A Sinagoga de Satanás

A circuncisão de Cristo, por meio do Espírito Santo em nossos corações é o que importa.

Fonte: Guiame, Felipe MoraisAtualizado: sexta-feira, 19 de abril de 2024 às 15:28
Imagem ilustrativa. (Foto: FreeBibleimages/LUMO project)
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Dentre as 7 Igrejas da Ásia, apenas 2 permaneceram sem repreensão: Esmirna e Filadélfia. Além disso, há outra interessante conexão entre elas; ambas sofrem a perseguição da sinagoga de Satanás!

Esmirna

“Eu conheço as tuas obras, e a tribulação, e a pobreza (mas tu és rico), e eu conheço a blasfêmia dos que dizem que são judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.” (Apocalipse 2:9, BKJ)

Filadélfia

“Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que dizem ser Judeus e não o são, mas mentem; eis que eu farei com que venham e adorem diante de teus pés e saibam que te amo.” (Apocalipse 3:9, BKJ)

O Fim do Antigo Testamento

Quando a Nova Aliança foi prometida (Hb 8:6-12, cf. Jr 31:31-34), a Antiga Aliança (ou “Velho Testamento”, cf. 2Coríntios 3:10-18) se envelheceu até ser completamente substituída pela Nova Aliança, que foi estabelecida por Cristo na Cruz (Hebreus 8:13; cf. Lc 22:20; 1Co 11:25; 2Co 3:6; Hb 7:22; 9:15; 12:24), para sempre (Hebreus 13:20). Apesar disso, falsos mestres se introduziram nas igrejas e começaram a promover um retorno às raízes da Lei de Moisés! Com isso, estavam levando muitos irmãos de volta para o judaísmo, sendo, por isso, chamados de “judaizantes”.

A pressão dos judaizantes pela circuncisão na Igreja 

O apóstolo Paulo já havia alertado a Tito acerca dos falsos mestres dizendo: “Porque existem muitos, especialmente os da circuncisão, que são insubordinados, falam coisas sem sentido e enganam os outros” (Tito 1:10, NAA).

Quem são “os da circuncisão”? — esses são os judaizantes, que ensinavam uma doutrina que exigia os irmãos serem circuncidados para serem salvos (Atos 15:1). Paulo enfrenta esses legalistas de modo que, nem mesmo Tito, que era grego, foi obrigado a submeter-se à circuncisão (Gálatas 2:3).

Por que a doutrina da circuncisão é perigosa para os crentes na Nova Aliança?

Observe que a prática da circuncisão numa tentativa de justificação diante de Deus é, na verdade, uma declaração de que a Cruz de Cristo não foi suficiente. Por isso, Paulo afirma: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Por isso, permaneçam firmes e não se submetam, de novo, a jugo de escravidão. Eu, Paulo, lhes digo que, se vocês se deixarem circuncidar, Cristo não terá valor nenhum para vocês. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que o mesmo está obrigado a guardar toda a lei. Vocês que procuram justificar-se pela lei estão separados de Cristo; vocês caíram da graça de Deus.” (Gálatas 5:1-4, NAA)

Então por que Timóteo foi circuncidado por Paulo?

Observe que o motivo da circuncisão de Timóteo não foi para buscar justificação ou aceitação diante de Deus, mas apenas para terem um pouco de liberdade para pregar entre os judeus, uma vez que ele era filho de mãe judia e pai grego, portanto, tratava-se de uma estratégia evangelística (Atos 16:1-3), a fim de que os judeus não usassem isso como pretexto para rejeitar o evangelho (1Co 9:20-23).

De fato, Paulo ensinava com veemência contra a doutrina dos fariseus nas igrejas, ensinos que constrangiam os cristãos, dizendo que deveriam se submeter à circuncisão para serem salvos (Atos 15:1-5), sendo inclusive, esse foi o motivo do primeiro Concílio da Igreja na História. Em relação a isso, os apóstolos alertaram aos irmãos: “Eu, Paulo, lhes digo que, se vocês se deixarem circuncidar, Cristo não terá valor nenhum para vocês. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que o mesmo está obrigado a guardar toda a lei. Vocês que procuram justificar-se pela lei estão separados de Cristo; vocês caíram da graça de Deus” (Gálatas 5:2-4, NAA).

Os sofrimentos de Paulo

O fato de combater severamente tais ensinos nas igrejas, fez com que Paulo sofresse dura retaliação dos judeus, pois o viam como inimigo da Lei de Moisés: “Eles foram informados que você ensina todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da Lei” (Atos 21:21, NAA).

Alguns falsos mestres, estimulavam a circuncisão nas igrejas a fim de evitar sofrer as perseguições dos judeus, então Paulo os denuncia dizendo que “todos os que querem ostentar-se na carne, esses querem obrigar vocês a se deixarem circuncidar, e agem assim somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Pois nem mesmo os que se deixam circuncidar guardam a lei, mas querem apenas que vocês se submetam à circuncisão para que eles possam se gloriar na carne de vocês” (Gálatas 6:12-13, NAA).

A verdadeira e a falsa circuncisão

Qual a importância da circuncisão da Lei para os crentes em Jesus? Nenhuma!

A circuncisão da carne era a primeira, portanto, a principal obra da Lei, por isso, acerca da justificação, Paulo declara: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei ninguém será justificado” (Gálatas 2:16, NAA).

