Que parva que sou

Que parva que sou

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:28

Na década de 60, as chamadas músicas de protesto eram moda nas rádios, quase todas as bandas tinham algumas no repertório. Sem grandes ideais, a geração atual vai se contentando com qualquer coisa, é uma geração que quer mais é ficar em casa, não se importa em depender dos pais, quer ter roupas de marca, pizza e hambúrguer, e quase nada de compromisso.

Quando a água começa a bater no nariz, aí todos se mexem, até os mais acomodados. Pelos lados da Europa a coisa tá feia, a água já chegou no nariz, a crise econômica amedronta todas as populações do velho mundo. É neste cenário que muitas músicas de protesto estão fazendo sucesso por lá, não só sucesso, estão mobilizando as pessoas diante de situações insustentáveis.

Um exemplo merece destaque. É a música Que Parva Que Sou, do quarteto lisboeta Deolinda, de Portugal. Críticos apontam esta música como a maior influência para a mobilização da juventude desempregada do país, pois a letra da canção foca a condição dos estudantes recém-formados, que são obrigados a assinar contratos provisórios de trabalho, sem qualquer tipo de garantia ou benefício. A letra diz assim: Sou da geração sem remuneração, e nem me incomoda esta condição. Que parva que eu sou! Porque isto está mal e vai continuar. Já é uma sorte eu poder estagiar. Que parva que eu sou! E fico a pensar, que mundo tão parvo, que para ser escravo é preciso estudar.

Parva, numa tradução livre, significa idiota. Que idiota que eu sou, é o grito de protesto da música. Lá em Portugal, foi esta canção que despertou uma enorme onda de protestos da conhecida Geração à Rasca. Traduzindo: Geração Abandonada.

Quem sabe, se o atual lixo musical que é produzido na atualidade fosse substituído por músicas com ideal, com lutas legítimas, quem sabe não teríamos um Brasil um pouco melhor. Pensar faz bem. Engolir tudo o que as mídias nos vendem só porque nos chegam com o rótulo de coisa moderna, é tudo que o sistema quer, pois a falta de crítica facilita a manipulação descarada que se impõe sobre nós.

Não somos parvas, muito menos uma geração à rasca. Enfim, não somos nem idiotas, nem abandonados. Somos filhos, temos um Pai e uma morada em sua casa. Negar nossa origem é o mesmo que se expor aos esquemas do mundo. Se a música de protesto de um quarteto português mobilizou a juventude lusa, o que não poderão fazer os louvores que honram e glorificam ao Rei? Não somos parvas em protesto, mas sim servos protestantes desde a Reforma. Para não perdermos o foco é preciso não perder o conteúdo daquilo que importa protestar. E o que importa continua lá, nas páginas inspiradas das sagradas escrituras. Um mínimo tempo diário de leitura poderá marcar o início de um novo tempo para esta geração. Que tal começar?

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: ''Adolescência Virtual'', ''Por que esta geração não acorda?'', ''Caminhos'' e ''Aliança''.

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