses mercenários têm um sorrisão congelado, um movimento de corpo sempre repetitivo, se produzem para agradar e conquistar as massas com discursos absurdos cujos conteúdos se parecem com o do João Sorrisão, só tem vento. Então, o que vemos? Pessoas e mais pessoas dando sentido a uma antiga música do Zé Ramalho que diz: Ô vida de gado, povo marcado é povo feliz. Ou seja, massas e massas manipuladas, se realizando em fazer o que faz o João Sorrisão, escolhendo imitá-lo sem critério, crítica ou análise. Em outras palavras, escolheu porque um montão de gente está escolhendo, é moda, pegou.
Admiradores do futebol afirmam que são raras partidas como antigamente. Apaixonados pelo evangelho afirmam o mesmo, são raros cultos e crentes como os de antigamente. Ambos, em grande parte dos casos, viraram entretenimento e negócio. Ambos foram contaminados por esquemas, políticas, grana, interesses materiais. A comparação pode ser ofensiva para muitos, no entanto, lamentavelmente se aplica. E se aplica em grande parte por causa da proliferação do efeito João Sorrisão, um boneco bobo que leva um número cada vez maior de pessoas a imitá-lo. A diferença é que cada João Sorrisão do mundo gospel de bobo não tem nada.
Exclusivo, foi assim que Deus fez você. Único na personalidade, nos jeitos e trejeitos, nos temperamentos e tempêros. Imitar para quê? A essência da imitação só cabe em referência a Cristo. Sem fotos ou vídeos na internet restou-nos o melhor, o caráter. E é exatamente o caráter de Cristo que Paulo nos desafia a imitar, muito mais como inspiração e motivação do que como uma barata e tosca imitação exterior. Enfim, solte a válvula de ar do João Sorrisão, respire fundo e encha o peito de esperança pela vida que nos foi proposta. Tem sorriso, é certo. Mas também tem choro, muito choro. É tudo muito mais real do que pensamos que é, não duvide.
Paz!
Pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.
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