As glórias da igreja na glória

As glórias da igreja na glória

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:03
glóriaINTRODUÇÃO
 
1. Este capítulo é a mesma cena do capítulo 6, mas noutra perspectiva – . O capítulo 7 vem depois do capítulo 6 na ordem das visões de João, mas não parece ser a sequência da ordem dos eventos. Lá os quatro cavalos, aqui os quatro ventos. Lá os cavalos trazem o juízo, aqui os ventos os ventos do juízo estão prontos para começar a sua missão destrutiva. O fato de serem 4 anjos, nos 4 cantos da terra, a segurar os 4 ventos da terra, indica que o juízo que vai desabar é universal. Ninguém escapa. O controle divino sobre os cavaleiros, os ventos, asseguram que a igreja será selada e ficará segura antes que os cavaleiros avancem. A destruição desabará sobre o mundo, mas a igreja foi feita indestrutível.
 
2. Deus faz distinção entre o seu povo e os ímpios – v. 2 – A destruição não pode dar sua largada antes dos remidos serem selados. Os selados não precisam temer o juízo. O castigo que deveria cair sobre nós, caiu sobre Jesus na cruz. O selo tem três significados:
a) Proteção – Ninguém pode violar o que está selado. Foi assim que o túmulo de Jesus foi selado (Mt 27:66).
b) Propriedade – Na antiguidade escravos podiam ser selados por seu proprietário. Essa marca inscrita neles. Quem violava esse escravo atacava o seu dono. O selo nos dá garantia que somos propriedade exclusiva de Deus (Ct 8:6; Ef 1:13).
c) Genuinidade – O que está selado não pode ser adulterado (Ester 3:12).
 
3. Deus livra o seu povo na tribulação e não da tribulação – v. 14 – Todos os textos que tratam da segunda vinda de Cristo mostram que a igreja não será arrebatada secretamente antes da grande tribulação. Ela será poupada na e não da tribulação (Mt 24:29-31; 2 Ts 1:1-10).
 
4. Aqui temos a resposta à pergunta dos ímpios – “Quem poderá suster-se diante do Deus irado?” (Ap 6:17). A resposta da Bíblia, aqueles que foram selados como propriedade de Deus, estarão de pé diante do Trono, com vestes brancas e palmas nas suas mãos, celebrando a Deus eternamente. Os salvos terão três tipos distintos de glória: 1) A glória de sua aparência: vestiduras brancas e palmas nas mãos; 2) A glória do seu serviço: estarão diante de Deus em contínuo serviço litúrgico; 3) A glória do seu lar eterno: Comunhão com Deus e provisão celestial.
 
5. Há três elementos nesta visão do capítulo 7 – 1) Uma advertência – Tempos difíceis estão pela frente. Será o tempo da grande tribulação; 2) Uma segurança – Os selados, jamais serão condenados com o mundo. Passarão pelas provas vitoriosamente; 3) Uma recompensa – Os que lavaram suas vestiduas no sangue do Cordeiro desfrutarão da bem-aventurança eterna.
 
I. DO PONTO DE VISTA DO CÉU (DE DEUS) OS SELADOS TÊM UM NÚMERO EXATO – V. 4-8
 
O número é visto e também ouvido. O número dos selados é declarado por revelação expressa. Deus conhece os que lhe pertencem (2 Tm 2:19). Esse grupo é contável para Deus. Esse número 144.000 é metafórico. Ele é mais um símbolo do que uma estatística. Ele representa a cifra completa e perfeita dos crentes em Cristo. As doze tribos de Israel não o Israel literal, mas o Israel verdadeiro, espiritual, a igreja. Toda a igreja de Cristo é selada, está segura (Jo 10:28,29; 17:12).
 
1. A interpretação dos Testemunhas de Jeová
Os Testemunhas de Jeová, uma seita herética, entendem que a igreja que vai morar no céu limita-se apenas a este número. Todas as demais criaturas que receberão a vida eterna terão parte na igreja, mas viverão nesta terra, sob o domínio de Cristo Jesus e sua igreja nos céus.
 
2. A interpretação Dispensacionalista
Esses são israelitas que estarão vivendo no tempo da angústia de Jacó (Jr 30:5-7). Embora as tribos tenham cessado, Deus as conhece (Is 11:11-16) e preservará um remascente até restaurar o reino a Israel (At 1:6). Esse será o tempo da plenitude dos gentios (Lc 21:24), com a plenitude do número dos gentios completo (At 15:14, Rm 11:25), Entendem que esses 144.000 referem-se aos judeus que se converterão depois do arrebatamento e antes do milênio e que viverão na Palestina do período da grande tribulação e serão poupados dos juízos que virão sobre o anticristo. 
Esses judeus aguardarão Jesus Cristo, o seu rei em sua segunda vinda quando destruirá o anticristo e implantará o seu reino milenar.
 
