Antigamente móveis e eletrodomésticos duravam décadas. A matéria prima usada, cada peça, cada prego e parafuso, tudo era resistente, como se dizia, as coisas eram feitas pra durar. Até o dia que a indústria percebeu que qualidade demais gerava lucro de menos, então nossa geração deu adeus pra durabilidade e passou a ficar de olho na data de validade.
Tudo que se produz hoje, ainda que com tecnologia infinitamente superior daquela da época dos nossos avós, é produzido e pensado pra durar pouco. De preferência que sejam coisas descartáveis que, ao quebrar, a opção seja jogar fora, e não consertar. Essa realidade garante produção, venda, aquisição, negócios, ou seja, faz a economia girar.
E essa realidade é constatada não apenas em móveis e eletrodomésticos, mas em praticamente tudo, seja um objeto barato, seja um objeto caro. Roupas, calçados, acessórios, carros, celulares, computadores, etc. O resultado é um só, a data de validade das coisas tem diminuído a cada ciclo, ficando cada vez menor.
“Não sois máquinas, homens é que sois”, esta frase de Charles Chaplin fica quase sem sentido nos tempos atuais. Das coisas, os prazos de validade também já são usados largamente para definir pessoas. De tão saturado pelo conceito da pouca durabilidade e do descarte final para se adquirir algo novo, o homem deste tempo tem aplicado o mesmo valor para os seus relacionamentos.
A amizade está chata? O casamento só dá defeito? A igreja não realiza cultos que satisfazem meus desejos? A solução está bem ali nas vitrines da vida, é só dar uma passeada pela internet e pesquisar, não faltarão opções de novas amizades, novas parcerias para se viver um grande amor, novos estilos de igrejas que atendam aos mais variados devaneios gospels.
Ou seja, quando as coisas parecem travar, emperrar, patinar, a interpretação fácil é a de que a data de validade chegou, que é hora de trocar de ares, de ambientes, de realidades, de... pessoas! Mas será que é assim mesmo? Será que a opção fácil de se colocar um carimbo no outro com uma data de validade vencida, é uma boa? E quando formos nós a sermos carimbados e trocados? Como nos sentiremos, como gente ou como coisa?
Fomos criados para a eternidade. A única coisa que tem data de validade em nossa realidade momentânea é o dano causado pelo pecado, porque o pecado tem dia e hora para conhecer seu fim. Mas somente o pecado. Porque pecadores têm a chance de continuar a viver a eternidade que tanto buscam e sonham. Basta sonhar e buscar em Cristo.
Como consigo afirmar essas coisas? Simples. Deus nos deixou algo eterno, algo que não tem data de validade, algo do qual somos alvos e dura para sempre: "Dêem graças a Deus, o Senhor, porque Ele é bom, e porque o seu amor dura para sempre.” Salmo 107:1. Exato! O amor de Deus não tem fim! E graças a Deus, porque nada e ninguém tem poder para colocar data de validade no amor do Pai.
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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