Tenha muito cuidado com qualquer tipo de ensinamento que procure sugerir alguma necessidade de o crente em Jesus praticar a circuncisão, pois “a circuncisão nada é, e também a incircuncisão nada é, mas sim a guarda dos mandamentos de Deus” (1Coríntios 7:19, BKJ), “porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5:6, BKJ).

A circuncisão de Cristo, por meio do Espírito Santo em nossos corações é o que importa, “porque nós é que somos a circuncisão, nós, que adoramos a Deus no Espírito e nos gloriamos em Cristo Jesus, em vez de confiarmos na carne” (Filipenses 3:3, NAA), “Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas pela remoção do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo” (Colossenses 2:11, NAA).

Alertando sobre o perigo de invalidar o efeito da Cruz por meio das obras da Lei, Paulo diz: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão” (Gálatas 2:21, NAA), “mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu estou crucificado para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.” (Gálatas 6:14-15, NAA). 

Então quem são os falsos judeus?

Certamente você compreendeu o princípio espiritual da Nova Aliança acerca do judeu verdadeiro, portanto, os falsos, são os judeus que, rejeitando o Messias, perseguem seus discípulos (Romanos 9:6-8;  Gálatas 4:21-31), incluindo os que se introduzem nas igrejas ensinando a confiar nas obras da Lei (Filipenses 3:2-3), pois, o combate à sã doutrina é também uma forma de perseguição à verdade (Gálatas 2:3-5; cf. Gálatas 5:1-9). Jesus previu a perseguição contra a igreja desses que “se dizem judeus”, mas rejeitam o verdadeiro Messias: “Eles expulsarão vocês das sinagogas, e até chegará a hora em que todo aquele que os matar pensará que, com isso, está prestando culto a Deus. ​Isso farão porque não conhecem o Pai nem a mim” (João 16:2-3, NAA).

Sendo Jesus o único Mediador entre Deus e os homens (1Timóteo 2:5), quem rejeita o Filho não pode ter acesso ao Pai, por isso, João disse: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai” (1João 2:22-23, NAA), portanto, conforme as Escrituras do Novo Testamento, a Sinagoga de Satanás é composta por aqueles judeus que “não eram dos nossos” (1João 2:18,19), por não se submeterem à justiça de Deus por meio de Cristo, mas entravam disfarçados nas igrejas (e ainda entram) procurando introduzir as obras da Lei (Atos 15:24) entre os irmãos: “E isto surgiu por causa dos falsos irmãos que se haviam infiltrado para espreitar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão” (Gálatas 2:4, NAA).

Recapitulando...

Didaticamente, achei por bem revisar esse importante tema, resumindo da seguinte forma: Logo no início de sua epístola aos romanos, Paulo se dirige ao judeu na carne (Rm 2:17-29) justamente nessa questão da circuncisão, e conclui dizendo que o judeu verdadeiro é aquele que, observando as Escrituras, recebe a Jesus com o Messias prometido (Rm 2:28-29). Paulo explica isso demonstrando que, quanto à descendência segundo a carne, um judeu seja de fato da linhagem de Abraão, para ser considerado um judeu verdadeiro, deveria também andar na fé de Abraão (Gl 3:7-16; cf. Rm 4:13; Gl 3:26-29). E somente pela Nova Aliança em Cristo, poderia receber essa circuncisão do coração feita pelo Espírito Santo (Jr 31:33; Hb 8:10; 10:16), por isso, ele explica que nós, que estamos em Cristo, somos os participantes a verdadeira circuncisão: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós, que adoramos a Deus no Espírito e nos gloriamos em Cristo Jesus, em vez de confiarmos na carne.” (Filipenses 3:3).

Dessa forma, assim como os gentios, os judeus precisam receber a Cristo como Senhor e Salvador, pois “todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai” (1João 2:23) e “o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2 João 1:9). Observe que essa palavra de João é exatamente a mesma que Cristo disse aos judeus (João 8:37-59).

Conclusão

Na Nova Aliança, o verdadeiro judeu é sim um descendente de Abraão, porém somente aquele que mantém a fé em Cristo Jesus: “Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, pelo Espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede de seres humanos, mas de Deus” (Romanos 2:29). Sendo assim, não se trata gentios se passando por judeus, isso seria muito fácil de identificar, portanto, não causaria um problema tão grave. Os que se dizem ser judeus descritos aqui são aqueles que, embora fossem descendentes de Abraão, sendo, portanto, judeus na carne, não aderiram à fé de Abraão (João 8:31-47), e rejeitando a obra de Cristo (Gálatas 3:22-27), buscam revalidar as obras da Lei, podendo promover a apostasia no meio das igrejas (Gálatas 5:2,4). Dessa forma, os que rejeitam a Cristo, podem dizem ser, mas, espiritualmente, não são filhos de Abraão (Gálatas 3:28,29).

“Cuidado com os cães! Cuidado com os maus obreiros! Cuidado com a falsa circuncisão! Porque nós é que somos a circuncisão, nós, que adoramos a Deus no Espírito e nos gloriamos em Cristo Jesus, em vez de confiarmos na carne” (Filipenses 3:2-3, NAA)

 

Felipe Morais é servo temente ao Senhor, e atua como pastor na Igreja Batista do Reino. Pós-graduado em Teologia, é um biblicista apaixonado pelas Escrituras. Comentarista, escritor e cronologista bíblico, atua como professor no YouTube pelos canais Curso Bíblico Online e Devocional Bíblico Online.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: As Cartas às 7 Igrejas — Esmirna

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