O mundo da bola na bola do mundo.

O mundo da bola na bola do mundo.

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

Quantas vezes dissemos que algo era impossível? No meu caso, incontáveis foram as vezes. Mesmo vivendo os desafios impostos pela fé e testemunhando a concretização de fatos impossíveis, teimamos em duvidar que o impossível pode se tornar possível e, como tal, sempre que acontece, se torna um milagre. Vivemos na bola do mundo, local onde o mundo da bola tem muito a ensinar.

Semana passada, estava subindo a rua da minha casa quando vi uma bola rolando. Imediatamente brequei e falei para minha esposa e filhos: Cuidado! Atrás de uma bola sempre tem uma criança. Ficamos esperando uns 10 segundos - experimente parar seu carro em uma esquina sem nenhum movimento e aguardar 10 segundos, você verá como demora! - de repente, descendo pela rua surgiu a criança, um garotinho com não mais que três aninhos. Ele sorria e vibrava por estar correndo atrás de sua bola, nem notou meu carro, simplesmente vibrava focado na bola.

Somos brasileiros, noventa e nove entre cem meninos gostam de futebol desde pequenos, eu me incluo entre os noventa e nove. É quase certo que o garotinho que descia a rua para pegar sua bola tenha brinquedos eletrônicos e outras mordomias, mas a bola tem uma atração diferente, pois desafia, emociona, leva a derrotas e conquistas. Logo cedo, no mundo da bola, se aprende a perder e a ganhar. Logo cedo se aprende a necessidade de ter um bom time para se jogar. Afinal, se uma só andorinha não faz verão, um só jogador também não forma um time.

A paixão é tão forte que nos dias de jogos da seleção o nosso país para, literalmente. Copa do Mundo é o tempo quando muitos dizem não gostar de futebol, mas como é a seleção na copa, assistem e torcem, vibram com o hino nacional, as cores da bandeira, o orgulho no peito e a sensação de ser um vencedor.

Futebol é arena de feitos impossíveis. Quem torce sabe. É o gol no último minuto dos acréscimos no segundo tempo. É o time fraquinho ganhando do time poderoso e milionário. Enfim, é a tal caixinha de surpresa surpreendendo sempre. Eu vivi um milagre desses uma vez. Foi só uma vez, mas eu vivi.

Ainda era solteiro e conseguia correr umas duas horas numa quadra, bons tempos! Os boleiros marmanjos do bairro onde eu morava provocaram a gente para uma partida. Entenda quem era ''a gente''. Eu, com uns dezoito anos, e mais quatro meninos na faixa dos oito anos! Os adversários eram cinco boleiros, entre dezessete e vinte e dois anos, desses que jogam todo dia, fortes e habilidosos com a bola nos pés, ou seja, era um desafio daqueles que antecipadamente definimos como impossível. Empatar? Ganhar? Perder de pouco? Impossível!

Nosso time já se sentia derrotado, afinal, a possibilidade de ao menos competir era zero. Mesmo assim, consegui convencer os meninos, armamos o time e partimos para o jogo. Os grandões não nos respeitaram. Começaram o jogo como se já tivessem ganho. Enquanto nós, eu e aquelas crianças, corremos e disputamos cada lance como se fosse o mais importante jogo das nossas vidas. Resultado? Acredite se quiser, ganhamos, e ganhamos bem! À medida que marcávamos gols, eles iam ficando mais e mais nervosos, errando lances fáceis e brigando entre si. Do nosso lado acontecia o inverso, todo o time foi ficando confiante de que poderia ganhar, não errava um lance e se unia a cada jogada. Foi uma vez, única e inesquecível, foi um milagre.

Aquela partida foi uma metáfora na minha vida, o mundo da bola me ensinava a lutar na bola do mundo. Foi naquele dia que aprendi a não desistir, a lutar com os recursos que tenho, a acreditar sempre, a esperar por impossíveis. Naquele dia, nossos adversários eram infinitamente melhores individualmente, mas só individualmente, pois não formavam um time, unido e disposto a lutar até o fim.

Na bola do mundo temos nossos adversários. Muitos deles desleais e violentos. Temos juízes injustos. Na bola do mundo o poder financeiro também apita e fabrica resultados, desvia verbas e ilude a torcida, fazendo tudo ser muito parecido com o mundo da bola. Mas como no mundo da bola, na bola do mundo também existem craques, gente correta e talentosa, que respeita as regras quer perdendo, quer ganhando.

Daqui alguns dias grande parte do mundo vai parar para acompanhar a Copa da África. Vai vibrar, torcer, curtir. De alguma forma, as batalhas esportivas nos campos da bola, alimentam nossos sonhos nos campos da vida, campos que não têm os refletores e o brilho dos estádios, mas têm torcidas, gritos, suspiros, risos, choros, pulos, abraços, silêncios, desesperos, esperanças, ganhadores, perdedores. Todos nós vivemos nossos particulares campeonatos na batalha da vida. No mundo da bola desde pequenos soltamos a frase  ''Gooool do Pelé!!''. E na bola do mundo? Nesse nosso planeta redondo e azul? Quem é o Rei? O camisa 10? O gênio? O craque? Cada um escolhe e elege o seu, eu escolhi Jesus. Se Pelé dominou como nenhum outro a bola, Cristo dominou, domina e sempre dominará a bola chamada terra, o campo no qual Ele nos gerou para a glória do seu nome e, no qual, sejam quais forem as batalhas, nEle seremos sempre mais que vencedores.

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes   é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

www.mostreatitude.com.br  

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