Embora o Brasil tenha fama de ser um país pacífico, sem guerras, sua história é marcada por uma série de revoltas que interferiram diretamente no desenrolar da história. Só para citar, deixo aqui o exemplo de duas entre as mais famosas: Inconfidência Mineira e Revolução Farroupilha. Cada qual na sua região, uma em Minas e a outra no sul, ambas ficaram definitivamente gravadas em nossa história e tiveram sua importância e influência em acontecimentos decisivos.
E o que é exatamente uma revolta? É uma manifestação coletiva, organizada ou não, de insubmissão contra qualquer autoridade, motim, rebelião, levante. Estas são definições oferecidas pelos dicionários. Sendo assim, se pegarmos ao pé da letra, não parece estar havendo revoltas entre o povo. Então, por que a afirmação no título deste texto?
Saiu no UOL a seguinte matéria: “Sandy e Junior: público se revolta com fim de ingressos na bilheteria em SP.” É amigos, vivemos pra ver isso! Gente se “revoltando” porque acabaram os ingressos do show da dupla que resolveu reviver sucessos antigos.
Segundo a matéria, em seis horas os ingressos se esgotaram, fazendo com que cerca de 500 pessoas que já esperavam na fila por oito horas ficassem sem conseguir comprar os mesmos. Pronto, este é grupo que se revoltou. Protestos, gritos, inconformação. E por quê? Por causa do show da dupla Sandy e Junior.
Não entro no mérito do gosto, cada um tem o seu e precisa ser respeitado. Cada um deve saber o que faz com seu tempo e dinheiro. Minha frustração e decepção fica por conta da “revolta”. Terceiro milênio. Caos no mundo. Tragédias sem fim em nosso país. STF manipulando leis, afrontando a justiça da qual deveria ser guardião, desemprego monstro, economia estagnada, jovens cada vez mais mergulhados no álcool e nas drogas, notícias de feminicídios quase que diariamente na mídia, enfim, pautas para provocarem revoltas legítimas não faltam. Mas, Sandy e Junior?!?! Sim, a Sandy canta muito, o Junior não sei... mas, revolta?
A revolta pela qual oro é aquela aconselhada aos Romanos por Paulo. O apóstolo usa outra palavra, inconformação! Paulo nos incentiva a vivermos inconformados com os abusos, desmandos e pecados do nosso tempo quando diz: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.”
E sem querer ofender a nenhum fã, a boa, perfeita e agradável vontade de Deus se encontra em outros ajuntamentos, aqueles nos quais se invoca o nome do Senhor. Tais ajuntamentos podem acontecer num estádio, num pequeno templo, numa casa ou ainda num pequenino lugar onde se ajuntem dois ou três.
O fato é um só, o Pai continua procurando verdadeiros adoradores, gente que multiplica sua fé por onde vai, que influencia o mundo e sua cultura vivendo de forma missional, sempre medindo escolhas, atos e palavras por outro conselho do apóstolo: “Portanto quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” Sendo assim, esta é a pergunta que eu e você precisamos a todo tempo nos questionar: O que estou fazendo glorifica a Deus?
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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