Uma antiga música afirma que “obedecer é melhor do que sacrificar”. De fato é melhor. Só que a letra da música não deixa claro o fato que é mais difícil obedecer do que sacrificar.
Sacrifício tem seus méritos e dificuldades, é verdade. Sacrifício tem um valor visível, é fato. Sacrifício tem entrega e dedicação, é inegável. Ainda assim, é mais fácil sacrificar do que obedecer.
E por que é mais fácil? Ou, se preferir, por que é menos difícil? Porque é um ritual. Como ritual, se seguido a risca, cumpre seu objetivo. Sendo assim, quem segue o passo a passo certinho faz um bom sacrifício, tem méritos, é reconhecido.
Isto era real nos tempos do AT, e o é para as religiões que ainda mantém ritos sacrificiais. Repetindo: reconheço o empenho e dedicação de toda pessoa que se aplica ao rigor do rito. Obedecer, no entanto, é mais difícil.
Obedecer é melhor, porém é mais difícil do que sacrificar. Obedecer não se resume a um ritual litúrgico em determinado dia, mas em prática constante e diária, um hábito bom que a cada escolha e decisão nos confronta com fazer ou não o certo, agir moral ou imoralmente, ser ético ou antiético, enfim, obedecer ou não os valores que devem nortear caminhos retos para a vida.
Por tudo isso é difícil. Obedecer implica dizer não para muitas coisas, situações e pessoas. E nem sempre essas coisas, situações e pessoas serão ilícitas, porém serão muitas vezes inconvenientes. O “importa antes obedecer a Deus do que aos homens” causará tristezas, decepções e inimizades em algumas vezes, mas é, de fato, o que importa.
Obedecer é difícil porque aponta para um relacionamento diário e íntimo entre filhos e Pai. E qual relação pai e filho não é marcada por emoção e tensão? A intimidade de afetos e confianças tem seu preço no enfrentamento de crises e, tais enfrentamentos, chegam para todos, inclusive para os obedientes.
Enfim, é mais difícil obedecer do que sacrificar, mas é melhor. Pois obedecer implica em sacrifício santo no interior do coração, enquanto rituais sacrificiais exibem obediência exterior apenas. E a transformação que buscamos é aquela que faz de nós pessoas melhores, aquela que revoluciona o interior e sai de dentro pra fora, aquela que enquanto processada no interior, só Deus vê.
Por tudo isso o ideal é o equilíbrio entre obediência e sacrifício. Afinal, os antigos sacrifícios que faziam parte da antiga aliança vigentes antes da cruz, em Cristo se renovam na adoração que a Ele ofertamos com todo nosso ser, alma e corpo. Hoje, no altar, nosso coração é a oferta, nossa transformação é a consequência, nossa vida é o sacrifício. O valor de todos estes gestos e atitudes aparentes e verificáveis, no entanto, só se torna real e com significado se forem fruto da espontânea obediência que nasce no interior do coração, lugar onde a traça não consome e nem o ladrão rouba, o local onde nossa fé está protegida e segura em Cristo Jesus.
Paz!
- Edmilson Mendes
e-mail: [email protected]
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições