Lições de Tu b’Shvat – o Ano Novo das Árvores

Mais que uma tradição, há profundas lições naturais e espirituais que cercam esse evento.

Fonte: Guiame, Getúlio CidadeAtualizado: quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025 às 18:00
(Foto: Pixabay/LukasJohnns)
(Foto: Pixabay/LukasJohnns)

Há alguns dias, foi celebrado Tu b’Shvat que marca o ano novo das árvores em Israel. Tu b’Shvat é o dia 15 do mês de Shvat (equivalente a janeiro/fevereiro) e determina o plantio bem como o dízimo do fruto das árvores a ser apresentado a Deus. Mais que uma tradição, há profundas lições naturais e espirituais que cercam esse evento.

Tornou-se uma tradição, em Israel, plantar árvores por todo o país em Tu b’Shvat, o que explica as mais de 240 milhões de árvores nativas do Oriente Médio que têm sido contabilizadas pelo Fundo Nacional Judaico desde o início do século XX. Isso também explica o fato de Israel ser um caso raríssimo de um país que tem mais árvores no presente do que no passado.

Após os hediondos ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023, mantendo essa tradição, familiares das vítimas assassinadas no festival Nova plantaram árvores em memória de seus entes queridos nos locais onde seus corpos foram encontrados.

Fidelidade apressada

A data de Tu b’Shvat se dá no meio do inverno no hemisfério norte, quando a seiva começa a subir e percebe-se o movimento dos primeiros brotos na terra. É como se a natureza antecipasse a temporada de primavera adiante. A primeira das árvores a florescer nessa época é a amendoeira. Em pleno inverno, seus brotos começam a saltar aos olhos em meio a uma paisagem árida, de troncos secos e galhos desfolhados castigados pelo frio.

Embora as Escrituras não falem em Tu b’Shvat, o Senhor usa a imagem da amendoeira — o principal símbolo dessa temporada — para falar com Jeremias. “Veio ainda a palavra do Senhor, dizendo: Que vês tu, Jeremias? Respondi: vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem, porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” (Jr. 1:11-12).

A palavra para amendoeira é shaqued e para o verbo velar é shoqued. Ambos são escritos da mesma forma, diferenciando-se apenas pela vocalização. Deus faz um jogo de palavras aqui para se comunicar com o profeta.  Ele está dizendo a Jeremias que, assim como a amendoeira é diligente e se apressa em florescer na frente das demais árvores, Ele é diligente sobre sua Palavra e se apressa em cumpri-la.

Renovação e renascimento

Em vários pontos das Escrituras, o ser humano é assemelhado a árvores como, por exemplo, em Isaías 61, quando somos chamados de “árvores de justiça, plantação do Senhor”. Por esse motivo, os sábios acreditavam que Tu b’Shvat também marca um renascimento para os homens, um avivamento da alma.

O inverno é um tempo de nuvens escuras e céu cinza. Justamente quando se chega na metade da estação, Tu b’Shvat é um sinal de renovo da natureza não apenas para as árvores do campo, mas também para os homens. Logo, é um tempo de se renovar as esperanças e ganhar novos sonhos, de aceitar o desafio de voos mais altos, acima das nuvens escuras.

A árvore é símbolo de resistência e força, assim como de esperança, pois pode crescer após ser cortada. Essa é uma imagem do sofrimento humano que consegue se reerguer após um duro golpe e reviver para cumprir seu propósito. Jó era um homem experimentado no sofrimento e retratou esse poder de resiliência da árvore que, mesmo cortada, consegue se renovar e brotar seus rebentos.

Ainda que sua raiz se envelheça na terra e seu tronco morra no chão, ao cheiro das águas, brotará e de si nascerão ramos como a planta nova (Jó 14:7-9). As águas são uma figura da Palavra de Deus e do Espírito Santo. Por mais profundo que seja o corte, se o homem estiver em contato com essas águas, reviverá. 

O Ramo de Jessé

Não há como falar em Tu b’Shvat e não fazer menção à árvore que Deus elegeu para representar a nação de Israel — a Oliveira Natural — que abriga em si os ramos naturais (judeus) e os de zambujeiro (gentios), enxertados nela por intermédio de Yeshua. Essa é a árvore que Deus escolheu para glorificar seu nome e onde nos inseriu para sermos participantes da raiz e da seiva da Oliveira (Rm. 11:17).

A essência de Tu b’Shvat está no próprio nome do Messias que é comparado a um ramo proveniente do tronco de Jessé (Is. 11:1). A palavra ramo (netzer) está ligado a Nazaré (Natzrat), cidade natal de Yeshua. Jesus de Nazaré em hebraico — Yeshua MiNatzrat  — carrega a mesma raiz de netzer, pois Ele é o Ramo de Jessé. É daí também que se origina a palavra notzri, traduzida por cristão. Literalmente falando, cristão é um ramo pequeno, caule ou broto, oriundo do ramo maior — o ramo de Yshai (Jessé).

Voltando ao texto de Jó, a árvore, após cortada, parece morta, mas, em contato com o cheiro das águas, ela revive e faz nascer seus brotos, crescendo novamente. Esse também é um puro retrato de Yeshua — o ramo de Jessé — que “foi cortado da terra dos viventes” (Is. 53:8), mas ressuscitado pelo Espírito Santo, representado pelas águas. Essas são as mesmas águas vivas do rio que fluem do interior de todo aquele que nele crê (Jo. 7:38), gerando frutos na estação própria para a vida eterna.

Para saber mais, acesse https://www.aoliveiranatural.com.br/2025/02/18/tu-bshvat/

 

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor de A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br. 

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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