Poliamor vem do inglês polyamory. Trata de relações amorosas com inúmeros parceiros ao mesmo tempo, recusando a monogamia como princípio ou necessidade. Mas isso já vem acontecendo faz tempo, diria você. Certamente, mas o poliamor dá uma plástica ética para a bagunça dos relacionamentos atuais. O poliamor defende a possibilidade de se envolver, com responsabilidade(!), em relações íntimas e duradouras com várias pessoas simultaneamente onde todas são poliamoristas, portanto todas se movimentam pelas regras do poliamor.
Novidade? Talvez por aqui, talvez para mim e para você. Mas como movimento organizado já existe há mais de vinte anos nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. No ano de 2005, em Hamburgo, Alemanha, foi realizada a primeira conferência internacional sobre o tema. As exposições e debates mostravam a falência da monogamia romântica frente aos benefícios de amar e ser amado várias vezes ao mesmo tempo por variadas pessoas, até porque, defendem os poliamoristas, uma só pessoa não tem capacidade de complementar outra em todas as necessidades e, outro destaque, uma vez que todos os envolvidos aceitam se relacionar assim, acaba-se com o medo da solidão, abandono e traição, problemas típicos de quem vive tendo que ser fiel num relacionamento entre apenas duas pessoas.
Se é a primeira vez que está tendo contato com o assunto, não se engane, o poliamor já vem sendo comentado, discutido e praticado por muitos em nosso país. Como modo de vida, também não se engane, é só uma questão de tempo para estar em todos os tipos de prateleiras e ser naturalmente escolhido entre tantos outros. Mudanças de visão, muitas vezes são morosas, mas acontecem, como bem argumentou uma sexóloga: ''Se na década de 1960, alguém afirmasse que o divórcio seria a coisa mais comum no mundo nos anos 2000, ninguém acreditaria. E se dissessem para a avó da sua mãe que casar virgem seria normal um dia? Com certeza ela responderia: Impossível''. O cenário atual, no que diz respeito a divórcio, separação e virgindade, décadas depois dos anos sessenta, como temos testemunhado, é um caos total.
Nos conteúdos que li sobre poliamor e poliamoristas, uma argumentação que se repete é quanto a impossibilidade de se praticar o amor incondicional, o tipo de amor anunciado e oferecido por Deus através de Cristo. Assim, se nós humanos não somos capazes de amar incondicionalmente, resta-nos o amor condicional. Lógico, o raciocínio dos poliamantes não é tão simples. Entendem que o amor condicional é o que faz sentido para nossas limitações e falhas evidentes na capacidade de amar, pois sempre estaremos a querer algo em troca. Logo, o que um não tem para trocar, outro tem, tudo numa rede de relações livres, abertas e sem cobranças, apenas uns completando outros.
Poliamor é só mais um novo nome para antigos erros. É mais uma tentativa de tornar o errado, certo, o amargo, doce. Sim, somos limitados e incapazes de satisfazer todas as necessidades de quem quer que seja. E esta não é uma condição exclusivamente individual. Um grupo de amantes também não consegue satisfazer uma só pessoa na sua integralidade. Salomão tinha mil mulheres à sua disposição e as grandes reflexões que ele nos deixou foram a respeito de suas frustrações, fracassos e dramas existenciais.
Amar é uma decisão. Eu era um pecador perdido e sem salvação, mas Deus decidiu amar o mundo de tal maneira que deu a Cristo para a salvação de todo aquele que crer nEle, o Filho, o Rei, o Salvador da raça humana. Neste ato de dar o filho, Deus me amou incondicionalmente, tirando-me do status de pecador perdido para pecador salvo por sua graça. Nesta nova posição sou vocacionado e capacitado a amar incondicionalmente? Nem sempre. Imperfeitamente? Sim. Mas nEle e com Ele, aprendemos e amamos um pouquinho a cada dia, crescendo e existindo em nós experiências realizadoras e prazerosas em todos os tipos de amor dos quais a Bíblia trata.
Amor incondicional ou condicional? O argumento de que não sabemos amar incondicionalmente não se sustenta. Meus limites, fraquezas, desejos meramente carnais, caprichos materialistas, interesses lucrativos, vantagens, ganhos, preferências, enfim, meu DNA afetivo e espiritual com todos os seus defeitos e qualidades, aparecerá em todo e qualquer caminho que escolha. O detalhe está na sedução lógica do discurso do poliamor, com propostas que parecem que por fim darão um ponto final às minhas necessidades afetivas, mas não darão. Minha condição limitada e pecadora, assim como de todos os parceiros envolvidos no poliamor, é o combustível suficiente, e garantido, para fazer tudo terminar em fracassos, embora iludir com seus momentos de ''sucesso''. Mas esta mesma condição, limitada e pecadora, inundada no incondicional amor de Deus, cresce, amadurece e descobre a cada dia aquilo que o mundo tenta a todo instante esconder, a existência de um amor verdadeiro e transformador, amor que viveremos plenamente quando vier a perfeição anunciada por Paulo em I Coríntios 13, o amor de Cristo, demonstrado na cruz, incompreendido pelo mundo, desprezado por muitos e aguardado por seus filhos.
Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.
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