3. A interpretação Pré-milenista histórica e Amilenista
 
a) Esse número é simbólico 
Primeiro o número 3, que significa a Trindade, é multiplicado por 4, que indica a inteira criação, porque os selados virão do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste. 3 mulplicado por 4 são 12. Portanto, esse número indica: a Trindade (3) operando no universo (4). Assim, temos a antiga dispensação (3 x 4) 12 patriarcas e a nova dispensação 12 apóstolos. Para ter uma idéia da igreja da antiga e da nova dispensação, temos que multiplicar esse número 12 por 12. Isso nos dá 144. A Nova Jerusalém (a igreja) tem 12 portas, com o nome das 12 tribos e os 12 fundamentos com o nome dos 12 apóstolos (Ap 21:9-14). Lemos também que a altura do muro é de 144 côvados (Ap 21:17).
Com o objetivo de acentuar o fato de que 144.000 significa não uma pequena parte da igreja, senão a igreja militante inteira, este número é multiplicado por 1.000. Mil é 10 X 10 x 10 que indica um cubo perfeito, inteireza reduplicada. De acordo com Apocalipse 21:16 Os 144.000 selados das doze tribos do Israel literal simbolizam o Israel espiritual, a igreja de Deus na terra.
 
b) Esse número não pode aplicar-se às tribos de Israel
As 10 tribos de Israel já haviam desaparecido no cativeiro Assírio e as 2 tribos do Sul (Benjamim e Judá) haviam perdido sua existencial nacional quando Jerusalém caiu no ano 70 d.C.
Se o símbolo significa Israel segundo a carne, por que foram omitidas as tribos de Efraim e Dã e colocadas em seu lugar Levi e José?
A ordem das tribos foi trocada e não temos nenhuma lista das tribos semelhante a esta em toda a Bíblia.
Segundo Apocalipse 14:3-4 os 144.000 foram comprados por Deus de entre os da terra e não da nação judaica somente.
Assim João queria dizer que as doze tribos de Israel não são o Israel literal, mas o Israel verdadeiro, espiritual, a igreja.
 
c) A igreja é o Israel de Deus
1) No NT considera a igreja o verdadeiro Israel espiritual (Gl 6:16; Rm 9:6-8).
2) Quem é de Cristo é descendente de Abraão (Gl 3:29).
3) Abraão é o pai de todos os que crêem, circuncidados ou não (Rm 4:11).
4) O verdadeiro judeu não é descendente físico de Abraão, mas o descendente espiritual (Rm 2:28-29).
5) Nós que adoramos a Deus no Espírito e nos gloriamos em Cristo Jesus é que somos a verdadeira circuncisão (Fp 3:3).
6) Em Esmirna havia judeus físicos que eram sinagoga de Satanás (Ap 2:9). Eram judeus de fato, mas não o Israel espiritual.
7) A igreja é a nova Jerusalém (Ap 21:12,14). É o povo de Deus (Ap 18:4; 21:3).
8) Concluimos que a igreja é o verdadeiro Israel espiritual.
9) Esta interpretação é que melhor faz jus ao sentido do texto e mostra o relacionamento que há entre as duas multidões. Elas são constituídas das mesmas pessoas, aquelas que foram seladas e guardadas por Deus.
 
II. DO PONTO DE VISTA DA TERRA (DOS HOMENS) OS SELADOS SÃO UMA MULTIDÃO INUMERÁVEL – v. 9-12
 
De repente muda-se o cenário. O leitor é novamente transportado da terra para o céu. Agora João vê a igreja redimida no céu. No lugar de uma tensão cheia de desgraça em vista do perigo iminente ocorre o cântico da vitória. 
O céu não será apenas mudança de lugar, mas mudança de nós mesmos. 
No céu conservaremos a nossa individualidade. “Quem são?”. São pessoas, indivíduos que vêm de lugares diferentes, mas que não perdem sua individualidade.
As distinções que nos separam na terra, não nos separarão no céu. Lá não teremos ricos e pobres, nobres e servos, mas aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro.
Quais são as características dessa igreja glorificada?
 
1. É uma igreja inumerável – v. 9
Isso é o cumprimento da promessa feita a Abraão: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade” (Gn 15:5). Conforme Hebreus 11:12 ela é para ele incontável. Essa multidão também é incontável para João (Ap 7:9). A multidão contável por Deus é incontável para João.
 
2. É uma igreja universal – v. 9
Incluem os eleitos, os selados judeus e gentios, procedentes de todas as culturas, línguas, povos e nações, de todos os lugares e de todos os tempos. Em Abraão haveriam de ser “abençoadas todas as nações, todas as famílias da terra” (Gn 12:3; 22:18). João vê na igreja a humanidade abençoada em Abraão.
 
