As Ideologias dos Mentores da Inteligência Artificial

A humanidade está deixando o “sabor artificial” controlar e determinar o autêntico.

Fonte: Guiame, Fernando MoreiraAtualizado: terça-feira, 20 de fevereiro de 2024 às 17:33
(Foto: Pexels/Tara Winstead)
(Foto: Pexels/Tara Winstead)

O profeta Jeremias (17:5) disse: Assim diz o Senhor: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor.”

Não existe máquina que aprenda por si só. Tudo depende de algoritmos, i.e., matemática avançada para ensinar os sistemas e modelos de Inteligência Artificial “percepções” para tomada de decisões.

A tomada de decisão nunca foi e nunca será uma ciência exata. Tão pouco não espere justiça no ensino da “percepção” da tomada de decisão para sistemas autômatos, cibernéticos ou modelos biológicos.

Na minha infância amava comer biscoitos recheados, passava um tempo comendo um lado, comendo o outro lado devagarzinho, até chegar ao recheio de chocolate, morango ou o que fosse. Já percebeu que hoje você não encontra mais nada autêntico? Tudo é sabor chocolate, mas não é chocolate. Sabor morango, mas não é morango. Composto lácteo, mas não é leite. Vivemos na era dos sabores falsos.

A “fake-demia” chegou e nem notamos. Recente uma grande empresa anunciou que voltaria à fórmula antiga do seu bombom de chocolate, porque o “impostor”, ou a “nova fórmula” não agradou.

Dessa forma é a manipulação por trás dos mentores da Inteligência Artificial. O sistema não se move por si só, mas há regras, modelos matemáticos, criados por pessoas brilhantes, mas que são pagas para seguirem o desejo dos donos. Por isso fico me perguntando: até quando você colocará sua vida, seus relacionamentos e conhecimento nas mãos do “sabor conhecimento”. “Sabor especialista”. “Sabor prudência”.

Nos últimos tempos vários artigos têm surgido alertando para o “Sabor Inteligência Artificial”, em que muitos acreditam que podem acreditar de olhos vendados, mas baixam as guardas para as consequências dessa entrega. Não quero demonizar a capacidade do uso da Inteligência Artificial para encontrar padrões em imagens, auxiliando especialistas a diagnosticarem prematuramente cistos, doenças etc. Ou da Inteligência Artificial auxiliar o mundo jurídico diante de tantos documentos, na catalogação de citações, temas e pautas relevantes a determinadas construções de teses. Há muita margem para o uso benéfico para a Inteligência Artificial, mas também há muito “sabor inteligência artificial” no mercado. Vejamos alguns:

No portal Uol, o artigo de Nina da Hora, com o tema: IA prevendo ideologia? O problema da tecnologia resolvendo problema social.

No portal Thot Cursos, A Inteligência Artificial como instrumento ideológico?

No portal Isto É, Filosofia do longo prazo molda debate sobre Inteligência Artificial

No portal O Globo, 'Aceleracionismo' eficaz: entenda a ideologia por trás dos que defendem a inteligência artificial sem limites - Movimento polêmico em voga no Vale do Silício tem fé cega no avanço tecnológico como solução para todos os males.

Na revista RECIIS, Ideologia gerencialista e plataformas de treinamentos de dados para Inteligência Artificial (IA): condições de trabalho e saúde dos trabalhadores no Brasil.

No Jornal da USP, pelo Dr. Henrique Braga, ChatGPT e ideologia: o “bot” é capaz de nos manipular?

No portal Jacobina, por Leif Weatherby, O ChatGPT é uma máquina ideológica.

Ou o artigo do Dr. Ronaldo Lemos, no Valor Econômico, As ideologias da IA. Em que Lemos cita sobre ideologias tecnocêntricas com consequências para todos nós.

Note que citei autores e portais dos mais variados segmentos, para que ninguém diga que fui tendencioso político ou filosoficamente. Apesar de não concordar com alguns dos autores, todos têm um ponto em comum que concordo: a humanidade está deixando o “sabor artificial” controlar e determinar o autêntico. Ao ponto de pessoas normais terem que ir para especialistas para poderem se adequar ao artificial.

Poderia citar artigos pós artigos, mas a grande verdade é que o mundo jaz do maligno (I João 5:19), e o deus desse século (2 Coríntios 4:4) cegou o entendimento dos incrédulos. É tempo da igreja do Senhor se despertar do sono da indolência, da assimilação com os costumes mundanos que nos afastam da santidade e de Deus (Hebreus 12:14).

A tecnologia é uma bênção, mas temos que discernir o que está em cada linha. O que o advento do “humanismo digital” está ofertando no self-service tão “sabor saudável espiritual-emocional”? Jesus está voltando, temos que despertar! Jesus disse: Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas (Mateus 10:16).

Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. (@FernandoMoreiras). É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: O Perigo da Inteligência Artificial na Leitura da Bíblia

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