Segunda-feira, 6 de setembro, 18h. Estava com minha esposa e filhos no Conjunto Nacional, Av. Paulista, na Livraria Cultura. As 19h aconteceria uma palestra com Philip Yancey, era o lançamento mundial do livro de sua autoria: Para que serve Deus, editado pela Mundo Cristão. Tudo correu como previsto. Sala lotada, um tanto de gente igual ao que entrou ficou para fora, aguardando a noite de autógrafos.
No livro, o autor tenta responder a pergunta que se apresenta nos momentos e fases quando a fé é tratada em seus extremos: Para que serve Deus? Ao longo dos capítulos, Yancey narra os fatos esmagadores que de alguma forma ele acabou participando ou teve contato e, a respeito dos mesmos, ministrou palestras, agora, reproduzidas no livro. Vale a leitura, pois trata-se da visão sensível e critica de quem viveu a experiência narrada.
Estou saboreando o livro. Fique tranqüilo, não vou contar as histórias que estão lá. Mas não posso me furtar de compartilhar uma lembrança que o primeiro capítulo provocou em mim. Nele, Philip narra um capotamento que poderia tê-lo levado a óbito. O que acontece, as lições e o desfecho do que aconteceu deixo por sua conta, leia o livro. O que quero é lhe contar o que aconteceu numa madrugada quando eu voltava de Belo Horizonte.
Meus filhos eram pequenos. Na época eu tinha uma Blazer. Sempre que viajávamos a noite, baixávamos o banco de trás, enchíamos de edredons e almofadas, as crianças adoravam, virava um verdadeiro quarto para elas. Era madrugada, o Matheus e a Mariana dormiam. Ao meu lado, a Regina também dormia. A viagem seguia tranqüila, apenas o barulho do motor e o João Alexandre cantando no som do carro. A Fernão Dias estava bem vazia, a noite estrelada, tudo calmo, muito calmo. Foi aí que eu me descuidei.
Numa curva bem extensa, sem me dar conta, entrei a quase 120 km/h. Não me pergunte como, simplesmente não olhei para o velocímetro. Na curva, um lado da estrada tinha a proteção da montanha, o outro lado não tinha proteção, era um precipício. Perdi o controle do carro assim que começou a curva. A Blazer inclinou 45 graus ficando apenas com duas rodas na asfalto, para piorar, rente ao precipício.
Senti terror, pavor, medo. Tremendo e transpirando só de escrever meu coração estremece eu olhava para minha família que tão somente dormia. Aquela curva parecia interminável. Clamei a Deus, pedi perdão, implorei por minha esposa e filhos, desesperadamente assisti o filme da minha vida. Nada importava mais, apenas a vida.
A curva, enfim, terminou. O carro, graças a Deus, voltou à posição normal, com os quatro pneus na estrada. Reduzi, respirei, chorei e agradeci. Somente meia hora depois consegui acordar minha esposa. Assustada, ela perguntou se tinha acontecido algo. Pausadamente lhe contei, choramos e oramos longamente agradecendo a Deus.
Dia seguinte, já em Campinas, visitei meu pai. Preocupado, ele me perguntou se tudo estava bem, disse que sim. Então ele me disse que naquela semana ele foi extremamente incomodado a orar por mim. Pegou a Bíblia e fez algo que rarissimamente faria, talvez tenha sido a primeira vez. Confuso, sem saber o que ler, abriu aleatoriamente a Bíblia e colocou seu dedo em cima de uma palavra. De olhos fechados orou a Deus e pediu que a palavra que estivesse abaixo do seu dedo se cumprisse. Terminou a oração, abriu os olhos e viu que havia aberto a Bíblia na concordância! Curioso tirou o dedo e leu, a palavra era livramento.
Choramos juntos e o acalmei, dizendo que o livramento já havia acontecido. Deus estava lá. Eu poderia ter morrido, e Ele estava lá. Minha família inteira poderia ter morrido, e Ele estava lá. Perdi amados e bens nas mais diferentes circunstâncias e, em todas as perdas, Deus estava lá. Deus me livrou daquela tragédia, no entanto, não me livrou de outras, mas, em todas as situações, Ele estava lá. Para que serve Deus? Estou vivendo, aprendendo, esperando e buscando as respostas nos grandes e pequenos eventos da minha fé. Gosto de pensar que Ele gosta de responder aos que nEle esperam e confiam. Busque, espere e confie. Aquele que dá, é o mesmo que tira. Aquele que tira, é o mesmo que torna a dar. Jó tinha razão, seja qual for a circunstância, bendito seja o nome do Senhor.
Paz!
Pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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