Quando tinha por volta de cinco anos de idade, próximo a casa que morava, havia um acampamento de ciganos. Eu tinha muito medo deles. Depois tive medo de Papai Noel. Cresci e conheci outros medos. Das pessoas que conheço, todas, sem exceção, convivem com alguns tipos de medo. Alguns exagerados, outros bobos, e aqueles justificáveis. Mas a pergunta que incomoda é: qual o seu grande medo? Identifique-o e confronte-o.
Foi esta pergunta que Marcelo Tas, dentre outras, teve que responder numa entrevista para Marília Gabriela. Sua resposta revelou um medo que a maioria dos seres humanos tem. Sem pensar ele respondeu: Tenho medo da solidão. A entrevistadora não se conformou: Como, solidão? Você é um cara que vive cercado de gente, é super querido. De novo, sem precisar pensar sobre a convicção do seu medo, Tas acrescentou: Gabi, solidão, cada um tem a sua. Com esta frase, Marilia Gabriela parou de insistir.
Quem se sente ou já se sentiu solitário consegue entender o medo do Tas. A solidão machuca no profundo da alma. Esgota qualquer reserva de alegria. Expõe todas as características destruidoras da rejeição. A popular frase afirma: Nenhum homem é uma ilha. De fato não somos, pelo menos não fomos criados para suportar o isolamento de uma ilha, cercada de água e separada do continente.
Amos Oz, escritor israelense, falando sobre sua infância em Jerusalém na época do Holocausto, disse: Quando eu era criança, queria ser um livro quando crescesse, e não um homem, assim, pelo menos uma cópia de mim sobreviveria em alguma biblioteca distante, num país distante. Percebo neste sonho infantil declarado por Amos Oz o mesmo medo do Marcelo Tas, o medo do isolamento, do esquecimento, da solidão.
Solidão, concordo, cada um tem a sua. São cálices que temos que tomar sozinhos. No Getsêmani e na cruz Jesus enfrentou a solidão com resignação, obediência e oração. Ao final venceu, e na sua vitória temos a razão para termos bom ânimo: Ele venceu o mundo. Toda solidão um dia passará. O milagre da multiplicação de amados e amigos continua acontecendo na comunidade de fé, é para estes que o Espírito deixou este texto: Deus faz que o solitário more em família, Salmo 68.6. Enfrente seus medos, este Salmo é também para você.
Paz!
Edmilson Mendes Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança". Contatos com o pastor Edmilson Mendes:
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