Você se preocupa com a atual juventude cristã brasileira?
Recentemente, passei por uma situação engraçada e preocupante:
Estava almoçando no centro da cidade, em um restaurante onde as paredes são de vidro, possibilitando quem está de fora, olhar para dentro. Como de costume, estava lendo um livro e o título era “Viver é Cristo, Morrer é Lucro” (Matt Chandler, editora Vida Nova). De repente, uma moça senta-se à mesa que eu estava com um olhar de preocupação. Ela aparentava ter entre 19 e 22 anos. Ela olhou para mim e disse o seguinte:
“Moço! Não desista da sua vida! Morrer jamais é lucro! Jesus te ama e tem um plano para sua vida. Não pense que você lucrará algo morrendo!”
Por mais que a intenção dela tenha sido boa (tentou salvar minha vida, afinal de contas), fiquei um tanto quanto perplexo por ela não saber que o título do livro se tratava de Filipenses 1:21 (um dos versículos mais conhecidos da Bíblia; daqueles que as pessoas colocam em xícaras). Eu expliquei a ela que o livro era cristão; que o autor do livro é um pastor; que “viver é Cristo e morrer é lucro” está na Bíblia; expliquei, de forma breve, o que o Apóstolo Paulo estava dizendo com isso. Ela respondeu o seguinte:
“É mesmo? Não sabia que existia isso na Bíblia.”
Repito: Filipenses 1:21 é um dos versículos mais conhecidos da Bíblia. Ao lermos o texto por inteiro, sabemos o que Paulo queria dizer. Talvez você esteja pensando que fui um pouco injusto com a moça e que, talvez, ela seja uma recém-convertida. Pois é, eu pensei a mesma coisa! Então, carinhosamente, perguntei a ela se frequentava alguma igreja e se ela tinha o hábito de leitura Bíblica. O que ela disse a seguir é o ponto principal do meu texto de hoje:
“Sim! Eu cresci indo na igreja (denominação histórica) com meus pais. Hoje, vou na (igreja modinha onde Jesus sempre concorda com você, porque você é perfeito.)”
Perguntei, então, se ela nunca havia lido Filipenses. Ela respondeu que não se lembrava. Depois disso, nos despedimos e me coloquei à disposição para ajudá-la no que precisasse, mas também a lembrei da importância de uma leitura bíblica diária. Ela, nitidamente constrangida, se despediu, agradeceu e seguiu seu caminho.
Agora, volto a perguntar: Você se preocupa com a atual juventude cristã brasileira?
Após esse diálogo, fiquei bastante pensativo no que ocorreu. Uma jovem que cresceu na igreja, não reconheceu um versículo da Bíblia e pensou que o livro instigava a morte. Estou preocupado. Por mais que seja injusto da minha parte generalizar; aquela moça é um reflexo da atual juventude cristã. Uma juventude que falta conhecimento; que falta um compromisso, verdadeiro, com Deus; que falta devocional sólido; que falta conhecer o verdadeiro Deus e não o deus “namorado” que está sendo pregado; que falta entender no que crê.
Para mim, serviu como um alerta. Não estou dizendo que nossa juventude precisa ser um grupo enorme de teólogos que fica tentando descobrir o que Jesus escrevia na areia na história de Maria Madalena (Alguns dizem que ele estava escrevendo os pecados de cada um que a estava acusando. Isso é assunto para outro dia), mas sim uma juventude que entenda quem é Deus e que sabe no que crê. Infelizmente, hoje, o Deus pregado para nossa juventude se tornou uma idealização, e não o Deus verdadeiro.
Olhando hoje, não sei se nossa juventude viveria Filipenses 1:21. Entregar toda nossa vida para Cristo a ponto de morrer por Ele. Se nossa fé é tão rasa e nossa leitura bíblica tão fraca que não sabemos no que cremos.
Talvez você está lendo isso e achando que estou fazendo uma tempestade em um copo d’água. Talvez. Mas, ao vivenciar essa história que contei, me dei conta da responsabilidade que temos para com o futuro da igreja. Precisamos olhar para nossos jovens; discipulá-los; cuidá-los; amá-los; ensiná-los a verdade. Repito: não os tornar em super teólogos, não é essa a ideia. Mas a juventude está perecendo, por falta de conhecimento.
Que possamos abrir os olhos para isso e levar nossos jovens a um verdadeiro entendimento.
Por Fernando Queiróz, psicólogo; líder do ministério Change (jovens de 18-25 anos) na Primeira Igreja Batista de Santo André, onde também trabalhou com adolescentes. Filho de pastor; amante da teologia e da antropologia cultural.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições