A expressão já é comum desde os espetáculos romanos. A estratégia idem. Embora surrada, óbvia e com eficiências sabidas, continua dando certo. Afirmam filósofos, pensadores, marqueteiros, palpiteiros, especialistas, estagiários. Basta dar pão e circo.Até o profeta confirma: “É disso que o meu povo gosta”. Com roupagem moderninha e antenada, nas entrelinhas é o que se canta: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. E dá-lhe pão e circo.
No título, propositalmente, coloquei circo no plural. Circos se encaixa melhor. Somente neste 2014 já presenciamos vários. Manifestações das mais variadas, umas justas, coerentes, necessárias. Outras utilitaristas, calculadas, estorvos. E outras feitas para produzir violência, medo, agressão, depredação. Depois a Copa. Lembra? Mais de 20 bilhões no ralo. Agora, eleições, com disputas extremas antes, durante e depois resultando em amizades abaladas, ânimos desanimados, perplexidades.
Quem ganha com tudo isso? Quem perde? Ganhar ninguém ganha, nem os que pensam que ganham. Perder, todos nós infelizmente perdemos. Calma, já me explico. Um pouco de paciência...
Tente se afastar de cada “circo” que citei e observar panoramicamente as cenas das manifestações, da Copa e das eleições. Todas elas produziram infindáveis discussões, acusações, ofensas, zoeiras, criando grupos opositores que, em muitos casos, ultrapassaram todos os limites do respeito, da tolerância e do razoável. Continue observando, quem ganha com um clima assim? Quem aplaude uma nação assim?
Mas não é legítimo termos e defendermos uma opinião? Sim. E o é independente se a mesma é boa ou ruim, certa ou errada. Mas, como disse, o momento é tenso, os “circos” citados parecem denunciar outra surrada frase usada em tempos de crise: “O circo está pegando fogo.” Fogo queima, destrói, rouba e mata. E quem se deleita com tal espetáculo? Quem ganha?
“Para o mundo que eu quero descer”, é outra frase repetida aos montes como resultado destes circos. Mas não é, nem de longe, o caminho. Afinal, um povo segmentado, dividido em múltiplas partes, fragmentado nos seus sonhos, cativo de esperanças, é um povo enfraquecido. Lutando porque perdeu, lutando porque ganhou, zoando porque perdeu, zoando porque ganhou.
Não é para isso que somos humanos. E, em milhões de casos, não é para isso nem por isso que seguimos o Cordeiro que foi morto e ressuscitou. Leia, se forme, se informe, contribua, voluntarie-se, ajude, compartilhe, vote, torça, escolha. Ainda assim, não abra mão da cruz, da adoração exclusiva Aquele que vive, não abandone a fidelidade a Ele. Nenhum homem salva, nenhum partido salva, nenhum time salva, somente Ele salva.
Circo, por melhor que seja, é só circo. Pão, por melhor que seja, é só pão. Pão e circo, como fartamente visto e revisto na história, têm data de validade. Seja qual for o tipo de pão e o tipo de circo que eu escolhi, que você escolheu, que nós escolhemos, não importa, a agenda deles não têm compromisso sério com a agenda do Reino que luta para se expressar entre e através de nós.
Pão e circos dominaram boa parte da igreja brasileira. Aquela hora de adoração semanal não faz nem cócegas frente aos circos disponíveis: BBB, futebol, novelas, filmes, drogas, festas, raves, sexo casual, sexo grupal, cervejada, bebidas fortes, pornografias mil, rebeldias, hipocrisias, delinquências, abusos de poder, armações, aberrações, proféticas manipulações, adultérios, separações, traições, abandonos, falsificações, encenações sórdidas com pitadas de piedade, enfim, uma desgraceira só.
Reparou? É muito circo. Nos núcleos da família, da escola, da universidade, da igreja, das empresas, da cidade, do estado, do país. Circos de todos os tamanhos e para todos os gostos. Produzindo rachas, divisões, grupos. A todos enfraquecendo enquanto novos “circos” estão sendo pensados para serem empurrados goela abaixo.
E aí? Vamos continuar nessa ilusória disputa de “quem é o mais inteligente, o mais engraçado, o mais esperto, o mais certo”? Vamos continuar nos confrontando e nos ofendendo enquanto o inferno ri da nossa incapacidade de usar os joelhos, a voz, o intelecto e o coração? Afinal, a solução está nas escrituras, de forma direta e reta: “Se o meu povo, que pertence somente a mim, se arrepender, abandonar os seus pecados e orar a mim, eu os ouvirei do céu, perdoarei os seus pecados e farei o país progredir de novo” II Crônicas 7:14 (BLH).
Pão e circos sobram e vão detonando a tudo e a todos que se deixam influenciar por eles. E a oração? Mas qual oração? Segundo o texto de II Crônicas aquela que é antecedida por humilde arrependimento e radical abandono de pecados. É esta oração que rompe o céu, a oração do contrito, abatido, sincero e quebrantado de coração.
Ah! Se a igreja brasileira resolvesse dobrar os joelhos somente a Deus... Pela fé eu vislumbro que muitos resistem às seduções de baal, estão alertas. Esse é o tempo. Enquanto a igreja estiver anestesiada pelas benesses materialistas deste tempo e embasbacada com performances de A, B ou C, tudo irá de mal a pior. É urgente voltar ao primeiro amor. É urgente colocar a fé em ação. É urgente crermos, praticarmos e mostrarmos que, sim, há poder na oração.
Paz!
- Edmilson Mendes
e-mail: [email protected]
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições