Um ano de chances

Um ano de chances

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:25

No title Abra sua Bíblia no capítulo quatro do profeta Daniel, no versículo vinte e sete você vai encontrar o servo de Deus fazendo o que tem de fazer um profeta. Diante de um rei ele não se intimida, não bajula, não negocia. Depois de interpretar um sonho de Nabucodonosor, sonho que avisava sobre a condição animalesca que o rei iria viver durante um período como conseqüência de suas injustiças e pecados, Daniel olha para o rei e lhe dá o seguinte conselho: "Portanto, ó rei, aceita o meu conselho: Renuncia a teus pecados e à tua maldade, pratica a justiça e tem compaixão dos necessitados. Talvez, então, continues a viver em paz.".

Daniel é claro, sem rodeios explica o significado do sonho. A seguir, sem receios dá um conselho, orientando para que o rei renunciasse aos seus erros para que, talvez, Deus viesse a mudar sua sentença. Mas conselho, como sempre enfatizo nos papos com adolescentes, só é bom para quem ouve e pratica. Caso contrário, bons conselhos são perdidos, desprezados e jogados ao vento.

E Nabucodonosor, o que fez? Os versículos seguintes informam que ele continuou o mesmo, afogando-se em soberba e arrogância, "Doze meses depois, quando o rei estava andando no terraço do palácio real da Babilônia, disse: Acaso não é esta a grande Babilônia que eu construí como capital do meu reino, com o meu enorme poder e para a glória da minha majestade?". Observou bem o texto?  Doze meses depois do conselho de Daniel, Nabucodonosor continuava de peito estufado e nariz empinado, continuava se achando o cara, mas não deu nem para prosseguir com seus auto-elogios, pois o versículo seguinte bruscamente o interrompeu: "Ainda estava a palavra nos lábios do rei, quando veio uma voz do céu que disse: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino e serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e os dá a quem quer".

A tragédia pessoal de Nabucodonosor tem muito a nos ensinar. Apesar do volume incalculável de pecados no seu reinado, Daniel o aconselhou a mudar de atitude, e Deus lhe deu ainda um ano de novas chances para que mudanças fossem processadas, mas não, o rei se achava muito poderoso, achava que jamais cairia, no entanto caiu.

A esmagadora maioria de nós não tem as riquezas que teve Nabucodonosor, mas o vírus do orgulho e da auto-suficiência é uma incontrolável epidemia nos nossos dias. O que não falta são pessoas, grandes ou pequenas, ricas ou pobres, construindo e defendendo reinos particulares. As expressões ouvidas atualmente lembram em muitos aspectos a fala de Nabucodonosor: "Aqui quem manda sou eu. Na minha igreja eu não permito pecadores. O meu dízimo é que sustenta o pastor, portanto, ele que trate de não mexer com a minha família. Eu isso, eu aquilo. Eu sou mais eu. Eu me basto." Lamentável.

Por que gente assim existe, insiste, persiste? Porque Deus é longânimo, não cessa de renovar chances para todos nós. Infelizmente a maioria acaba por achar que o incêndio nunca acontecerá em sua própria casa, e segue a vida desprezando avisos, esquecendo alertas, relaxando nos cuidados, brincando com perigos. Até que as coisas começam a ruir sem dó ou apelação. A boa notícia é que o tempo do tratamento passa. Os tempos determinados ao rei chegaram ao fim, então, no versículo trinta e quatro vemos o reinício das chances, do perdão e da ordem serem restabelecidos: "Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse ao Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio eterno, o seu reino é de geração em geração".

Notou a sequência? Nabucodonosor primeiro olha para o céu, depois seu intelecto volta a funcionar, e só então ele se rende em glorificação a Deus. Ou seja, sem Deus sua vida era dirigida por irracionalidades, a tal ponto de Deus evidenciar seu caráter ao nível de animais. Com Deus, porém, a racionalidade volta a orientar suas atitudes. Enquanto Deus estiver distante dos centros dos corações, continuaremos assistindo irracionalidades, continuaremos vendo homens e mulheres agindo como animais na carne, nas palavras, nas escolhas, nos escândalos, nos relacionamentos, enfim, nos desprezos a todo tipo de valor cristão. Mas onde houver um homem e mulher dispostos a voltarem seus olhares para o céu, veremos a sanidade da alma voltar, trazendo paz, harmonia, afeto, esperança, enfim, veremos pecadores como eu e você usufruindo as chances perdoadoras e renovadoras do Altíssimo, estimulando e fortalecendo nossas vidas.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

www.mostreatitude.com.br  

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