Uma agenda governada pelo céu

É notório que hoje muitos obreiros gostam de apresentar seus números de sucesso no trabalho.

Fonte: Guiame, Hernandes Dias LopesAtualizado: sexta-feira, 21 de agosto de 2020 às 18:51
(Foto: Getty)
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“E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria” (Jo 4.4).

Jesus estava saindo da Judeia rumo à Galileia. Havia três opções de rota para fazer esse percurso. Porém, o texto supra nos informa que lhe era necessário atravessar a província de Samaria. O texto deixa claro que a razão imperativa para a escolha dessa rota era o encontro marcado com a mulher samaritana, no poço de Jacó e por consequência a pregação do evangelho na cidade de Sicar. Jesus teve a sensibilidade de escolher esse caminho, que embora, fosse o mais curto, era o mais árduo, uma vez que os judeus não eram bem recebidos na província de Samaria.

É digno de nota que Jesus sai da Judeia para não entrar na inócua discussão sobre quem batizava mais, ele ou João Batista (Jo 4.1-3) e não evita a tensão de ser hostilizado na província de Samaria. Antes, escolhe esse caminho, porque na sua agenda, a salvação de uma mulher rejeitada pela sociedade e a pregação numa cidade repudiada pela tradição dos judeus, era sua máxima prioridade.

Jesus fugiu daquilo que muitos procuram e procurou o que muitos se afastam. Ele fugiu de uma disputa de prestígio. Ele não estava interessado numa agenda que dava valor a estatística de batismos. Não era relevante para ele se João estava batizando mais ou menos que ele, se bem que ele mesmo não batizava e sim os seus discípulos. É notório que hoje muitos obreiros gostam de apresentar seus números de sucesso no trabalho. Sentem-se recompensados ao dar destaque ao seu desempenho. Gostam das luzes da ribalta e enaltecem seus feitos. Sentem-se bem em se comparar com seus colegas de ministério e apresentar números mais expressivos de seu trabalho. Jesus fugiu dessa competição. Não alimentou a vaidade no coração de seus discípulos. Não oxigenou essa concorrência no seu reino.

Por outro lado, Jesus deliberadamente seguiu o caminho conflituoso da província de Samaria. Ao meio-dia, já com fome, enviou seus discípulos a comprar comida na cidade de Sicar, a cidade dos borrachos, dos bêbados. Um judeu considerava o pão dos samaritanos um pão imundo. Jesus quebra aqui, protocolos culturais e rompe com o preconceito religioso. Se não bastasse esse gesto, ele ficou sozinho junto ao poço quando se aproxima uma mulher samaritana. Ele pede a ela de beber. Um rabino não podia falar com uma mulher em público. Essa postura de Jesus chocou até mesmo seus discípulos. Jesus quebra aqui o preconceito de sexo, de raça e de cultura. Ele entabula uma conversa com aquela mulher, com o propósito de ter acesso ao seu coração, a fim de dar a ela a vida eterna. Jesus ganhou a simpatia dela (v. 7-9), despertou a curiosidade dela (v. 10-12), mostrou a necessidade dela (v. 13015), acordou a consciência dela (v. 16-18), mexeu com os sentimentos religiosos dela (v. 19-24) e levou-a à fé salvadora (v. 25,26). Essa mulher que buscava um sentido para a vida nos muitos relacionamentos amorosos e que estava prisioneira de uma religiosidade equivocada, abandona o seu cântaro junto ao poço e corre à sua cidade, para falar de Jesus. Uma cidade inteira recebe a Jesus, ouve a Jesus e é impactada pela pregação de Jesus porque ele fez uma escolha governada pelo propósito de levar a salvação aos rejeitados samaritanos.

Que interesses governam nossa agenda? Quais são os princípios que regem nossas escolhas? Por que escolhemos este ou aquele caminho? Que Deus nos ajude a fazermos escolhas que tragam glória para o seu nome, edificação para sua igreja e salvação para os perdidos. Que a visão, a paixão e o compromisso de Jesus de salvar os perdidos iluminem nossos olhos e inflamem nosso coração!

Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Restauração: obra de Deus, necessidade da igreja

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