Romanticamente, ainda nas descobertas e purezas da fase incomparável que acertadamente chamamos de “primeiro amor”, defendíamos junto com o apóstolo que a emoção era andar pela fé e não pelas imagens objetivas que os olhos conseguiam ver. Mas as outras fases, não tão românticas, cuidaram de ir modificando o tipo de fé que inicialmente a maioria abraçou. Uma fé mais questionadora e cheia de dúvidas. Por um lado bom, por outro nem tanto.
O lado bom é óbvio. Uma fé inteligente e racional precisa ser questionadora, precisa honestamente expor suas dúvidas, pois é na investigação humilde dos que buscam compreender, aprender e descobrir dia a dia, que o consequente fortalecimento da fé acontece.
Já o outro lado nem tão bom, se explica por um tipo de ceticismo prático que vai aos poucos tomando conta das dúvidas e dos questionamentos, pois passa-se a viver um tipo de fé baseada na experiência. Só vale se for sentido, experienciado. Só tem valor se for possível ser explicado. E a explicação que vale é somente aquela que eu compreendo, portanto tudo precisa ser aceito como compreendo.
Junto à fé, precisamos de mais humildade, afinal não teremos respostas para todas as nossas dúvidas e questionamentos. Deus soberanamente dá ou não tais respostas, e quando as dá é sempre no tempo e nos termos dEle. É neste contexto que tenho sentido uma enorme falta de fé. É neste vácuo que surgem teses teológicas as mais estranhas. Precisamos de humildade para nos curvarmos ante os mistérios do Grande, ante o inexplicável amor e o incomparável poder do único Deus revelado nas escrituras.
A fé precisa ser regatada nas metanarrativas, o Cristo que adoramos nasceu de uma virgem por obra do Espírito, jamais se enganou ou pecou, morreu em nosso lugar, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e sua igreja aguarda sua volta, visível e pessoal. Todos estes, são temas da fé. A ciência não explica.
Nesta altura precisamos servir um bom café. Neste texto café simboliza o resgate do bom papo, saudável, edificante, companheiro, vivo. Papo entre amigos. Papo entre pessoas que querem se conhecer e ouvir as ideias do outro. Papo entre pessoas que discordam, têm pontos de vista diferentes, mas tudo temperam com respeito e esforço por conhecer e aprender um pouco mais com as visões compartilhadas. Papo de gente que abre o coração sem receios de julgamentos ou chacotas. Papo que ao final deixa sempre um gosto de quero mais, jamais o gosto de “ganhei” ou “perdi”. Desculpe os que não gostam, mas papos assim pedem sempre a moderação de um bom café!
Pense nisso. Largue um pouco as armas. Sente-se a mesa. Se ao final perceber que a comunhão de ideias não é possível, apenas siga o conselho do salmista, não se sente mais à mesa com escarnecedores. Minha sugestão aqui é apenas no sentido de sermos mais longânimos e misericordiosos no dia a dia. No mais é só confiar no autor e consumador da nossa fé, Aquele que nos criou, nos amou, nos resgatou e, para suportarmos com mais resiliência estes dias tão trabalhosos, nos abençoou com toda sorte de bênçãos, entre elas, o café.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições