Sou do tempo quando minha mãe pedia que eu fosse ao açougue e comprasse um quilo de carne, eu ia, comprava, e trazia exatamente um quilo... de carne! Hoje ninguém garante mais nada. Quando se leva um quilo de carne não se sabe ao certo um quilo do quê exatamente está se levando para casa. Perigosos tempos carnais esses que estamos vivendo.
A força midiática colocou no centro da notícia o tema. Nosso escândalo nacional está na boca da imprensa mundial. De novo somos notícia, ruim, mas somos. Até o próximo escândalo, porque impressiona nossa capacidade de produzir catástrofes diariamente, falaremos sobre carne. E esqueceremos, ou fingiremos não saber, que praticamente tudo que consumimos em termos de alimento está carregado de algum tipo de contaminação, por isso que produtos orgânicos nos supermercados são mais caros, afinal, eles dão mais trabalho para serem cultivados, levam mais tempo, não são produzidos em grandes quantidades, então são mais caros.
Ironicamente, a carne não deixa de ser um símbolo da nossa sociedade, que adora desfilar suas marcas, grifes e status, que adora mostrar que “está por cima da carne seca”, pois justamente o produto carne resolveu dar um soco na boca do estômago da nação, ridicularizando quem achou que podia ridicularizar os demais que não podiam se esbaldar nos prazeres da carne, restando apenas nacos de carne crua, podre, contaminada, fedorenta, indesejada.
O episódio também ajuda a compreender o presta-atenção de Jesus na batalha espiritual que enfrentou no Getsêmani. Como sabe o fim desde o princípio, Jesus já foi direto no nome da situação, não precisou mobilizar a PF de Jerusalém e nem a tropa de choque romana, não precisou de imprensa investigativa, nada disso, já foi direto ao ponto: ou vocês vigiam ou vão cair, e vão cair porque a carne é fraca, direto e reto.
Não poderia ser mais claro. O espírito está pronto, afirmou o Mestre. Mas se abrirmos concessões para especulações, corrupções, subornos, esquemas, propinas, compras ilícitas de favores sexuais, bens materiais, licenças clandestinas e todo tipo de negociata que implique na diminuição gradativa do nosso caráter, nossa honra, nossa moral, nosso sim-sim e não-não, iremos pouco a pouco enfraquecendo o espírito, permitindo que o mesmo seja vencido pelas fraquezas da carne.
Ela, a carne, é fraca, isso já está definido e explicado. Precisamos portanto de espíritos fortes. Onde estão eles? Como poeticamente perguntava a banda GERD numa de suas músicas: “Onde está o menino que matou o gigante? Onde estão os sucessores de Josué? Onde estão aqueles homens como Elias?” Onde? Talvez estejam aí, talvez aqui. São perguntas que precisaríamos ter coragem de colocar nossos nomes na resposta.
Enquanto dormimos, Jesus está suando gotas de sangue em clamor pelo mundo. Se queremos vencer as evidentes fraquezas de nossa carne precisamos olhar para o homem que solitariamente ora no jardim, que assume sozinho a culpa de todos para conquistar a salvação de alguns.
Ao clamar pelo livramento daquele cálice Jesus foi a melhor explicação do que disse aos discípulos, pois pedir para que o cálice passasse dele revelava as dores que a carne do Jesus homem não queria ter de suportar. Porém Seu espírito era forte a medida em que vigiava, e Ele vigiava em oração o tempo todo do seu ministério, tornando-se capaz de vencer as fraquezas da carne. Por isso suportou tudo e venceu todas as suas tentações sem pecar, sem que houvesse nenhum engano em sua boca.
Não se surpreenda, escândalos e provas maiores virão. Seremos testados, as vezes moídos, por vezes humilhados, tentados e caluniados. Se sabemos que assim será, como enfrentaremos estas batalhas? A decisão pertence a cada um de nós, pois a batalha é de todos e também individual ao mesmo tempo, portanto cada um deve escolher qual parte da orientação de Cristo vai abraçar, se aquela que afirma categoricamente que o espírito está pronto ou se aquela que afirma com todas as letras que a carne é fraca? Decida, o tempo está se esgotando.
Paz!
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