A riqueza contra a simplicidade

A riqueza é o avesso da simplicidade quando encontra corações caídos, egocêntricos, hipnotizados pelos valores destes loucos tempos.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: quinta-feira, 5 de outubro de 2023 às 15:39
(Foto: Unsplash/Everton Vila)
(Foto: Unsplash/Everton Vila)

A riqueza sempre seduziu. Ser rico é sonho de muitos. Muito poucos, muitíssimo poucos conseguem. Mas a riqueza está lá, no imaginário de cada um. E no imaginário tudo se multiplica, status, poder, posição, poder, superioridade, holofotes, brilho. Coisas que a riqueza compra.

Mas ela compra cada vez mais. Saia das coisas e experimente o corpo. Tecnologia não falta para se ter o corpo que quiser. Procedimentos e cirurgias fazem hoje o que ontem nem imaginávamos que seria possível um dia. Não para por aí. Uma vez que se tenha o corpo ambicionado, riquezas podem comprar os corpos desejados.

A riqueza é o avesso da simplicidade quando encontra corações caídos, egocêntricos, hipnotizados pelos valores destes loucos tempos. Tempos nos quais tudo que afronta os valores judaico-cristãos vem sendo sistematicamente glamourizado. Tudo. Drogas, álcool, pornografia, crime, decadência. Pesquise, rapidinho você encontrará exemplos de glamourização em todos estes temas.

Vou te oferecer mais um exemplo. Já acompanhei muitos casais em processo de separação. Sempre dói. Consensual, litigiosa, amigável, em pé de guerra, não importa, a separação deixa traumas. Faz tempo que celebridades se casam e se separam como quem troca de camisa, fazendo com que aquilo que é anormal na perspectiva bíblica se pareça normal. Agora, no entanto, a glamourização chegou na separação.

O assunto destes dias foi a separação da Sandy e do Lucas. 15 anos de casamento, um filho de 9. Então com palavras tipo “nos amamos, foi lindo, nosso filho é a materialização do nosso amor, somos amigos, nossa história foi linda, mas sentimos que era hora de terminar. Fizemos uma viagem pra Europa, tentamos, mas não deu...”

Por que chamo de “glamourização”? Porque é tudo “bonitinho e fofinho” demais. “Como adultos maduros, antes que tudo piore, já que tudo esfriou, entendemos que era a hora...”, é esse o testemunho que estão passando publicamente. Pense no estrago junto a milhares de fãs. Quantos casais vivem momentos e ciclos parecidos?

Quantos começarão a pensar seriamente na possibilidade? Teve até um Altas Horas divulgando e validando com todos os recursos técnicos de enquadramento, close, luz, som e edição, que são milimetricamente feitos para fazer emocionar, chorar e... aprovar.

Aqui me limito ao que eles oficialmente estão divulgando. O que de fato e o que mais aconteceu não sabemos. E nem nos interessa. O que temos é um levantar de bandeira da-pra-separar-de-boa-e-tá-tudo-bem-! Oi? Pode até ser que seja assim na bolha das celebridades, na vida real as coisas não funcionam assim. Como diz o sábio, “Deus fez tudo perfeito, mas o homem procurou outros caminhos...”

Tour pela Europa, carrões, mansões, milhões de seguidores, milhões de reais de faturamento todo mês, nada disso foi suficiente pra manter saudável, ativo, cheio de brilho, de amor, de cumplicidade, de parceria, nada disso segurou o casamento. Riqueza de bens, de amigos, de recursos, de oportunidades que poucos têm, nada disso foi capaz de preservar a beleza, a profundidade e a simplicidade que devem marcar a vida conjugal.

Casais, para suportarem e vencerem as provações que a vida impõe, precisam de apenas dois seguidores. Eles estão claramente definidos no Salmo 23: “Bondade e Misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida”! Submeter nossa casa e família ao Cristo do evangelho, é ser alvo certo da bondade e da misericórdia dEle, e é assim que nosso amor se sustenta, se mantém fiel, se multiplica, se aprofunda e encontra propósito.

Talvez esteja faltando para muitos casais “um lugarzinho no meio do nada, com sabor de chocolate e cheiro de terra molhada”, e tudo isso porque “era uma vez a riqueza contra a simplicidade”, poesia tão bem cantada por Sandy&Junior e Toquinho. Oro por eles como tenho orado por centenas de casais, mas não dá pra achar normal o que a bíblia não considera normal.

E infelizmente, já vejo muitos nas comunidades da fé, achando tudo isso lindo e, neste “achar lindo”, só vai aumentando o volume de famílias frágeis, fracas, prontas para serem destruídas pelas filosofias atuais.

Não, casamento não é descartável. Casamentos quebrados devem ser consertados, casamentos doentes devem ser curados, casamentos fracos podem ficar fortes, casamentos frios podem ser novamente aquecidos. Como? Quando os dois de fato submetem seus sentimentos, dores, frustrações e sonhos ao comando e liderança do Autor da família, Aquele que perdoa, renova, defende, abençoa e prospera seus filhos. Pois tudo que fazemos, inclusive o casamento, se for sem Ele, já era uma vez...

Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Perfeito e pecador, é possível?

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