Qual a parte mais difícil da oração do Pai Nosso?

A parte que eu fico absolutamente exposto e a disposição de algo que nunca sei o que será, é a parte “seja feita a Sua vontade”.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: quinta-feira, 14 de novembro de 2019 às 15:50
(Foto: Thinkstock)
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Uma vez fiz esta pergunta numa igreja, a maioria das respostas foi “assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. O perdão realmente é algo difícil, conquanto seja uma poderosa fonte de cura para os mais complexos relacionamentos. As frases, quando se é necessário perdoar ofensas graves, se repetem: “Perdoo tudo, menos isso...”, “Isso que fizeram comigo não tem perdão”, “Não dá pra perdoar um desaforo como esse...”.

É difícil, concordo. Mas veja alguns pensamentos sobre a nobreza do perdão: “Nada encoraja tanto ao pecador quanto o perdão.” William Shakespeare, “Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.” Machado de Assis, “O fraco jamais perdoa, o perdão é uma característica dos fortes.” Mahatma Gandhi e, por último, um pensamento de Benjamim Franklin, que parecia concordar com a opinião de muitos sobre a parte de perdoar ser a mais difícil da oração, “As três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo.”

Perdoar é difícil, certamente. Mas também é atitude nobre. Quando estamos diante de atitudes sinceras de perdão, geralmente louvamos os envolvidos, afinal, perdoar quem nos ofendeu e receber o perdão daqueles que ofendemos restaura relacionamentos, possibilita recomeços, viabiliza as vias emocionais para se construir novas pontes de diálogo, ajuda e compartilhamento de ideias e ideais.

Este, porém, é o meu limite. Concordo apenas que o perdão é difícil. Mas não concordo que seja a parte MAIS difícil da oração. Para mim, a parte mais complicada, complexa, que me deixa nu, sem muletas pra me escorar, a parte que eu fico absolutamente exposto e a disposição de algo que nunca sei o que será, é a parte “seja feita a Sua vontade”.

Somos carnalmente e fanaticamente apaixonados por nossas vontades. Queremos que elas se realizem custe o que custar. Temos ótimas explicações e justificativas sobre o porquê das nossas vontades serem melhores que outras. Fazemos votos, campanhas e muitas orações para conquistar a realização das nossas vontades. Talvez por isso o tamanho das frustrações entre muitos crentes seja tão grande. Pois via de regra a vontade de Deus tem sido diferente da nossa.

Por favor, não confunda o que estou escrevendo. É bom termos vontades. Vontade de vencer, trabalhar, conquistar, fazer, criar, realizar. Não devemos simplesmente agir como seres que não têm vontades, pois as temos. O foco aqui é sobre o fato que, para Cristãos que como servos se submetem a Cristo, existe uma vontade perfeita que está acima das nossas vontades imperfeitas.

Este é o ponto. Realizar a vontade do Senhor exige renunciarmos a nossa em muitas situações. O profeta Jonas que o diga! Em outras palavras, estar dentro da vontade de Deus é submeter-se à vontade dEle em nossas vidas e, muitas vezes, a vontade do Pai será diferente da nossa. Confiança é a palavra, pois resistir à vontade de Deus e priorizar a nossa nunca termina bem, dura apenas o tempo de nos arrebentarmos em alguma cilada para concluirmos: Teria sido bem melhor seguir a vontade do Senhor.

Por último, lembre-se: sempre que aqui obedecemos, recebemos e realizamos com prazer a vontade do Pai, estamos experimentando gotas da eternidade, afinal, a vontade do Pai realizada aqui é exatamente como ela é realizada no céu, com obediência e prazer por parte de todos os seres celestiais.

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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