Laodiceia
Laodiceia, era uma cidade da Frígia, próxima a Colossos. Foi reconstruída por Marcos Aurélio após ter sido destruída por um terremoto em 66 d.C., e seu nome provém do grego λαοδικεια (λαοδικεια) que significa “justiça do povo” (cf. STRONG g2994).
Uma carta do apóstolo Paulo
Além de ler a carta enviada aos Colossenses, essa igreja também recebeu uma carta do apóstolo Paulo. (Colossenses 4:16). Isso significa que o conteúdo de ambas as cartas servia de ensino e/ou exortação para aquelas duas igrejas.
A apresentação de Cristo
Para a igreja em Laodiceia, Jesus também traz uma novidade, e se revela como “o Amém, a fiel e verdadeira testemunha, o princípio da criação de Deus” significando que Ele é “o soberano da criação de Deus” (Ap 3:14, NAA).
Quando Jesus disse que Ele é o princípio da criação de Deus, não está se colocando como uma criatura, ou como se fosse o primeiro a ser criado como dizem as seitas.
Ao dizer que Ele é o “princípio” do grego arché (ἀρχὴ) que tem o sentido de começo, origem, líder, aquilo pelo qual algo começa a ser, a origem, a causa ativa, o primeiro lugar, principado, reinado, magistrado, etc. (cf. STRONG g0746)
Na verdade, Ele não foi criado, pois, o próprio Jesus, sendo Deus, é o Criador de todas as coisas. Jesus é o Verbo ou a Palavra divina:
“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3).
Tu és morno! Eu conheço as tuas obras...
“Eu conheço as tuas obras, que não és nem frio nem quente. Eu gostaria que fosses frio ou quente. Então, como tu és morno; e nem frio, nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” (Apocalipse 3:15-16)
Embora haja especulação sobre águas frias e quentes que se misturavam tornando-se mornas, o texto aponta para o estado do coração das pessoas. Enquanto alguns mantendo o primeiro amor são fervorosos, tendo um coração aquecido pelo Espírito Santo (Lc 24:32; Rm 12:11), outros deixaram esse amor esfriar (Mt 24:12; Ap 2:4,5), no entanto, a igreja de Laodiceia era rica financeiramente, mas miserável espiritualmente. Eles estavam entre aqueles que, mesmo estando apegados ao mundo, ostentando independência e autossuficiência devido às suas capacidades econômicas, acreditavam desfrutar da comunhão do Senhor (Mt 7:21-23).
Por que Jesus disse que eles eram mornos?
“Porque tu dizes: Eu sou rico, e cheio de bens, não tenho necessidade de nada; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego e nu.” (Apocalipse 3:17)
Ou seja, Jesus disse que eles eram mornos, porque queriam servir a dois senhores: a Deus e a Mamom que são as riquezas (Mt 6:24; Lc 16:13; 1Tm 6:10).
Como corrigir a situação?
“Aconselho-te comprar de mim ouro refinado no fogo, para que tu sejas rico; e vestes brancas, para que te vistas, e que a vergonha da tua nudez não apareça; e que unjas teus olhos com colírio, para que possas ver. A todos que eu amo, eu repreendo e castigo; sê zeloso, portanto, e arrepende-te.” (Apocalipse 3:18)
Precisavam “comprar” de Jesus “ouro refinado” indicando que deveriam aprender a amar os mandamentos do Senhor (Sl 119:127), para ter uma fé aprovada (1Pe 1:6-7), vestindo vestes brancas, indicando que deveriam abandonar a nudez seus pecados (Gn 3:10,11) e agir com justiça (Ap 19:8). Além disso, essa igreja não tinha visão das coisas espirituais (2Rs 6:17), precisavam ter iluminados os olhos do coração (Ef 1:18), dessa forma, precisavam ter os “olhos” ungidos, para terem os olhos abertos e serem libertos do engano que se encontravam (At 26:18).
