“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” (Lucas 11:1)
As palavras dos discípulos “ensina-nos a orar”, revelam o mais profundo desejo que o homem tem de se comunicar com o Criador. Mais do que isso, essas palavras revelam que o exemplo do Mestre dos Mestres na oração estava sendo bem observado pelos seus discípulos, que certamente ficavam perplexos pela dedicação que Ele tinha.
O Senhor Jesus revela para eles que o segredo da oração está na intenção do coração. E que, portanto, não deveriam orar buscando receber o reconhecimento dos homens, mas com o objetivo de estreitar o relacionamento com Deus. Ele então ensina que devemos buscar ao Criador em secreto.
Em Mateus 6:6, Jesus orienta que eles deveriam orar em secreto: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”.
Desta forma, com o propósito de mostrar como as palavras deveriam ter significado, Jesus ensina uma oração que deveria servir como modelo, mostrando como nossas palavras ao Eterno podem ter ganhar intimidade e comunhão.
Em sua oração, Jesus diz:
Pai-Nosso
Que estás nos céus,
Santificado seja o Teu nome,
Venha a nós o Teu reino,
Seja feita a Tua vontade,
Assim na terra como no céu,
O pão nosso de cada dia nos dá hoje,
Perdoa as nossas ofensas,
Assim como temos perdoado a quem nos tem ofendido,
E não nos deixes cair em tentação,
Mas livra-nos do mal. (Mateus 6:9-13)
Essa oração revela muito sobre Deus, mas não é este o propósito deste artigo. O propósito deste artigo é revelar o profundo desejo dos discípulos em permanecerem em oração, mesmo após a ascensão de Jesus Cristo aos Céus. Eles sempre observaram o que o Senhor lhes ensinou, mas queriam alcançar um nível mais profundo de intimidade com Deus.
No Novo Testamento, a palavra traduzida pelo termo “oração”, é a palavra grega “proseuchē”, que significa "invocar, pedir ou suplicar a uma divindade". Os discípulos queriam aprender qual a maneira correta de conduzir o diálogo da alma com Deus. Queriam saber sobre como o homem pode se comunicar com o Criador.
Jesus Cristo então ensina sobre a necessidade de dedicar tempo de qualidade para Deus, criando um relacionamento de intimidade com o Arquiteto da Vida, buscando estreitar os laços com o Criador por meio de uma completa submissão a vontade divina. É o que revela as palavras hebraicas para “orar” e “oração”.
A palavra usada para orar em hebraico é “hitpallel”, que deriva de um verbo que significa “julgar a si mesmo”. Já a palavra para oração em hebraico é “tefillah”, que deriva do verbo palel (julgar, pensar, crer, rogar). Portanto, o modelo de oração ensinado por Jesus é de uma completa rendição ao Criador.
Render-se ao Criador, conforme o exemplo deixado por Jesus Cristo, significa alcançar uma completa subordinação. Ou seja, servir com dedicação ao Senhor. A palavra servir em hebraico é “avodah”, e na cultura judaica quem ora entende que está servindo de todo o coração. Por isso, devemos aprender a arte de priorizar ao Senhor.
Após a ascensão de Jesus Cristo aos céus e o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos, a Igreja experimentava um grande crescimento. Mas uma grande preocupação recaia sobre os apóstolos. Essa preocupação não envolvia questões financeiras, ou de infraestrutura dos templos, mas que o grande número de conversões viesse a afastá-los da oração e da meditação na Palavra de Deus.
A Bíblia diz: “E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e a oração, para que sirvamos às mesas” (Atos 6:2).
A Igreja estava no seu quarto ano, os discípulos se tornaram apóstolos, mas a mesma preocupação com a oração continuava viva dentro deles. Os mesmos que um dia pediram para o Mestre dos Mestres ensinar-lhes a orar, agora estão preocupados em manter a oração. Eles estão preocupados de que os trabalhos eclesiásticos viessem a lhes afastar da prática da oração.
O que temos visto hoje em dia, em relação à oração, é que muitos líderes religiosos, pastores, apóstolos, bispos, presbíteros e evangelistas, estão preocupados em administrar a Igreja. Estão envolvidos com questões que poderiam ser delegadas. Afastaram-se da oração, pois querem gerenciar as finanças, as redes sociais, a rotina no templo. Isso é um erro grave!
A função do líder cristão é delegar as tarefas e acompanhar o trabalho, mas a sua maior responsabilidade é estar sempre orando e meditando na Palavra de Deus. O que temos atualmente são pastores de escritório, que não oram, não sobem ao monte, não jejuam e por isso estão cada vez mais envolvidos com questões burocráticas.
Concluo dizendo que os cargos eclesiásticos só fazem sentido para quem exerce a sua função. A função do pastor, apóstolo e bispo é de interceder pelos santos, promovendo a edificação da Igreja. Não devemos estar preocupados com outras questões, se não a oração e a meditação na Palavra de Deus.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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