Os dias não eram assim

Já vivi algumas décadas. Espero pelo menos triplicar os números a medida que passem os anos. Neste tempo, dando uma olhada geral, as coisas pioraram muito.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: terça-feira, 4 de julho de 2017 às 19:58
Cena da série "Os Dias Eram Assim". (Imagem: Rede Globo)
Cena da série "Os Dias Eram Assim". (Imagem: Rede Globo)

Nasci em 64, assisti algumas copas e olimpíadas. Acompanhei governos e vários de seus planos. Acompanhei incêndio de prédio pelo rádio, pois na época não tínhamos televisão em casa. Acompanhei a passagem do preto e branco para o colorido. Fiz curso de datilografia(!). Vi o Opala sair de linha. Me impressionei com o fax, depois com o e-mail, a internet e um monte de inovações digitais. Fui convidado para participar no Orkut. Mandava revelar filme com as fotografias das viagens que fazia, metade queimava. Comi doce de bar, usei conga, joguei bola com ki-chute. Tive muitos discos de vinil. Saboreei o inconfundível x-salada do Jack in The Box. Andava com minha pasta 007 de office-boy pelas ruas do centro de São Paulo, sempre cheia de dinheiro para fazer pagamentos nos bancos, nunca fui roubado, nem mesmo ameaçado. Curti muito o Playcenter. Tempo bom, tempo que não volta mais.

Já vivi algumas décadas. Espero pelo menos triplicar os números a medida que passem os anos. Neste tempo, dando uma olhada geral, as coisas pioraram muito. Pioraram demais. A peste da corrupção aumentou exponencialmente. Os valores que sustentaram famílias e nações no mundo inteiro são agredidos intensa e sistematicamente. A violência cresce e assusta descontroladamente. Somos explorados, ameaçados e ludibriados de múltiplas formas. Novas doenças surgem de tempos em tempos. A paz interior vai perdendo a batalha para cada vez mais gente enfrentando o abismo da depressão. O face a face foi substituído pelo face e a ilusão de milhares de amigos que mal sabemos ao certo quem são e como são. Liberdade se confundiu com libertinagem e toda a infância de uma geração vai sendo atacada inapelavelmente. Tempo ruim, tempo que parece que não vai acabar mais.

Paralelamente aos dois parágrafos acima uma história pontuada com política, economia e filosofia se desenvolvia no Brasil e no mundo. Em cada canto do planeta variados regimes de governos iam acontecendo. Artes, guerras, shows, manifestações, tendências, modas, manias, gírias, movimentos, filmes, livros, espiritualidades, contrabandos, crimes, assassinatos, tecnologias, descobertas, prosperidades, dietas, estéticas e éticas foram formando e contado os dias da raça humana. Dias de glória, dias de miséria, dias de dor. Um pouco de tudo todo dia. Individualmente cada um leu sua pessoal história, no geral os livros tentaram nos contar a melhor história possível, porém sempre incompleta, apenas pedaços.

A esperança cristã frente as tentativas frustradas dos dias incompletos e incapazes de nos dar uma boa história sem mentiras, sem traições, sem mortes, sem a vulgarização do belo, sem a objetificação do humano, se levanta e se anima ao olhar para os dias perfeitos e ideais que se viveu no jardim. Lá, e somente lá, no Éden, os dias não eram assim, mesmo os dias do meu primeiro parágrafo, que deixam saudades, mas jamais poderão ser comparados com a beleza, a pureza e a santidade contidos na dinâmica narrada nos capítulos 1 e 2 de Genesis.

Poderemos experimentar novamente dias plenos e perfeitos como aqueles? Sim! Mas não exatamente, serão melhores que aqueles. O que começou num jardim continuará numa cidade com a presença eterna daquele que é todo amor, aquele que é Salvador e Senhor da história, daquele que enxugará todas as lágrimas e nos revelará emoções e coisas boas que jamais imaginamos e nunca subiram ao nosso coração. Os dias atuais ou passados, sejam bons ou tenham sido maus, calmos ou agitados, em guerra ou em paz, não importa, nunca foram assim, pois o componente chamado pecado a tudo contaminou. Em Cristo, no entanto, se aproximam os dias que mente alguma imaginou, Hollywood não pensou, o vale do silício não projetou, serão os dias eternos que trarão com eles a plenitude de Deus, incompreensíveis agora, mas para os quais teremos toda eternidade para usufruirmos, aprendermos e compreendermos debaixo das asas do Altíssimo.

Paz!

 

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame

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