As grandes promessas aos fiéis
“Eis que eu estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, virei a ele, e cearei com ele e ele comigo. Ao que vencer, permitirei que assente comigo em meu trono, assim como eu também venci e estou assentado com meu Pai em seu trono.” (Apocalipse 3:20,21)
Isso realmente é impressionante: Jesus está batendo à porta de uma Igreja, procurando quem possa dar ouvidos à sua Palavra!
A esses que ouvirem sua voz, Ele promete manter comunhão e lhe oferece o privilégio de se assentar em sua companhia em seu trono de glória!
As “Laodiceias” atuais...
Sem sombra de dúvidas, dentre as sete igrejas, essa é a que melhor representa a maioria das igrejas atuais! Antes de prosseguir, perceba que “maioria” não significa “totalidade”. Isso, porque o Senhor sempre conserva um remanescente fiel nas gerações.
Laodiceia era uma igreja pujante, todos os departamentos tinham mais que o suficiente e estavam funcionando perfeitamente dentro dos critérios humanos. Agiam como se fossem “autossuficientes” (Jo 5:5), mas sem o poder do alto (Lc 24:49), eram ineficazes na luta contra os demônios (Mc 16:17,18), e o pior: não sabiam disso! Enfim, tudo o que a gestão humana com seus talentos naturais é capaz de promover, Laodiceia ostentava. Sua estrutura natural estava indo tão bem quanto uma grande empresa bem organizada, enquanto o objetivo principal de uma igreja, que é a atividade sobrenatural, era nitidamente desprezado.
Como muitas igrejas hoje em que seus membros se consideram “sábios”, mas tais “teólogos eruditos” estão ensoberbecidos (1Co 8:1), aprisionados em tradições institucionais que os mantêm distantes da verdade prática das Escrituras. Se consideram “ricos”, mas essa prosperidade egoísta, que não se preocupa com o próximo (1Jo 3:17), não passa de “idolatria” (Cl 3:5). Se consideram “grandes”, mas sua grandeza não é para a glória de Deus (Lc 16:15), por isso, são abomináveis e serão vomitados pelo Senhor (Ap 3:16). Pensam serem numerosos, mas seu crescimento numérico não é fruto de uma mensagem de arrependimento que produz conversão genuína, pelo contrário, apenas se adaptaram a mensagem para abrandar a noção acerca dos perigos do pecado, da justiça e do juízo, a fim de não perder algum membro (Jo 6:66). Jamais estimulam a renúncia das coisas do mundo, omitem a realidade do inferno, buscando atrair todo tipo de pessoas sem as confrontar, mantendo-as sob certo condicionamento comportamental um pouco mais aceitável socialmente, porém, sem a verdadeira libertação, gerada pelo fruto do Espírito (Jo 8:36). São igrejas vistas como “poderosas” economicamente, com grande influência política e midiática, executando várias ações sociais. Apesar de tudo isso, não percebem que são totalmente irrelevantes na esfera espiritual (At 19:14), porque confiam na força do próprio braço (Jr 17:5), tornando-se muitas vezes uma igreja elitista, desprezam os pobres (Tg2:5,6) se esquecendo de praticar a verdadeira justiça (Tg 1:26,27). Por abandonarem o verdadeiro poder de Deus, não deixam espaço na agenda para serem guiadas pelo Espírito Santo (Rm 8:14), por isso, não podem dizer que não possuem prata nem ouro (Ap 3:17), mas também não podem dizer “levanta e anda” (At 3:6).
“Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:22, BKJ)
Bibliografia
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 3ª ed. (Nova Almeida Atualizada). ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia King James 1611 com Concordância e Pilcrows. 2ª. ed. Niterói: BV Books, 2020.
STRONG, J. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
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Felipe Morais é servo temente ao Senhor, e atua como pastor na Igreja Batista do Reino. Pós-graduado em Teologia, é um biblicista apaixonado pelas Escrituras. Comentarista, escritor e cronologista bíblico, atua como professor no YouTube pelos canais Curso Bíblico Online e Devocional Bíblico Online.
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