3. É uma igreja honrada – v. 9
Estar de pé diante do Trono significa ter companheirismo com o Cordeiro, servi-lo e participar em sua honra.
 
4. É uma igreja pura – v. 9
As vestes brancas apontam para a absoluta pureza da igreja. A igreja não foi purificada pelo sofrimento, mas pelo sangue. O sangue do Cordeiro exclui a glória humana. A igreja que fora liberta da condenação do pecado, na justificação; do poder do pecado, na santificação; agora está livre da presença do pecado, na glorificação. Nada contaminado pode entrar no céu (Ap 21:27).
Roupas brancas ainda indicam alegria e felicidade, além de santidade.
 
5. É uma igreja vencedora – v. 9
Este é um símbolo de vitória. A igreja selada por Deus, protegida por ele, venceu e chegou ao lar, à sua Pátria, ao céu. A igreja é vitoriosa a partir da roupa, das palmas e dos gritos.
 
6. É uma igreja que tributa a Deus a sua salvação – v. 10
Depois do símbolo da vitória, segue-se o grito de vitória. A salvação não é mérito, nem fruto das obras, nem dem quem a igreja ou faz. A salvação é de Deus, vem Deus e só ele merece a glória.
 
7. É uma igreja que une às vozes angelicais para exaltar a Deus – v. 11-12
Os anjos e os querubins se unem à igreja glorificada, prostram-se e adoram a Deus, rendendo-lhe uma sétupla atribuição de louvor. 
 
III. A PROCEDÊNCIA, IDENTIDADE E A MISSÃO ETERNA DA IGREJA GLORIFICADA – V. 13-17
 
1. A procedência da igreja – v. 13,14
A igreja vem da grande tribulação. Essa idéia da grande tribulação remonta a Dn 12:1. É vista em Mt 24:21-22, em 2 Ts 2:3-4 e também em Ap 13:7,15. Os crentes em todos os lugares, em todas as épocas enfrentaram tribulações (2 Tm 3:12; At 14:22). Mas os crentes que viverem nesse tempo do fim enfrentarão não apenas o começo das dores, mas também, a grande tribulação.
A grande tribulação é caracterizado com o período da grande apostasia e também da manifestação do homem da iniquidade (2 Ts 2:3-9). Nesse tempo o conflito secular entre Deus e Satanás estará no seu auge.
A igreja será protegida não da tribulação, mas na tribulação. Ela emerge do meio da tribulação, como um povo selado e vitorioso.
 
2. A identidade da igreja – v. 14
Os remidos são aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro. A base da salvação não está no mérito humano, na religiosidade humana, nos predicados morais, no conhecimento doutrinário. A base da salvação está na apropriação da redenção pelo sangue de Cristo.
Ninguém entrará no céu por pertencer a esta ou àquela igreja ou por defender esta ou aquela doutrina.
 
3. A missão eterna da igreja – v. 15
a) Adoração – A igreja prestará a Deus um serviço litúrgico (latria) incessantemente – v. 15 – É uma igreja adoradora. Serviço cultual em contraste com serviço escravo.
b) Comunhão – Intimidade contínua com Deus – v. 15b. O sexto selo trouxe a visão de um céu enrolado que se recolhe e de uma humanidade apavorada num mundo sem teto (6:15-17). Aqui, porém, a cena é oposta. A igreja está numa nova realidade cheia de paz. Deus vai armar uma tenda conosco. Ele vai acampar com a igreja. Deus mesmo habitará com a igreja (Ap 21:3).
c) Ausência completa de sofrimento – v. 16, 17b – João lista três afirmações negativas: Fome, sede e calor não existe mais. Isto está de acordo com Ap 21:4. 
d) Presença completa da plenitude de vida – v. 17a – João lista três afirmações positivas: O Cordeiro as apascentará. O Cordeiro as guiará às fontes da água da via. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Gozam a felicidade mais perfeita. O Cordeiro agora é o seu pastor. O Cordeiro os guia a fonte e a fonte é Deus. O Cordeiro os traz de volta para Deus e para o paraíso. Ele então, enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Ele nos tomará no colo e nos consolará para sempre!
 
CONCLUSÃO
 
1. O capítulo 6 termina mostrando os terrores dos ímpios enfrentarão no juízo. O capítulo 7 termina mostrando as glórias dos remidos na segunda vinda.
 
2. Enquanto os ímpios buscam a morte física e só encontram a segunda morte, a morte eterna, os remidos, mesmo enfrentando a morte física, desfrutam para sempre das bem-aventuranças da vida eterna.
 
3. De que lado você está? Em que grupo você estará quando Jesus voltar?
 
 
- Hernandes Dias Lopes
 

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