“Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.” (Deuteronômio 6.4 e 5)
Uma das orações mais conhecidas em todo o mundo é “Shemá, Israel”, que os judeus repetem pelo menos duas vezes ao dia: na Shacharit, oração diária feita pela manhã, antes do sol nascer e na Arvit, a oração noturna.
As palavras desta oração foram recebidas por Moisés, quando no alto do Sinai teve um encontro com o Todo Poderoso. Nesta ocasião, ele recebeu a Torá, que continha a Lei. As palavras do Shemá estavam inseridas nestes escritos, evidenciando a sua importância para a humanidade. (Deuteronômio 6:4, 5). A passagem bíblica resume o primeiro e o segundo mandamento do Decálogo; é a primeira oração que a mãe ensina a seu filho, bem como são as últimas palavras pronunciadas por um judeu antes da morte.
Segundo a tradição judaica, Jacó ouviu de seus filhos antes de morrer as palavras: Shemá Israel. Isto nos mostra que Jacó já ensinava seus filhos sobre esta palavra.
O Shemá é uma declaração que sintetiza a fé judaica, uma promessa de fidelidade ao único Deus. O Shemá é composto de três parágrafos da Torá (Deuteronômios 6.4-9; 11.13-21; e Números 15.37-41). Estes perfazem 248 palavras que devem ser lidas com cuidado e sem interrupção. Os sábios ensinam que ao pronunciar com cuidado cada uma das 248 palavras do Shemá, Deus protege as 248 partes de nosso corpo. Além disso, a oração traz um sono tranquilo, uma vida segura, afastando todo o mal e trazendo paz e prosperidade em todos os sentidos.
O ensinamento é passado de pai para filho, de geração em geração. O texto também é parte da mezuzah, uma caixa que é afixada na ombreira da porta das casas dos judeus, assim como no tefilin, uma caixinha que é fixada nos braços e na cabeça por judeus ortodoxos. A Torá registra que Moises incluiu o Shemá em seu discurso de despedida para o povo judeu.
A mensagem do amor verdadeiro só pode ser comprovada através de um esforço físico, emocional, espiritual e material. Portanto, só podemos afirmar com ênfase que de fato amamos a Deus, quando estamos colocando todas as nossas forças para satisfazer os quatro níveis deste amor.
Repetir essa oração e analisar com cuidado seus ensinamentos nos ajuda a entender o segredo que abre as portas dos céus. Deus está ensinando que a oração deve ser um estilo de vida e ela deve envolver esforço físico, emocional, material e espiritual.
A oração do Shemá não é apenas de palavras, mas esconde um segredo, o código mais extraordinário de todos, que nos levará a uma revelação de como que todas as nossas orações podem ser atendidas. As palavras contidas no Shemá trazem a nós uma série de ensinamentos que nos ajudarão a alcançar o impossível.
No início da oração nós já temos a declaração de que “o Senhor é um”. E esta afirmação é extremamente importante, pois vai muito além da proclamação de que o judaísmo é monoteísta, transmitindo a ideia de que somente em Deus podemos alcançar todas as coisas que desejamos, por meio de nossa fé.
Afirmar que Deus é um, significa reconhecer a Sua soberania, principalmente em referência aos atributos divinos. Ele é um porque ninguém pode ser comparado ao Senhor, que tem todo o poder, sabe de todas as coisas e está em todos os lugares. Portanto, Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente.
Durante os séculos o povo judeu estudou cada palavra desta oração e meditaram nela de tal forma que ela tornou-se um estilo de vida parte de sua própria essência.
Jacó e o Shemá
Houve um homem, muito antes das Leis serem entregues a Moisés, que buscou com todas as suas forças a bênção de Deus dentro dos princípios da oração do Shemá. O patriarca Jacó, de onde saíram os nomes das doze tribos de Israel, nasceu com o anseio de tornar-se importante para o Reino dos Céus. Ele reconhecia ao Deus como o “único Senhor” em sua vida e isso fez toda a diferença.
Ele lutou e orou com todas as suas forças, emoções, posses e com todo coração para alcançar aquilo que desejava, tornando-se “príncipe” diante de Deus, reconhecido como herdeiro das promessas. Jacó amava tanto ao Senhor, que buscou de todas as forças Sua aprovação, ao ponto de empreender uma luta corpo a corpo com o Todo Poderoso (Gênesis 32.24 – 29). Ali ele estava colocando em prática os princípios e segredos que mais tarde seriam revelados na oração do Shemá.
Jacó usou todas as suas forças nos quatro níveis de vida para alcançar aquilo que desejava do Senhor.
Após muito esforço, Jacó finalmente ouviu do Anjo do Senhor as seguintes palavras: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste” (Gênesis 32.27,28).
Jacó orou com todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças (Deuteronômio 6.4 e 5). Este é o segredo do Shemá, e o segredo da oração, que deve fazer parte de nossa vida, ou seja: Nossa vida deve ser uma vida de oração.
Então Jacó recebeu a missão de transmitir os ensinamentos sobre Deus a seus filhos: “E as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Deuteronômio 6.7). Enfim, o princípio foi incorporado e tornou-se a essência da alma da nação judaica de geração em geração chegando até os dias de Jesus.
Jesus e o Shemá
Jesus Cristo, quando foi abordado pelos sábios da sua época para que respondesse qual seria o principal mandamento, ele respondeu com o texto que encontramos no Shemá: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças ” (Deuteronômio 6.5;) Mateus 22.36 – 38; Lucas 10.27 e 28). O Senhor Jesus aponta esse como o principal mandamento, provando que o Shemá era a essência de todo se ser e estava no seu sangue, corpo alma e espírito.
Era um estilo de vida que ele passou para seus discípulos: Temos que ter uma vida de oração, mas acima disso, nossa vida deve ser uma oração ao Senhor que envolve toda nossa força física, emocional, mental e espiritual. Tudo que fazemos deve ser para o Senhor: Trabalho, emoção, mente e coração. Oração só de palavras ou se boca não abre as portas dos céus.
O Shemá ensina que nosso corpo ora, nossa alma ora, nossa mente ora e nosso espírito ora. Devemos sincronizar nossa oração com nossos atos, emoções, pensamentos e ações.
Jesus amou a Deus de todo seu coração, emoção, forças e com todas as suas posses. Ele orava por você com todas suas forças, emoções, posses e com todo seu coração.
Na cruz, Jesus demonstrou isso: Jesus demonstrou seu amor a Deus com todo seu coração, emoção, força e posses. Ele entregou sua vida nos quatro níveis, isso que o Shemá ensina. Amarás (orarás) o Senhor de todo seu coração, alma, forças e posses. Jesus fez isso, Ele viveu o Shemá e ensinou seus discípulos a fazer o mesmo.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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